Livro do Céu Volume 1-22
Depois de que passei algum tempo neste estado descrito acima, cerca de seis ou sete meses, os sofrimentos aumentaram mais, tanto que me vi obrigada a estar na cama. Frequentemente se multiplicava aquele estado de perder os sentidos, e quase não tinha nem uma hora livre, reduzi-me a um estado de extrema debilidade, a boca se apertava de tal modo que não podia abri-la e, em algum momento livre que tinha, apenas algumas gotas de algum líquido podia tomar, se é
29 Luísa tinha 17 anos, provavelmente depois da Novena de
Natal. Em 1883 Luísa começou a ficar de cama; lá permaneceu definitivamente aos 22 anos, em 1887. Ele confirma isso
várias vezes nos outros volumes.
que o conseguia, E depois era obrigada a devolvê-lo
pelos contínuos vômitos que costumeiramente tinha.
Depois que estive dezoito dias neste estado contínuo, mandou-se chamar o confessor para me confessar. Quando veio, encontrou-me nesse estado de letargia. Quando me recuperei, perguntou-me o que tinha, somente lhe disse, silenciando todo o resto, e como continuavam as moléstias dos demônios e as visitas de Nosso Senhor, então lhe disse: “Padre, é o demônio”. Ele me disse “para não ter medo, uma vez que, caso seja ele, o padre vai te libertar”.
Assim, dando-me a obediência, persignando-me com a cruz e ajudando-me a mover os braços, porque sentia todo o corpo petrificado como se tudo se tivesse tornado numa só peça, conseguiu que os braços retomassem o movimento. Conseguiu fazer com que a boca se abrisse depois de estar imóvel para tudo. Atribuí isto à santidade do meu confessor, que na verdade era um santo sacerdote30, considerei-o quase um milagre, tanto que dizia entre mim: “Veja, estavas prestes a morrer”. Porque na verdade me sentia mal, e se tivesse durado esse estado, eu acho que teria deixado a vida. Se bem me lembro que estava resignada e quando me vi libertada senti um certo pesar porque não tinha morrido.
Depois que o confessor se foi e eu fiquei livre, voltei ao mesmo estado de antes; e assim acontecia, às vezes semanas, às vezes quinze dias e até meses em que
30 Pe. Cosimo lo Giudice di Carlo, Agostiniano.
era surpreendida de vez em quando por aquele estado durante o dia, mas por mim mesma consegui libertar-me; depois quando era surpreendida com mais frequência, como disse mais acima, então os familiares mandavam chamar o confessor, pois tinham visto que a primeira vez tinha ficado liberta por ele quando todos acreditavam que não me haveria de recuperar mais daquele estado. E, em vez disso, até pude ir à igreja31, por causa disto chamavam o confessor e então ficava livre. Nunca me passou pela mente que para tal estado se necessitasse o sacerdote para libertar-me, nem que meu mal fosse uma coisa extraordinária; é certo que quando perdia os sentidos via Jesus Cristo, mas isto atribuía-o à bondade de Nosso Senhor e dizia para mim mesma: “Olha como o Senhor é bom para mim, que neste estado de sofrimentos vem a dar-me a força, de outra maneira como poderia sustentar-me, quem me daria a força?”
Também é verdade que quando devia cair nesse estado, na manhã da Comunhão, Jesus me dizia isso e, caindo nesse estado, d’Ele mesmo me vinham os sofrimentos, mas não dava importância a nada. Só de pensar alguma vez em dizê-lo ao confessor eu acreditava ser a alma mais soberba que existia no mundo se
31 Sua paróquia, Santa Maria Greca. Nessa época tornou-se
terciária dominicana, com o nome de Irmã Madalena. Luísa
tinha 18 anos. Este espaço retornará ao diário algumas vezes
nos escritos de Luísa.
me atrevia a falar destas coisas de ver a Jesus Cristo; e sentia tal vergonha que foi impossível dizer algo a esse confessor, apesar de bom e santo que era. Tanto é verdade que não acreditava que se necessitasse do sacerdote para me libertar e que isto acontecia pela santidade do confessor.
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