LIVRO DO CEU VOLUME 1-30
Uma nova Cruz de Luísa: sempre regurgitando os
alimentos consumidos e ao mesmo tempo passando fome.
O Confessor a proíbe de continuar no estado de vítima.
Isso me custou muito no princípio, especialmente pelas
obediências que me determinava o confessor, não sei porque,
mas queria que tomasse quinino, e tinha imposta a obediência
de que cada vez que eu tivesse vomitado outras tantas devia
voltar a tomar alimento. Agora, o quinino me estimulava o
apetite e às vezes sentia muita fome; eu tomava o alimento e
assim que o tomava, às vezes no mesmo momento de tomá-lo,
pelos contínuos episódios de vômito estava obrigada a
devolvê-lo, e permanecia com a mesma fome de antes. A
palavra “pobre” que Jesus me havia dito não me deixava ousar
pedir nada, e eu mesma tinha vergonha de pedir; e pensava
comigo mesma: “O que dirá à família: vomitou e agora quer comer?
Se me derem alguma coisa a tomo, se não, o Senhor se ocupará”.
Assim me acontecia, contente de poder oferecer alguma
coisa a meu amado Jesus. Isto não durou muito tempo, cerca de
aproximadamente quatro meses.
Um dia o Senhor me disse: “Pede ao confessor que te dê a
obediência de não tomar quinino e nem te fazer tomar o
alimento tantas vezes, que Eu lhe darei luz”. Depois veio o
confessor e contei-lhe, e ele me disse: “Para não mostrar
singularidades, de agora em diante quero que tomes o alimento uma
só vez por dia”, e suspendeu também o quinino.
Assim fiquei mais tranquila e me passou a fome, mas o
vômito não cessou, e na única vez em que tomava o alimento
era obrigada a devolvê-lo; o Senhor às vezes me dizia que
pedisse a obediência de não comer, mas o confessor nunca me
deu esta obediência, dizia-me: “Não importa que vomites, é
outra mortificação”.
Eu então o dizia ao Senhor e Ele me dizia: “Quero que faças
a petição, mas com santa indiferença, quero que te atenhas ao
que te diz a obediência”.
E assim continuei a fazê-lo. Quando passaram cerca de
quarenta dias, que eu considerava pelas palavras que me tinha
dito o Senhor (por um certo tempo) e que eu assim tinha dito
ao confessor, os sofrimentos continuaram a surpreender-me
diariamente e ele se via obrigado a vir todos os dias. Então o
confessor começou a me impor a obediência de sair daquele
estado e acrescentava que se caísse nos sofrimentos, ele não
viria. Por minha parte me sentia disposta a obedecer,
especialmente porque minha natureza queria libertar-se
daquele estar continuamente na cama, que por quão belo fosse,
era sempre cama, aquele ter que sujeitar-se a todos, mesmo nas
coisas mais repugnantes e necessárias à natureza, e estar
obrigada a dizer aos outros é um verdadeiro sacrifício. Por isso,
a natureza fez seu ofício, e se consolou inteira ao receber esta
obediência; minha alma estava disposta a obedecer ou a
permanecer em cama se o Senhor assim o quisesse, porque
tinha começado a experimentar o quão Bondoso tinha sido
comigo o Senhor e que a verdadeira resignação sabe mudar a
natureza das coisas e a amargura é convertida em doçura.
Dê seu testemunho sobre seu encontro com a Divina Vontade