LIVRO DO CEU VOLUME 1-34
Pela primeira vez a alma sai do corpo, irresistivelmente
atraída por Jesus, num sofrimento que, neste estado, Ele
comunica à alma
Agora, enquanto via Jesus com o aspecto já descrito, de sua
boca me enviou um sopro que me investia toda a alma45, e me
parecia que Jesus me atraísse com aquele hálito e comecei a
sentir que a alma saía do corpo, sentia-me realmente sair de
todas as partes, da cabeça, das mãos e até dos pés, sendo esta a
primeira vez que me sucedia; e dentro de mim comecei a dizer:
“Agora morro, o Senhor veio para me levar”. Quando me vi
fora do corpo, a alma teve a mesma sensação do corpo, com esta
diferença, que o corpo contém carne, nervos e ossos, a alma não,
é um corpo de luz, portanto senti um temor, mas Jesus
continuava a enviar-me esse alento e me dizia: “se te causa
tanta dor estares privada de Mim, agora vem junto Comigo
porque quero consolar-te”; e Jesus tomou o seu voo e eu tomei
o meu junto d’Ele, giramos por toda a abóbada do céu. Oh!
Como era bonito passear junto com Jesus! Agora apoiava a
cabeça sobre seu ombro e com um braço atrás de suas costas e
com a outra mão em sua mão, agora Jesus se apoiava em mim.
Quando chegávamos a certos lugares onde a iniquidade
mais abundava, oh, quanto sofria meu bom Jesus! Eu via com
mais clareza os sofrimentos de seu coração adorável, via-O
quase desmaiar, e lhe dizia: “Apoia-te em mim e faz-me partícipe
de tuas penas, pois não resiste minha alma ao ver-Te sofrer sozinho”.
E Jesus me dizia: “Amada minha, ajuda-me que não posso
mais”. E, enquanto assim dizia, aproximava os seus lábios aos
meus, e derramava uma amargura tal, que sentia penas mortais
quando entrava em mim esse licor tão amargo; sentia entrar
como tantas facas, pontas, flechas que me trespassavam de lado
a lado, em suma, em todos os meus membros se formava uma
dor atroz e voltando a alma ao corpo participava estes
sofrimentos ao corpo. Quem pode dizer as penas?
Só o próprio Jesus era testemunha, porque os outros não
podiam mitigar minhas penas estando naquele estado de perda
dos sentidos, e esperando quando convinha ao confessor,
porque também com a obediência se mitigavam. Portanto, só
Jesus me podia ajudar. Quando via que minha natureza não
podia mais e que chegava propriamente aos extremos e não me
restava mais que dar o último respiro,46 (oh, quantas vezes a
morte zombou de mim, mas virá um dia em que eu me rirei
dela!), então Jesus vinha, me tomava em seus braços, me
aproximava de seu coração, e oh, como me sentia voltar a vida,
depois, de seus lábios vertia um licor dulcíssimo, e assim se
anuviaram as penas.
Dê seu testemunho sobre seu encontro com a Divina Vontade