LIVRO DO CÉU VOLUME 1-41
Dor e amargura insuportável de Luísa de ter que viver
ainda na prisão de seu corpo, exilada de sua terra natal
Quem pode dizer o quão amargo foi este retorno?
A mim me parecia, pelas coisas do Céu, que as desta Terra tudo era
podridão, insípido e fastidioso; as coisas que tanto deleitam aos
demais, para mim eram amargas, as pessoas mais amadas, mais
respeitáveis – que os demais para entreter-se com elas, quem
sabe o que teriam feito – a mim me resultavam indiferentes e
até fastidiosas. Só vendo-as como imagens de Deus me parecia
que podia suportá-las, mas minha alma tinha perdido toda
satisfação, nada lhe dava a menor sombra de contentamento, e
era tanta a pena que eu sentia que não fazia mais do que chorar
e lamentar-me com meu amado Jesus.
Ah! Meu coração vivia inquieto, entre contínuas ânsias e
desejos, me sentia mais no Céu que na terra, sentia em meu
interior uma coisa que me corroía continuamente, tanto, que me
resultava amargo e doloroso ter que continuar vivendo.
Mas a obediência pôs um freio a estas minhas penas,
mandando-me absolutamente que não desejasse morrer, e que
só deveria morrer quando o confessor me determinasse por
obediência. Então, para cumprir esta santa obediência, fazia
tudo quanto podia para não pensar nisso, porque no meu
interior havia uma contínua jaculatória que era o desejo de
querer partir. Assim, em grande parte meu coração se acalmou,
mas não de todo. Confesso a verdade, muito faltou nisto, mas
o que podia fazer? Não sabia deter-me, para mim era um
verdadeiro martírio.
Meu benigno Jesus me dizia:
“Acalma-te, qual é a coisa que tanto te faz desejar o Céu?”
E eu lhe dizia:
“Porque quero estar sempre unida Contigo, minha
alma não resiste mais estar separada de Ti, nem por um só dia, nem
sequer por um momento, por isso a qualquer custo quero ir”.
“Pois bem”.
Dizia-me.
“Se é por Mim te quero contentar, virei a estar contigo”.
Eu lhe dizia:
“Mas logo me deixas e eu te perco de vista, em troca
no Céu não é assim, lá jamais te perderei de vista”.
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