LIVRO DO CÉU VOLUME 1-42
Heroísmo de Luísa, aceitando voltar ao seu corpo na
Terra e deixando o Céu muitas vezes
Às vezes também Jesus queria brincar, e eis como:
enquanto estava com estas ânsias, vinha apressado e me dizia:
“Queres vir?”
E eu lhe dizia:
“Onde?”
Respondia:
“Ao Céu”.
Replicava:
“Dizes-me de verdade?”
A resposta:
“Apressa-te, vem, apressa-te”.
E eu:
“Está bem, vamos, mas temo que queiras brincar comigo”.
E Jesus:
“Não, não, de verdade quero levar-te Comigo”.
E enquanto assim dizia sentia minha alma sair do corpo, e
junto com Jesus tomava voo ao Céu. Oh! Como me sentia
contente então acreditando que devia deixar a terra, a vida me
parecia um sonho, um pouquíssimo sofrer.
Enquanto chegávamos a um ponto alto do Céu, e eu ouvia o
canto dos bem-aventurados, eu apressava Jesus a me introduzir
nessa bem-aventurada morada, mas Jesus o tomava com calma.
Em meu interior começava a suspeitar que não era verdade e
dizia:
“Quem sabe se não é uma brincadeira que me fez?”
De vez em quando lhe dizia:
“Meu Jesus, amado, fá-lo depressa”.
E Ele me dizia:
“Espera um pouco mais; desçamos outra vez à terra, olha,
aí está por perder-se um pecador,
vamos, talvez se converta. Peçamos juntos ao Eterno Pai que
tenha misericórdia dele. Não queres que ele seja salvo? Não
estás disposta a sofrer qualquer pena pela salvação de uma só
alma?”
E eu:
“Sim, tudo o que quiseres que eu sofra, estou disposta, desde
que a alma salves”.
Assim íamos a esse pecador, tentávamos convencê-lo,
púnhamos ante sua mente as mais fortes razões para rendê-lo,
mas em vão. Então Jesus, todo aflito, me dizia:
“Minha esposa, volta outra vez a teu corpo, toma sobre ti as penas que lhe são
merecidas, assim a Divina Justiça, aplacada, poderá usar com
ele misericórdia. Viste, as palavras não o abalaram, nem
sequer as razões, não lhe resta outra coisa que as penas, que
são os meios mais poderosos para satisfazer a Justiça e para
render o pecador”.
Assim me levava de volta ao corpo. Quem pode dizer os
sofrimentos que me vinham? Só o Senhor o sabe, porque deles
era testemunha. Depois de alguns dias me fazia ver aquela alma
convertida e salva, oh, como estava contente Jesus e eu também!
Quem pode dizer quantas vezes Jesus fez estes jogos?
Quando se chegava ao ponto de entrar no Céu, e às vezes
mesmo depois de ter entrado, então dizia que não tinha a
obediência do confessor, e por isso era conveniente voltar à
Terra, e eu lhe dizia:
“Enquanto estive com o confessor fui obrigada
a obedecer-lhe, mas agora que estou Contigo, devo obedecer-te a Ti,
porque Tu és o primeiro de todos”.
E Jesus dizia-me:
“Não, não, quero que obedeças ao confessor”.
Então, para não me alongar muito, ora por um pretexto, ora
por outro, fazia-me voltar à Terra. Muito dolorosos me
resultavam estes jogos, basta dizer que me tornei tão
impertinente, que o Senhor para castigar minhas
impertinências não permitia tão frequentemente estas
brincadeiras.
Dê seu testemunho sobre seu encontro com a Divina Vontade