LIVRO DO CÉU VOLUME 1-43
Jesus Cristo prepara Luísa para renovar o Matrimônio
Místico, no Céu, sancionado pelas SS. Trindade. Por isso
Ele lhe fala das três virtudes teologais: a Fé.
Neste estado que mencionei, passei cerca de três anos, e
ainda estava na cama. Quando uma manhã Jesus me fez
entender que queria renovar o matrimônio mas não já na Terra
como da primeira vez, mas no Céu diante da presença de toda
a corte Celestial, assim que estivesse preparada para uma Graça
tão grande. Eu fiz tanto quanto pude para dispor-me, mas que,
sendo eu tão miserável e insuficiente para fazer qualquer
sombra de bem, se necessitava a mão do Artífice Divino para
dispor-me, porque por mim jamais teria conseguido purificar
minha alma.
Uma manhã, era a véspera da natividade de Maria
Santíssima, meu sempre benigno Jesus veio Ele mesmo para
me dispor. Não fazia mais que ir e vir continuamente, uma hora
me falava da fé e me deixava, e eu sentia infundir uma vida de
fé na minha alma.
Minha alma, rude como a sentia antes, depois do falar de
Jesus a sentia levíssima, de modo a penetrar em Deus; e ora
olhava a Potência, ora a Santidade, ora a Bondade e seus demais
atributos, e minha alma ficava estupefata, num mar de espanto
e dizia:
“Poderoso Deus, que poder diante de Ti não fica desfeito?
Santidade imensa de Deus, que outra santidade por quão sublime seja,
ousará comparecer perante Tua presença?”
Depois sentia-me voltar a mim mesma e via o meu nada, a
insignificância das coisas terrenas, e como são nada diante de
Deus. Eu me via como um pequeno verme todo cheio de pó que
me arrastava para dar algum passo e que para me destruir não
era preciso senão que alguém me pusesse o pé em cima, e com
isso ficava desfeita. Então, vendo-me tão feia, quase não me
atrevia a ir perante Deus, mas Sua Bondade se apresentava
diante da minha mente, e me sentia atraída como por um ímã
para ir até Ele e dizia entre mim:
“Se é Santo, também é Misericordioso; se é Poderoso,
contém também em Si plena e suma
Bondade”.
Parecia-me que a bondade o circundava por fora, e o
inundava por dentro. Quando olhava a Bondade de Deus me
parecia que ultrapassava a todos os outros atributos, mas
depois, olhando para os outros, via-os todos iguais em si
mesmos, imensos, incomensuráveis e incompreensíveis à
natureza humana.
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