Livro do Céu Volume 1-53
Uma manhã, 14 de setembro de 1899, era o dia da Exaltação à Santa Cruz, o meu doce Jesus transportou-me aos lugares santos, mas antes disse-me tantas coisas da virtude da Cruz, (não me lembro de tudo, apenas alguma coisa): “Amada minha, queres ser bela? A Cruz te dará os traços mais belos que se podem encontrar tanto no Céu como na terra, tanto de apaixonar a Deus que contém em Si todas as belezas”.
E continuava Jesus: “Queres tu estar cheia de imensas riquezas, não por breve tempo, mas por toda a eternidade? Pois bem, a Cruz te fornecerá todas as espécies de riquezas, desde os mínimos centavos, como são as pequenas cruzes, até as maiores somas, que são as cruzes mais pesadas; porém os
homens que são tão ávidos por ganhar um centavo temporal, que logo deverão deixar, não se preocupam em adquirir um centavo eterno, e quando Eu, tendo compaixão deles – vendo sua despreocupação por tudo o que se refere ao eterno – benignamente lhes ofereço a oportunidade, em vez de apreciá-la, se indignam e me ofendem; que loucura humana, parece que a entendem ao contrário!
Minha dileta, na Cruz estão todos os triunfos, todas as vitórias e as maiores aquisições, para ti não deve haver outro alvo senão a Cruz, e esta te bastará por tudo.
Hoje quero te contentar, aquela Cruz que até agora não bastava para poder te estender e crucificar-te completamente, é a cruz que tens levado até agora, portanto, devendo crucificar-te completamente, tens necessidade de que faça descer novas cruzes sobre ti, então aquela Cruz que até agora levaste a levarei ao Céu para mostrá-la a toda a corte celestial como penhor de teu amor, e outra maior farei descer do Céu para poder satisfazer meus ardentes anseios que tenho sobre ti”.
Enquanto Jesus dizia isto, apresentou-se diante de mim aquela Cruz que tinha visto outras vezes, eu tomei-a e estendi-me sobre ela; enquanto estava assim abriu-se o Céu e dele desceu o evangelista João, e trazia a Cruz que Jesus me tinha indicado; a Rainha Mãe e muitos anjos, quando chegaram junto a mim, tiraram-me de cima daquela Cruz e puseram-me sobre a que me tinham trazido, muito maior. Um anjo tomou aquela cruz de antes e levou-a para o Céu. Depois disso, Jesus com suas próprias mãos começou a me pregar sobre aquela Cruz, a Mamãe Rainha me assistia, os anjos e São João proporcionavam os pregos. Meu doce Jesus mostrava tal contentamento e alegria ao crucificar-me, que só por dar essa alegria a Jesus não só teria sofrido a Cruz, mas outras penas ainda.
Ah, me parecia que o Céu fazia nova festa por mim ao ver o contentamento de Jesus!
Muitas almas do Purgatório foram libertas, embarcando no voo para o Céu, e alguns pecadores foram convertidos, porque meu Divino Esposo a todos fez partícipes do bem de meus sofrimentos. Além disso, quem pode dizer as dores intensas que sofri ao estar bem estendida sobre a Cruz e ao serem trespassadas as mãos e os pés com os pregos? Mas especialmente nos pés era tanta a atrocidade das penas, que não podem ser descritas.
Quando terminaram de me crucificar e eu me sentia nadando no mar das penas e das dores, a Mamãe Rainha disse a Jesus: “Meu filho, hoje é um dia de graça, quero que lhe participe todas tuas penas. Não lhe resta outra coisa que lhe atravessar o coração com a lança e lhe renovar a coroa de espinhos”.
Então Jesus tomou a lança e me transpassou o coração de lado a lado, os anjos tomaram uma coroa de espinhos muito densa, deram-na na mão da Santíssima Virgem, e Ela mesma cravou-me à cabeça.
Que dia memorável foi para mim! De dores, sim, mas também de contentamentos, de penas indizíveis, mas também de alegrias. Basta dizer que era tanta a força das dores, que Jesus todo esse dia não se moveu do meu lado para sustentar minha natureza que desfalecia pela intensidade das penas. Aquelas almas do purgatório, que tinham voado para o Céu, desciam junto com os anjos e rodeavam minha cama, me recreando com seus cânticos e agradecendo afetuosamente que por meus sofrimentos as havia liberado daquelas penas.
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