Livro do Céu Volume 1-55
Outras vezes, renovando o meu doce Jesus estas crucifixões, recordo que me disse: “Amada minha, a Cruz faz distinguir os réprobos dos predestinados. Bem como no dia do juízo os bons se alegrarão ao ver a cruz, assim desde agora se pode ver se algum se salvará ou se perderá: se ao apresentar-se a Cruz a alma a abraça, com resignação a leva, com paciência a beija e agradece à mão que a envia, é sinal de que é salvo; se ao contrário, ao apresentar-se a cruz irrita-se, despreza-a e até me ofende, pode-se dizer que é um sinal de que essa alma se encaminha pela via do inferno; assim farão os réprobos no dia do Juízo, que ao ver a Cruz se afligirão e blasfemarão.
A Cruz diz tudo. A Cruz é um livro que sem engano e a claras notas te diz e te faz distinguir o santo do pecador, o perfeito do imperfeito, o fervoroso do morno. A Cruz comunica tal luz à alma, que desde agora não só faz distinguir o bom do réu, senão faz conhecer quem deve ser mais ou menos glorioso no Céu, quem deve ocupar um posto superior ou um posto menor. Todas as outras virtudes estão humildes e reverentes diante da virtude da Cruz, e enxertando-se com ela recebem maior brilho e esplendor”.
Quem pode dizer que chamas de desejos ardentes punha em meu coração este falar de Jesus? Sentia-me devorar pela fome de sofrer, e Ele para satisfazer minhas ânsias, ou bem para dizê-lo melhor, o que Ele mesmo me infundia, renovava-me a crucificação. Recordo que às vezes, depois de renovadas estas crucifixões me dizia: “Amada do meu Coração, desejo ardentemente não só crucificar-te a alma e comunicar-te as dores da Cruz ao corpo, mas desejo selar-te também o corpo com o selo das minhas chagas, e quero ensinar-te a oração para obter esta graça, a oração é esta: Eu me apresento diante do trono supremo de Deus, banhada no sangue de Jesus Cristo, pedindo-lhe que, pelo mérito de suas elevadíssimas virtudes e de sua Divindade, me conceda a graça de crucificar-me”.
E eu, apesar de que sempre tive aversão a tudo o que pode aparecer exteriormente, como ainda o tenho, no ato
em que Jesus dizia isto me sentia infundir tal anelo de satisfazer o desejo que Ele mesmo expressava, que também me atrevia a dizer a Jesus que me crucificasse na alma e no corpo, e algumas vezes lhe dizia: “Esposo Santo, coisas exteriores não gostaria, e se alguma vez me atrevo a dizê-lo, é porque Tu mesmo me dizes, e também para dar um sinal ao confessor de que és Tu quem operas em mim. De resto, não queria outra coisa senão que aquelas dores que me fazes sofrer, quando me renovas a crucificação, fossem permanentes; não queria essa diminuição depois de algum tempo, e só isso me basta, e que da aparência externa, quanto mais o possas manter oculto, tanto mais me contentará”.
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