LIVRO DO CÉU VOLUME 4-152
17 de Novembro de 1902
4-152 Impossibilidade de perder os sentidos. É decreto da Vontade de Deus servir-se do sacerdote para recuperá-la do estado de sofrimento.
(1) Sendo a hora de ser surpreendida por meu habitual estado, com grande amargura minha, mas amargura tal que semelhante não senti em minha vida, minha mente não sabia mais perder os sentidos. E minha vida, meu tesouro, Aquele que formava todo meu gosto, meu todo amável Jesus não vinha, tratava de me recolher por quanto podia, mas sentia tão desperta minha mente que não podia perder os sentidos, nem dormir, por isso não fazia outra coisa que tirar o freio às lágrimas, fazia o que podia para seguir em meu interior o que fazia no estado de perda dos sentidos, e uma por uma recordava os ensinamentos, as palavras do modo como devia estar sempre unida com Ele, e estas eram tantas flechas que feriam meu coração acerbamente dizendo-me: “Ai! depois de quinze anos que o viste cada dia, quando mais, quando menos, quando três ou quatro vezes, e quando uma, quando te falou e quando em silêncio, mas sempre o viste; mas agora o perdeste, não o vês mais, não ouves mais sua voz doce e suave, para ti tudo acabou. E meu pobre coração se enchia tanto de amarguras e de dor, que posso dizer que meu pão era a dor e minha bebida as lágrimas, e tão saciada estava delas que nem uma gota de água entrava na minha garganta. A isto se acrescentava outro espinho, que muitas vezes tinha dito a meu adorável Jesus: “Quanto temo que meu estado seja toda fantasia minha, que seja fingimento!
(2) E Ele me dizia: “Tira estes temores, depois verás que virão dias que a custo de qualquer esforço e sacrifício que quererás fazer para perder os sentidos, não o poderás fazer”.
(3) Apesar de tudo isto sentia calma em meu interior, porque ao menos obedecia, se me custava a vida. De onde acreditava que assim deviam continuar as coisas, convencendo-me de que o Senhor, como não me queria mais naquele estado, tinha-se servido de Monsenhor para me dar essa obediência. Então, depois de ter passado dois dias, à noite eu me dispunha a fazer a adoração ao crucificado, e um raio de luz se fazia ante minha mente, me sentia abrir o coração, e uma voz me dizia:
(4) “Por poucos dias te terei suspensa, e depois te farei cair de novo”.
(5) E eu: “Senhor, far-me-ás tu voltar a mim, se me fizeres cair?”
(6) E a voz: “Não, é decreto de minha Vontade servir-me da obra do sacerdote para fazer-te recuperar desse estado de sofrimentos, e se querem saber o porquê, que venham a Mim perguntar-me. Minha Sabedoria é incompreensível e tem muitos modos inusitados para a salvação das almas, e se bem incompreensível, se querem encontrar a razão, vão ao fundo que a acharão clara como o sol. Minha justiça é como uma nuvem carregada de granizo, trovões e flechas, e em você encontrava um dique para não descarregar sobre os povos, por isso não querem antecipar o tempo de minha ira”.
(7) E eu: “Só para mim estava reservado este castigo, sem esperança de ser libertada; fizestes tantas graças às demais almas, sofreram tanto por amor vosso, porém não tinham necessidade de nenhuma obra de sacerdote.
(8) E a voz continuou: “Serás libertada, não agora, mas quando começarem os estragos na Itália”.
(9) Isto tem sido para mim novo motivo de dores e de lágrimas amargais, tanto que meu Caríssimo Jesus, tendo compaixão de mim, moveu-se dentro de mim, pondo-se como um véu diante do que me dissera, e sem fazer-me ver me fazia ouvir a sua voz que dizia:
(10) “Minha filha, vem a Mim, não queiras afligir-te, afastemos um pouco a justiça, demos lugar ao amor, de outra maneira sucumbes; escuta-me, tenho tantas coisas para te ensinar, crês tu que acabei de te falar? Não”.
(11) E como eu chorava, tendo-se tornado meus olhos em dois rios de lágrimas acrescentou:
(12) “Não chores, amada minha, escuta-me, esta manhã quero ouvir a missa junto contigo, ensinando-te o modo como deves ouvi-la”.
(13) E assim Ele dizia e eu o seguia, mas como não o via meu coração era despedaçado continuamente pela dor, e para interromper de vez em quando meu pranto, chamava-me continuamente, agora me ensinando alguma coisa da Paixão, explicando-me o significado, e agora me ensinava a fazer o que fazia em seu interior no curso de sua Paixão, que por agora Omito escrever, reservando-o para outro tempo se Deus quiser. Assim tenho continuado por outros dois dias.
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