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N. SENHORA DAS LAGRIMAS
( Seu significado)
DESTlNANDO-SE o presente livro a cantar as glorias, os louvores e o poder de 1faria Santíssima em intima connexão com o suggestivo titulo “Nossa Senhora das Lagrimas”, à guisa de prefácio damos a seguir a sua origem e o seu piedoso e real significado.
NOSSA Senhora das Lagrimas! Eis ai um belo título e titulo de gratidão para com Aquela, que, ao pé da Cruz, nos gerou seus filhos, como fruto de suas dores, em angustiosa compaixão, acompanhando o Divino Redentor da humanidade em sua Paixão e santa Morte no alto do Calvario.
Abramos o Evangelho de S. João, aí vemos Jesus, em seus últimos momentos de vida, fazer como que o seu grande testamento.
Para testar é mister, que haja herança para deixar e a quem deixar. Quais os legados, porém, de que Jesus deveria dispôr, ao sentir caridoso de sua missão divina e realisada no mundo?
Jesus, no generoso plano da redenção, depois da grande graça àa salvação com que presenteou os homens, devia legar um rico thcsouro, que era sua Mãe, e tambem as almas, como frutos de uma conquista, que lhe custou o sangue, a propria vida!
O Divino Redentor, que no Cenáculo, já se havia dado aos homens na divina Eucaristia, como fonte de amor e santificação, a irradiar-se pelo mundo em busca dos coraçõcs de boa vontade, do alto da Cruz, aplacando a justiça divina e no interesse da Igreja, que veio fundar, ultimou o seu testamento, legando os troféus de sua vitória, os homens, ao cuidado de sua Mãe, quando lhe disse: Mulher, eis aí teu filho.
Se com o amor de Pai, Jesus não quiz deixar orfãos os homens, entregando-os à Maria, por outro lado, com amor Glorias e Poder de N. Senhora das Lagrimas, seu filho zeloso pelas glorias de sua Mãe, legou-a ao discipulo dizendo: Eis ai tua Mãe.
Embora, nos primeiros tempos, muitos tomassem à letra o significado dessas deixas, pouco mais tarde, entre os padres da Igreja, com felicidade, vingou o verdadeiro significado dessas solennes palavras de Jesus na Cruz.
Era realmente o seu testamento espirtual, com vistas ao seu plano salvador das almas.
Dizendo a Maria: Eis aí o teu filho e ao Discípulo:
Eis aí tua Mae, Jesus queria, no seu amor generoso, constituir os homens todos como filhos de sua santa Mãe, formando essa grande familia, onde brotariam almas mimosas, imitadoras das virtudes de Maria e herdeiras de seu Reino eterno.
Sofrendo e morrendo para aplacar a justiça de seu Pai, quiz Jesus criar um Tesouro de misericordia para, apagando os peccados, atrair os homens para o seu perdão.
Constituindo esse Tesouro em seu Coração, ardendo em chamas de amor pela salvação das almas, certamente, e como os factos comprovam, entrou no plano de Jesus, entregar a chave do mesmo ás mãos de Maria Santissima.
Foi sem dúvida nesse santo propósito que, Deus, depois de pedir a cooperação de : Maria no mistério da encarnação, quis ainda a sua real participação na distribuição dos méritos da Paixão e Morte do Redentor. Por isso com as suas palavras: Eis aí o teu filho, quis Jesus que, no meio das
grandes angústias de sua alma intimamente unida à Cruz, Maria gerasse a todos os homens como seus filhos, o que claramente se confirmou em seguida ao entregá-la ao Discípulo, quando disse: Eis aí tua Mãe.
E assim, nova raça de filhos Maria acabava de receber para seu maternal coração; pois, o Evangelho com muita expressão diz que Jesus não falou a João, mas, sim, ao Discípulo: Eis aí tua Mãe.
Na palavra Discipulo estavam certamente representados todos os homens redimidos por Jesus; e se outra fosse a intenção de Nosso Senhor, Ele à Nossa Senhora chamaria Maria ou Mãe, e ao Discípulo João, o que ali não aconteceu.
Foi, pois, como ficou dito, quando junto á Cruz estava Maria, que Jesus publicou o seu belo testamento.
Acompanhando os derradeiros momentos, de seu mimoso Filho, tão incompreendido dos homens e tão ferozmente maltratado pelos seus algozes, vendo ainda como tantas almas desprezariam o valor de seu Sangue tão precioso e por ellas derramado; em tão graves circunstâncias, negará
alguém que terríveis angustias hajam invadido o coração de Maria e que um oceano de dores haja agitado sua alma, tão nobre e tão rica do belo amor?
Foi a própria Virgem Maria, que com celeste visão em 1240 confiou aos fundadores da Ordem dos Servitas a propagação do culto de suas Dores, certamente para sígnificar e lembrar os momentos afflictivos e a grande pena de sua alma ao pé da Cruz, soffrendo por Jesus em agonia e pelos
homens ingratos, que não aproveitariam da graça da redenção !
Mas, passam-se os tempos, viram-se as páginas dos séculos, e chegamos a uma época, em que podemos dizer que o título de Nossa Senhora das Dores não constituiu a ultima expressão de seu sofrer e de sua compaixão ao pé da Cruz. Por santa e piedosa evolução, um novo título foi dado à corredentora da humanidade. Nossa Senhora das Lágrimas é o ultimo qualificativo que alcança uma maior extensão, para piedosamente compreendermos e publicarmos as dores e o amor de Maria pelos homens.
Ha tantas dores que se .supportam dentro de certo limite; mas, quando ellas são excessivas, dá-se o seu transbordamento pelas lágrimas, que, por isso mesmo, se constituem em imagem viva da dor !
Assim como o simples açoite faz derramar sangue, assim também o açoite da dor faz verter lágrimas.
Ha também açoites amorosos que fazem derramar lagrimas, como aconteceu a Jesus, que açoitado pelo amor chorou junto do túmulo de Lázaro !
Jesus chorou sobre Jerusalem, tão grande era a dor de sua alma, diante da ingratidão dos seus habitantes e dos tremendos castigos, que estavam provocando!
Se tão sensível era a alma de Jesus junto ao túmulo de seu amigo, como quando antevia a desgraça que pesaria sobre a cidade deicida, não devemos negar á sua gloriosa Mãe essa mesma sensibilidade, negando-lhe o dom das lágrimas, sinal de maxima dor, como prova de seu singular amor pelos homens.
Se todas as mães, com muita razão choram ao perder os seus entes queridos, como negar que Maria haja. chorado ao ver o seu Jesus, um pedaço de sua alma, tão maltratado, e morrendo como um criminoso na Cruz!
Se Jesus, como obra divina, estava feito para amar e sofrer mais que os outros homens, o mesmo diremos do coração maternal de Maria, creado e afinado para maior sensibilidade nas suas dôres e no seu amor.
É por isso que, dando a Maria o título de Nossa Senhora das Lagrimas, entendemos gravar, na coroa de seus grandes privilégios e de seus méritos sem fim, a mais preciosa gema, como símbolo mais expressivo de sua dor e de seu amor por Jesus e pelos homens.
Sim, Maria chorou vendo Jesus morto e desprezado, chorou para merecer a conversão dos pecadores, chorou para lhes abrir as portas do céu, chorou pela santificação de todos.
A dôr e o amor de Maria não podiam ser uma fantasia, mas, sim, uma grande realidade, por isso todos os homens devem bem dizer as lágrimas daquela, a quem melhor do que todas as criaturas, coube o maior elogio, que uma vez saiu da boca de Jesus: Mais bem aventurado é quem
ouve, guarda e pratica a Palavra de Deus.
E quem, repitamos o pensamento, quem, melhor que Maria, ouviu, guardou e praticou a Palavra de Deus?
Eis, porque, com toda razão, somos obrigados a reconhecer mais esse titulo glorioso, Nossa Senhora das Lágrimas, com que honramos a criatura mais perfeita e mais santa, que saiu das mãos de Deus.
Nossa Senhora das Lágrimas quer dizer mãe de misericordia; Nossa Senhora das Lagrimas quer dizer mãe dos que gemem e choram; Nossa Senhora das Lagrimas significa mãe amorosa e que se compadece de todos que a Ela recorrem; Nossa Senhora las Lágrimas significa que ainda hoje chora os desvarios dos pobres peccadores no coração dos seus filhos e servos fieis.
Assim como as vítimas puras continuam a sofrer a Paixão de Jesus, assim os servos fieis de Maria chorariam até o fim a ingratidão de tantos seus filhos, que não a querem por mãe!
Nossa Senhora das Lagrimas é ainda Aquela mulher forte que na sua Soledade soube aconselhar os discípulos de Jesus, fortificando a Igreja nascente, dando animo e assistência aos apóstolos, para firmes na fé darem sua vida por Jesus.
Como se compreende do que acima ficou dito, abundantemente está provado não só o belo significado do título – Nossa Senhora das Lágrimas, que demos à gloriosa Mãe de Deus, como ainda ficou demonstrado que esse título se impõe à nossa devoção, como símbolo maximo da dor do amor aninhados no dulcissimo Coração de Maria.
Esse título, aliás tão sugestivo pelo seu piedoso significado, mais que outros muitos nomes e devoções a Nossa Senhora, tem ainda o seu fundamento na Corôa das Lagrimas piedosamente inspirada a uma digna Missionaria de Jesus Crucificado, como se fôra um desdobramento da “Mãe lacrimosa e Fonte das lagrimas” tílulos esses da ladainha de Nossa Senhora das Dores, composta por Pio VII ou um incentivo à devoção que em Bolonha se vota á Virgem das Lagrimas.
E como prova da legitimidade deste titulo e dessa devoção ahi está a acceitação plena, espontânea e geral da reza da sua Corôa e da procura de sua medalha.
Para mais de quinhentos mil exemplares da Corôa em vários idiomas, para mais de duzentas mil medalhas e mais de quinhentos imagens sob o glorioso título de Nossa Senhora das Lágrimas, em cerca de dois anos, já andam correndo o mundo!
Milhares de famílias em cadeia perpetua, diariamente, e por amor a Maria, rezam em comum a Coroa de Nossa Senhora das Lágrimas !
E como se não bastasse tudo isso, temos ainda registrado centenas de graças espirituaes e temporaes alcançadas de norte ao sul do Brasil, mediante a reza da Coroa e a devoção à medalha de Nossa Senhora das Lágrimas e Jesus Manietado, que, como símbolo da mansidão para salvação do mundo, quer reinar em nossos corações, com as bençams e o patrocinio de Maria, a Medianeira de todas as graças.
E se, depois dessas considerações, ainda houvesse algumas almas perplexas e tímidas diante desse novo titulo e a devoção dela decorrente, acrescentáriamos o parecer do grande Doutor da Igreja, S. Afonso de Ligório que assim fala: Quando alguma sentença e de algum modo honrosa á
S. Virgem e tem algum fundamento, sem se opôr a Fé nem aos decretos da Igreja, nem à verdade, não a seguir e contradizê-la, pela razão que a sentença contrária pode ser verdadeira, denota pouca devoção para com a Mãe de Deus!
Ora, segundo a doutrina do grande Doutor, no titulo de Nossa Senhora das Lágrimas e na sua devoção nada se encontra que seja contrario á Fé ou aos decretos da Igreja.
Antes, esse novo nome, significando as virtudes, os méritos e a compaixão de Maria, em união com os méritos e a paixão de Jesus, vem confirmar apenas a devoção já secular e aprovada na Igreja – a devoção de Nossa Senhora das Dores, da qual ele é a sua maxima expressão.
Dom FRANCISCO DE CAMPOS BARRETO, Bispo de Campinas.
GLORIAS E PODER DE N. S. DAS LAGRIMAS, DO TESOURO ESPIRITUAL DO INSTITUTO DAS MISSIONARIAS
DE JESUS CRUCIFICADO.
Maria, consoladora dos aflitos. Mãe Dolorosíssima, na verdade sois a Mãe carinhosa, que sabe consolar os que choram! Por este motivo, ó Mãe amada, é que hoje a vós recorro … No meio deste deserto em que me acho, venho implorar vossa maternal bondade!. . . Quem me valerá, se vós me desamparardes?
Ó querida Mãe, apiedai-vos de mim; vê de como minha alma geme debaixo deste terrível peso! 0′ Mãe querida, vós bem sabeis que eu não quero fugir da cruz; o que vos peço nesta hora de aflição, é que não me abandoneis nas mãos de meus inimigos infernais. Como eles me rodeiam!
Como me querem tirar a paz e a tranquilidade de minha alma!. . . O’ Mãe querida, como é terrivel o inferno! Si neste mundo sofrer seus ataques é tão terrivel, o que não serão os suplicias eternos?! Apiedai-vós de mim, vós, que sois a fortaleza dos que lutam, vós que sois a Mãe de misericórdia. Vêde, Ó Maria, que me faltam as forças, sou tão fraquinha! Vós porém que sois tão poderosa, vós que esmagastes a cabeça do inimigo, triunfai nesta hora, sacudi este jugo terrivel, que me quer afastar da intimidade de Vosso Divino Filho! Ah! vós bem sabeis como me tira da oração, como me leva a fazer aquilo que eu não quero! A minha vontade, vós bem a sabeis, é fazer a vontade de Jesus representada por meus superiores, entretanto, se a vontade de Jesus fôr que eu deva suportar estas terríveis tentações, até a hora de minha morte, direi, fiat! Mas si não for vontade de Jesus, fazei que me larguem. Em tudo e sempre direi: Para sempre seja louvada a santíssima vontade de meu Deus.
Ó Maria, sêde sempre meu refúgio, Ó Maria, jamais me abandoneis para que um dia possa cantar as vossas Misericórdias, proclamando mesmo neste exilio: Maria é meu sustentáculo ! Maria é minha força! Amém.
2 – 1-1930.
Maria, Mãe das Missionarias
FILHINHA. Eu sou tua Mãe do Calvário. Meu nome é Maria, Mãe de Jesus Crucificado. Visto-Me com a alvura dos lírios, meu manto azul é tecido e preparado com os sacrificios e dores, que passei na rua da amargura! Por isso, filhinha, é que vos vesti com a cor das vestes de vossa Mãe, por Ela confeccionadas com sacrificios e amarguras!
Fui Eu, filhinha, quem inspirou esta côr, pois a vossa missão é a minha e a minha é a vossa. Vesti-vos, filhas mimosas, com o manto real do sacrificio, pois foi com ele que se vestiu vossa Mãe Maria, Mãe de Jesus do Calvário.
Maria, vossa Mãe.
Cantar eu quero, ó Maria, as tuas glórias qual Virgem, Mãe do belo amor, cantar eu quero cada dia as tuas glórias até morrer; e depois da minha morte, voltar à terra quero ainda, ó Mãe querida, para dizer à todos que vós sois mãe, mãe carinhosa, mãe amável, mãe compassiva, que a todos acolheis sem exceção; e que aos vossos servos dá, já neste mundo, parcelas do paraíso.
Sim, ó Mãe querida, eu bem o sei, como aos vossos servos beneficiais. Oh! que Mãe tão amavel ! Ó pecadores, recorrei a esta Mãe ! Olhai como em suas mãos estão os tesouros do Coração de seu amado Filho Jesus! Vinde depressa, vós que vos achais na dor, recorrei a Maria, que ela saber-vos-á
curar. Vinde sem demora que ela está ansiosa por vos beneficiar. Ó Maria, Mãe querida, se os homens vos conhecessem! . . . Deixai vossa pobre filha cantar vossas glórias.
Deixai-me falar aos pecadores que a vós recorram, porque vós ansiosa os esperais para lhes mostrar o Coração aberto do vosso amado Filho Jesus. Vós. sabeis ó Maria, publicar o quanto é bom amar e sofrer pelo bem amado Jesus!
Oh! quem me dera, Mãe querida, que todos os justos e pecadores pudessem me ouvir! Dizer-lhes quero que sois Mãe compassiva, que sabe amenizar a dor, que sabe mostrar o quanto Jesus é bom! Mas, ó Maria, vossa filha, tão ignorante e obscura, nada pode fazer. Fica meu desejo aqui aos vossos pés.
Sim, porque sou tão pequenina, devo contentar-me com o desejo que tenho de fazer-vos conhecida!
Quando no céu estiver, Maria, hei de voltar; sim, hei de voltar á terra e aos corações empedernidos, lhes hei de segredar: Vinde a Maria, vinde a Maria, que ela é a escada que conduz a Jesus!
Sim, isto hei de fazer; não é presunção, porque eu sei que nada posso, mas confiada em vós, vossas glorias hei de cantar!
Vossa filha pequenina!
16-7-1930.
O Farol à meia noite.
PERGUNTEI um dia ao bom Deus: Porque certas almas que vivem no vosso amor temem a morte? Não é ela a porta para o Paraiso? Eis que o bom Deus me respondeu: Minha filha, a morte é temivel porque ela é castigo do peccado; é temivel em si, mas escuta o que te vou dizer: Eis que há um
farol que ilumina: ¨Minha Mãe!” No meio das ânsias da morte, quando o inimigo se levanta com mais ferocidade para roubar-me estas almas queridas, eis que minha Mãe, no meio deste mar agitado, brilha, qual luzeiro luminoso, e mostra-lhes que é mãe também dos pecadores e Mãe
dos aflitos! Mostra-lhes que ela é minha mãe, e que há de advogar sua causa ante o tribunal das contas!
Ah! filha, o que te quero explicar não é bem isto! O que te quero dizer é que se meus filhos, quando rezam, rezassem bem, não temeriam a morte!
Quando recitam “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós peccadores, agora e na hora de nossa morte”, Ah! se rezassem bem na vida, não temeriam a morte!
Ah! quem é verdadeiro devoto de minha Mãe, morre com o sorriso nos lábios, porque ela assiste na hora da morte a todos os meus filhos. Aos seus devotos ela sorri, porque nesta hora suprema os verdadeiros devotos seus, já tem a ventura de a ver; aos pobres pecadorcs, porém, para não morrerem impenitentes, ela vem assistir para ver se ainda consegue abrandar seus corações emperdenidos, pois estes pobres não tem a ventura de a ver, porque se acham no pecado!
Ah! minha filha, quão bom é ser devoto de minha:Mãe! Como me alegram os corações que nela confiam, porque ainda tenho a esperança de os salvar! Sim, quem confia em minha Mãe não pode cometer o pecado, porque quem ama a Mãe não quer desprezar o Filho. Além disso, quem confiar nela, já me ama, porque não se pode confiar em quem não se conhece, e quem conhece as qualidades de Maria tem de me dar honra e gloria, porque tudo que pertence a Maria é meu, fui eu que assim a preparei!
O’ Mãe, que tanto amo e na qual acho minhas delicias.
Ah! como é bom conhecer minha Mãe. Quem conhecer esta Mãe amável e a invocar na vida com confiança, no meio dos estertores da agonia, encontrará este pharol luminoso, que . lhe mostrará as portas do Paraíso.
Jesus, sempre Jesus amável.
17-7-1930.
Maria conduzindo a alma· pela via dolorosa.
ESTAVA eu um dia aos pés do Divino Mestre, encerrado no Sacrário, tendo a alma em grande aflição e, com os olhos fitos no mesmo, pedi a Maria, mãe de Jesus, se compadecesse de mim.· Então adormeci por meia hora e em espírito vi Maria que se aproximava de mim e com ternura indízivel me disse: Segue. Eu a seguindo, disse-me mais;
¨Quero-te mostrar o quando padeci no exilio ! Que mistério !
Levou-me ao templo e disse-me: Vê, filha, aqui neste templo, onde fui educada, comecei a sofrer! Desde tenra idade, renunciei aos afagos de pais tão delicados!
Neste templo abençoado, quantas lutas tive de suportar!
Vendo minhas companheiras, que só Me dedicava à oração e ao trabalho, o ciume começou a tomar conta daqueles corações! Começaram as acusações; as mestras ao principio não lhe deram ouvidos, mas, Eu, tendo grande desejo de sofrer, pedi ao bom Deus que Me desse ocasião de ser humilhada. Prontamente foi ouvida minha oração. As mestras lhe deram ouvidos e fui chamada à sua presença e Me reprenderam severamente! Que alegria indizivel experimentei! Bendisse ao Deus, tres vezes santo, e disse-lhe que, si era de sua santissima vontade, continuasse a assim .Me
tratar.
As lutas foram terríveis por algum tempo, mas tudo recebi com humildade profunda, reconhecendo-Me culpada, e assim minhas algozes reconheceram seu erro, e um dia ajoelhadas aos meus pés, Me pediram perdão; mas, Eu já lhes tinha perdoado na afeição que lhes consagrava. As que
mais Me caluniaram foram as mais beneficiadas.
É assim filha, que deves fazer, tu e todas as almas que, à minha imitação, quizerem amar ao bom Deus.
Agora, filha, desejo-te mostrar como Eu trabalhava e rezava aqui no templo, aprendendo com grande alegria o que as mestras Me ensinavam, porque grande era minha ansiedade de tudo saber fazer para ao Deus bom compraser.
Quando as mestras eram dóceis e amaveis para comigo, lembrava-Me da· docilidade e da bondade que reinava no céu, que se achava fechado até a vinda do Messias, o que Me fazia suspirar e chorar todos os dias para que à terra viesse quanto antes.
Se as mestras ralhavam comigo, lembrava-Me de pedir ao Deus, tres vezes santo, que fizesse com que elas se tornassem cada dia mansas e humildes de coração. Tomando para mim o castigo merecido, louvava a Deus por Me castigar e pedia que jamais voltasse a ofendê-lo e nisto experimentava
grande jubilo por ser humilhada. Minha oração jamais foi interrompida pelo trabalho, pois este era sempre occasião de Me unir cada vez mais a
Deus, por que, por tudo que tomava em minhas mãos, louvava e bendizia ao Deus bom, por ter tudo criado para o homem.
Quantas vezes, trabalhando, entrei em extases profundos só por considerar que do nada tinha saído para me tornar filha de Deus! Também neste abençoado templo, tive grandes sofrimentos, suspirando pela vinda do Messias. Pensava Eu que era por meus peccados que Ele tanto demorava, o que Me fazia chorar amargamente e humilhar-Me em extremo na leitura das Escrituras Sagradas meu espirito achava repouso; porém quando lia as profecias chorava amargamente, vendo o quanto o Messias tinha de sofrer para o resgate de seu povo.
Vês aqui, filha, que desde a infancia sofri, sofri em extremo, mas com uma confiança indizivel esperava em Deus e no Messias prometido, do qual queria ter a ‘ventura de oscular seus sagrados pés!¨
Ó maravilha! Quando a Mãe bendita assim falou, um novo resplendor a cobriu, e eu vendo-me tão pequena diante de tanta grandeza, exclamei: O’ humildade, como elevas a criatura!
Maria disse-me: ¨Prosigamos, vê agora minha modestia meu porte neste templo abençoado, sem jamais levantar meus olhos a não ser para o céu e para meu trabalho; sempre os trouxe em grande mortificação; fitando a luz do dia ao levantar-Me, logo pensava na claridade da mansão celeste! Ah! então entoava o cantico de louvor.
Quando pegava em minhas vestes da mesma forma O louvava por dar-Me roupa para Me cobrir, e assim prosseguia meu cântico de ação de graças.
Meus modos eram tão suaves e graves que faziam as mestras exclamar: onde esta criança aprendeu tais maneiras?! Ah! na oração as aprendi; contemplando meu Deus e que aprendi a ser grave. Dizia-Me a mim mesma, para folar com Deus era necessario gravidade e Eu que não O
perdia de vista, tinha de permanecer grave.
Agora, filha, quero-te dizer que para Me tornar assim tive de lutar, porque, sinão lutasse, não teria merecimento, pois, é na lucta que se o adquire.
Que merecimento teria Eu senão tivesse sofrimentos?
É verdade que fui criada em estado de inocência e em inocência Me conservei; Eva, também, como Eu, foi criada em inocência, mas ela foi tentada e cahiu, Eu porém venci, luctando e que humilhando na lucta; por isso é que no começo te disse: segue-Me pela via dolorosa. Sim, quem quizer entrar no reino do céu, mesmo os que tem a ventura de conservar sua inocência, tem de sofrer e padecer.
Jesus, mesmo teve tão graves tentações que soube repelir, mas teve de lutar, porque era homem. Eu tambem tive grandes e grandes luctas a vencer, porque tambem tinha um corpo humano, ainda que sem mácula.
Eva foi criada por Deus cm estado de inocência e sem macula, porque saiu das mãos do proprio Deus, mas deu ouvidos á serpente e caiu tão gravemente, que, por tal pecado, um Deus desceu á terra e tomou corpo humano.
Agora, filha, vês que desde a infancia tive de sofrer, sofrer para assim poder tornar mais candida a veste nupcial da graça, que dada Me fôra pelo Deus bom. Se não fosse para sofrcr, para que Me teria dado Deus um corpo? Sim, o corpo Me foi dado para lutar e vencer! Se fosse isenta de luta, que merecimento teria Eu? Como poderia dizer que esmagára a cabeça da serpente, si não tivesse luta e tudo fosse fácil? ! Ah! minhas lutas foram terríveis, mas sempre confiei em meu Deus, e na humildade profunda tive a arma que esmagou a cabeça infernal!
Dê seu testemunho sobre seu encontro com a Divina Vontade