Livro do Céu Volume 6 português Traduzido do Espanhol

Os Três Fiat
Livro do Céu Volume 6 português Traduzido do Espanhol
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O REINO DA DIVINA VONTADE EM MEIO AS CRIATURAS
LIVRO DO CÉU

A chamada às criaturas à ordem, ao seu posto e à finalidade para a qual  foram criadas por Deus. 

Este livro foi traduzido pelo site www.divinavontadenobrasil.com para  distribuição gratuita 

Volume 06

NIHIL OBSTAT

Beato Annibale M. Di Francia.

12 Outubro de 1926

IMPRIMATUR  Exmo. Sr. Giuseppe M. Leo,  Arcebispo da Diocese de Trani – Barletta – Bisceglie  Italia  16 Outubro 1926

Imprima-se

Arcebispado de Guadalajara Jal.,

23 de novembro de 2010

Mons. J. Gpe Ramiro Valdés Sánchez

Vigario Geral

2

Queremos consagrar este livro e os frutos que possam resultar de sua leitura, à nossa Mãe Santíssima, 

a Rainha do reino da Divina Vontade

3

 

 

 

Volume 06

1I. M. I.

6-1

Novembro 1, 1903

Quando a alma faz todas as suas ações pelo único fim de amar a Jesus, caminha sempre de dia, para ela jamais é noite. 

(1) Continuando meu estado habitual, me encontrei fora de mim mesma, e me via como um  pequeno vapor, e eu ficava toda maravilhada ao me ver reduzida nessa forma. Enquanto eu estava  nisto veio o meu adorável Jesus e disse-me:

(2) “Minha filha, a vida do homem é vapor, e assim como ao vapor é só o fogo que o faz caminhar,  e à medida que o fogo é vivo e muito, assim corre mais veloz, e se é pouco caminha a passo lento,  e se está apagado fica detido; assim a alma, se o fogo do amor de Deus é muito, pode-se dizer que  voa sobre todas as coisas da terra, e sempre corre e voa a seu centro que é Deus; agora, se é  pouco se pode dizer que caminha com dificuldade, arrastando-se e enlameando-se de tudo o que é  terra; se está apagado fica parada, sem vida de Deus nela, como morta a tudo o que é divino.  Minha filha, quando a alma em todas suas ações não as faz por outra coisa senão com o único fim  de me amar, e nenhuma outra recompensa quer de seu obrar mais que meu amor, caminha  sempre de dia, jamais é noite para ela, mas bem caminha no mesmo sol, que quase como vapor a  circunda para fazê-la caminhar nele, fazendo-lhe gozar toda a plenitude da luz, e não só isso,  senão que suas mesmas ações servem de luz para o seu caminho e sempre adicionar nova luz”.

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6-2

Novembro 8, 1903

Jesus diz como deve ser o amor do próximo. 

(1) Encontrando-me no meu estado habitual, estava a implorar por certas necessidades do  próximo, e o bendito Jesus, movendo-se dentro de mim, disse-me:

(2) “Com que fim rezas por estas pessoas?”

(3) E eu: “Senhor, e Tu por qual fim nos amaste?”

(4) E Ele: “Amo-vos porque sois coisa minha, e quando o objeto é próprio, sente-se como obrigado,  é como uma necessidade amá-lo”.

(5) E eu: “Senhor, estou rezando por estas pessoas porque são coisa tua, de outra maneira não  me teria interessado”. E Ele, pondo a mão na minha testa, quase a apertando, acrescentou:  (6) “Ah! Então é porque são coisa minha? Assim está bem o amor do próximo”.

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1Este livro foi traduzido do espanhol

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Volume 06

6-3

Novembro 10, 1903

Como o verdadeiro amor se esquece de si mesmo. 

(1) Continuando no meu estado habitual, assim que vi o bendito Jesus, dizia-me:  (2) “Minha filha, o verdadeiro amor se esquece de si mesmo e vive nos interesses, às penas e a  tudo o que pertence à pessoa amada”.

(3) E eu: “Senhor, como se pode esquecer de si mesmo enquanto o sentimos tanto, não é que seja  uma coisa distante de nós, ou bem dividida que facilmente se possa esquecer?” E de novo  acrescentou que aí está o sacrifício do verdadeiro amor, porque enquanto se tem a si mesmo deve  viver a tudo o que pertence à pessoa amada, e mais, se se recorda de si mesmo, esta lembrança  deve servir para se fazer principalmente em como poder consumir-se pelo objeto amado, e o  amado se vê que a alma se dá toda a Ele, a saberá recompensar bem dando-lhe todo a si mesmo,  fazendo-a viver de sua Vida Divina; assim que quem tudo esquece, tudo encontra. Além disso, é  necessário ver a diferença que há entre o que se esquece e o que se encontra: Esquece-se o feio  e encontra-se o belo, esquece-se a natureza e encontra-se a graça, esquecem-se as paixões e  encontram-se as virtudes, esquece-se a pobreza e encontra-se a riqueza, esquece-se a ignorância  e encontra-se a sabedoria, esquece-se o mundo e encontra-se o Céu”.

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6-4

Novembro 16, 1903

Não há sacrifício sem esquecimento de si mesmo, e o sacrifício e o 

esquecimento de si mesmo fazem nascer o amor mais puro e perfeito.  

1) Esta manhã, encontrando-me fora de mim mesma, encontrei o menino Jesus nos braços, e uma  virgem que me estendeu em terra para me fazer sofrer a crucificação, mas não com pregos, mas  com fogo, pondo-me um carvão de fogo nas mãos e nos pés, e o bendito Jesus que me assistia  enquanto sofria, dizia-me:

(2) “Minha filha, não há sacrifício sem esquecimento de si mesmo, e o sacrifício e o esquecimento  de si faz nascer o amor mais puro e perfeito, e sendo sagrado o sacrifício, acontece que este me  consagra à alma como digno santuário meu para fazer ali minha perpétua morada. Então faz com  que o sacrifício trabalhe em ti para te tornares sagrado a alma e o corpo, para que tudo seja em ti  sagrado, e consagra-me tudo a Mim”.

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6-5

Novembro 19, 1903

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Enquanto se é nada pode ser tudo 

(1) Continuando o meu habitual estado, vi dentro de mim o bendito Jesus, e uma luz na minha  inteligência que dizia:

(2) “Enquanto se é nada se pode ser tudo, mas em que modo? Torna-se tudo com o sofrimento.  Sofrer faz com que a alma se torne pontífice, sacerdote, rei, príncipe, ministro, juiz, advogado,  reparador, protetor, defensor. E como o verdadeiro sofrer é o sofrer querido por Deus em nós, se a  alma se une em tudo a seu Querer, esta união, unida ao sofrer, faz que a alma impere sobre a  justiça, sobre a misericórdia de Deus, sobre os homens e sobre todas as coisas. Agora, assim  como a Cristo o sofrer lhe deu todas as mais belas qualidades e todas as honras e ofícios que a  natureza humana pode conter, assim a alma, participando no sofrer de Cristo participa das  qualidades, das honras e dos ofícios de Cristo, que é o todo”.

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6-6

Novembro 23, 1903

Não há beleza igual ao sofrer somente por Deus.  

(1) No meu íntimo, fiquei impressionada com o que tinha escrito acima, como se não estivesse  conforme à verdade, por isso assim que vi o bendito Jesus disse: “Senhor, o que escrevi não está  bem, como pode ser tudo isso só com o sofrer?”

(2) E Ele: “Minha filha, não te admires, porque não há beleza que iguale ao sofrer só pelo amor de  Deus. De Mim partem continuamente duas flechas, uma do meu coração, que é de amor e fere a  todos aqueles que estão no meu regaço, isto é, que estão na minha graça, e esta flecha produz  chagas, mortifica, irrita, aflige, atrai, revela, consola e continua minha Paixão e Redenção naqueles  que estão em meu colo; a outra parte de meu trono eu a confio aos anjos, os quais como ministros  meus fazem correr esta flecha sobre qualquer espécie de pessoas, punindo-as e excitando todos à  conversão”.

(3) Agora, enquanto isto dizia me participou suas dores dizendo-me:

(4) “Eis também em ti a continuação de minha Redenção”.

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6-7

Novembro 24, 1903

Como cada palavra de Jesus são tantos elos de graça.  

(1) Continuando o meu estado habitual, mal vi o bendito Jesus dentro de mim, e como se quisesse  continuar a tirar-me as dúvidas disse-me:

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(2) “Filha, Eu sou a verdade mesma, e jamais pode sair de Mim a falsidade, ou mais alguma coisa  que o homem não compreende, e isto faço-o para fazer ver que se não se compreende bem a  palavra, como se pode compreender em tudo o Criador? Mas no entanto a alma deve corresponder  pondo em prática a minha palavra, porque cada palavra são tantos elos de graça que saem de  Mim, dos quais faço dom à criatura, e se corresponde, estes elos os acorrenta aos outros já  adquiridos; se não, os devolve a seu Criador, e não só isto, senão que Eu somente falo quando  vejo a capacidade da criatura que pode receber esse dom, e correspondendo-me não só adquire  tantos elos de graça, mas adquire também tantos elos de sabedoria divina, e se os vejo  acorrentados com a correspondência, disponho-me a dar-lhe outros dons; mas se vejo meus dons  rejeitados, retiro-me guardando silêncio”.

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6-8

Dezembro 3, 1903

Com a Divina Vontade somos tudo, sem Ela somos nada.

(1) Continuando o meu estado habitual, por pouco tempo veio o meu bendito Jesus dizendo-me: (2) “Minha filha, qualquer ação humana que não tem nenhum nexo com a Vontade Divina, põe fora  a Deus de sua própria criação; até mesmo o mesmo sofrer, por quão santo, nobre e precioso fosse  a meus olhos, não obstante, se não é parto de minha Vontade, em vez de me agradar me indigna e  me é desagradável”.

(3) Oh! poder da Vontade Divina, como é santa, adorável e amável, Contigo somos tudo, ainda  que nada façamos, porque tua Vontade é fecunda e nos dá a luz todos os bens, e sem Ti somos  nada, embora tudo façamos, porque a vontade humana é estéril e esteriliza todas as coisas.  + + + + +

6-9

Dezembro 5, 1903

Como o santo desejo de receber a Jesus substitui o sacramento, 

fazendo com que a alma respire a Deus, e que Deus respire a alma. 

(1) Não tendo podido receber a comunhão esta manhã, estava toda aflita, mas resignada, e  pensava entre mim que se não tivesse sido porque me encontrava nesta posição de estar na cama,  e se fosse vítima, certamente a teria podido receber, e dizia ao Senhor: “Olhe, o estado de vítima  me submete ao sacrifício de privar-me de recebê-lo no sacramento, ao menos aceita o sacrifício de  privar-me de Ti para te contentar, como um ato mais intenso de amor por Ti, porque ao menos o  pensar que sua mesma privação atesta ainda mais meu amor por Ti, adoça a amargura de sua  privação”. E enquanto dizia isto, as lágrimas me desciam dos olhos, mas, ó bondade do meu bom  Jesus, não apenas me adormeci, sem fazer-me esperar tanto e procurar segundo o habitual, veio

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de súbito e me pondo suas mãos no rosto, me acariciava e me dizia:

(2) “Minha filha, pobre filha, ânimo, minha privação estimula principalmente o desejo, e neste  desejo incentivado, a alma respira a Deus, e Deus sentindo-se mais iluminado por este estimular da alma, respira a alma, e neste respirar-se mutuamente Deus e a alma, acende-se principalmente  a sede do amor, e sendo o amor fogo, forma o purgatório da alma, e este purgatório de amor  serve-lhe não de uma só comunhão ao dia, como permite a Igreja, mas de uma contínua  comunhão, porque é contínuo o respiro, mas todas comunhões de puríssimo amor, só de espírito e  não de corpo, E sendo o espírito mais perfeito, acontece que o amor é mais intenso. Assim  recompenso Eu, não a quem não quer receber-me, senão a quem não pode receber-me, privando

se de Mim para me agradar a Mim”.

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6-10

Dezembro 10, 1903

Quem busca o Senhor, cada vez recebe uma tinta um lineamento divino. (1) Continuando meu estado, sentia um peso sobre minha alma pela privação do bendito Jesus,  como se sobre mim gravitasse todo o peso do mundo, e em minha imensa amargura fazia quanto  mais podia por buscá-lo. Depois, tendo vindo, disse-me:

(2) “Minha filha, cada vez que a alma me procura recebe uma tinta, um lineamento divino, e outras  tantas vezes renasce em Mim e Eu renasço nela”.

(3) Enquanto dizia isto, estava a pensar no que tinha dito, quase maravilhando-me dizendo:  “Senhor, que dizes?”

(4) E Ele acrescentou: “Oh, se soubesses a glória, o gosto que sente todo o Céu ao receber esta  nota da terra, de uma alma que procura sempre a Deus, toda conforme a nota deles! O que é a  vida dos bem-aventurados? Quem a forma? Este renascer continuamente em Deus e Deus neles,  isto é aquele ditado: “Que Deus é sempre velho e sempre novo”. Jamais sentem cansaço, porque  estão em contínua atitude de nova vida em Deus”.

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6-11

Dezembro 17, 1903

O verdadeiro espírito de adoração consiste nisto: que a criatura se perca a si mesma e se  encontre no ambiente divino, e adore tudo o que Deus faz, e que se una com Ele. 

(1) Continuando o meu habitual estado, por poucos instantes vi o bendito Jesus com a cruz nas  costas, no momento de encontrar a sua Santíssima Mãe, e eu disse-lhe: “Senhor, o que fez a tua

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Mãe neste encontro dolorosíssimo?”

(2) E Ele: “Minha filha, não fez outra coisa senão um ato de adoração profundíssimo e simplíssimo,  como o ato quanto mais simples, tanto mais fácil para unir-se com Deus, Espírito simplíssimo, por  isso neste ato fundiu-se em Mim e continuou o que eu mesmo operava em meu interior; e isto me  foi sumamente grato que se tivesse feito qualquer outra coisa maior, porque o verdadeiro espírito  de adoração consiste nisto, que a criatura se perca a si mesma e se encontre no ambiente divino, e  adore tudo o que Deus faz, e com Ele se una. Você crê que seja verdadeira adoração aquela em  que a boca adora enquanto a mente está em outra parte, ou seja, a mente adora e a vontade está  longe de Mim? Ou então, que uma potência adora-me e as outras estão todas desarrumadas?  Não, Eu quero tudo para Mim, e tudo o que lhe dei em Mim, e este é o ato de culto e de adoração  maior que a criatura pode fazer-me”.

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6-12

Dezembro 21, 1903

Glória que goza no Céu a Celestial Mãe 

(1) Esta manhã encontrei-me fora de mim mesma, e vendo a abóbada do céu, via sete sóis muito  resplandecentes, mas a forma era diferente do sol que nós vemos, começavam em forma de cruz e  terminavam em ponta, e esta ponta estava dentro de um coração. Ao princípio não se via bem,  porque era tanta a luz destes sóis que não deixava ver quem estava dentro, mas quanto mais me  aproximava, mais se distinguia que dentro estava a Rainha Mãe, e em meu interior ia dizendo:  “Quanto gostaria de lhe perguntar se quer que me esforce para sair deste estado sem que  esperasse o sacerdote”. Enquanto isso acontecia me encontrei a seu lado e o disse, e me  respondeu um “não” incisivo. Eu fiquei mortificada por esta resposta, e a Santíssima Virgem se  voltou para uma multidão de pessoas que lhe faziam coroa e lhes disse:

(2) “Escutem o que ela quer fazer”.

(3) E todos disseram: “Não, não”.

(4) Depois, aproximando-se de mim, toda a bondade me disse:

(5) “Minha filha, ânimo no caminho da dor, vê estes sete sóis que me saem do coração, são minhas  sete dores que me frutificaram tanta glória e esplendor, estes sóis, fruto de minhas dores, lançam  setas continuamente no trono da Santíssima Trindade, a qual, sentindo-me ferida me enviam sete  canais de graça continuamente, convertendo-me em dona e eu os disponho para glória de todo o  Céu, para alívio das almas purgantes, e para benefício de todos os viadores”.

(6) Enquanto dizia isto desapareceu, e eu me encontrei em mim mesma.

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6-13

Dezembro 22, 1903

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A cruz forma a encarnação de Jesus no seio das almas, e a encarnação da alma em Deus. 

(1) Encontrando-me em meu habitual estado, veio meu adorável Jesus crucificado, e tendo-me  participado suas penas, enquanto eu sofria me disse:

(2) “Minha filha, na Criação Eu dei à alma minha imagem, na Encarnação dei minha Divindade,  divinizando a humanidade. E no mesmo ato em que se encarnou a Divindade na humanidade,  naquele mesmo instante se encarnou na cruz, assim que desde que fui concebido me concebi  unido com a cruz, e se pode dizer que assim como a cruz foi unida Comigo na encarnação no seio  de minha Mãe, assim a cruz forma outras tantas encarnações minhas no seio das almas; e assim  como forma minha encarnação nas almas, assim a cruz é a encarnação da alma em Deus,  destruindo lhe tudo o que é de natureza humana, e enchendo-a tanto da Divindade, de formar uma  espécie de encarnação: Deus na alma e a alma em Deus”.

(3) Eu fiquei como extasiada ao ouvir que a cruz é a encarnação da alma em Deus, e Ele repetiu:  (4) “Não digo união, mas encarnação, porque a cruz se intromete tanto na natureza, de chegar a  transformar a mesma natureza em dor, e onde está a dor aí está Deus, sem poder estar separados  Deus e a dor; e a cruz formando esta espécie de encarnação volta a união mais estável, e muito  difícil a separação de Deus com a alma, assim como é difícil separar a dor da natureza. Enquanto  que com a união, facilmente pode ocorrer a separação. Entende-se que não são encarnações, mas  semelhanças de encarnações”.

(5) Dito isto desapareceu, mas pouco depois voltou no momento de sua Paixão quando foi coberto  de opróbrios, de ignomínias, de cuspidos, e eu lhe disse: “Senhor, ensina-me que coisa posso  fazer para afastar de Ti estes opróbrios e restituir-te as honras, os louvores e as adorações”.  (6) E Ele disse: “Minha filha, em torno de meu trono há um vazio, e este vazio deve ser preenchido  pela glória que me deve a Criação; por isso, quem me vê desprezado pelas outras criaturas e me  honra, não só por si, mas pelos demais me faz renascer as honras neste vazio; quando não me vê  amado e me ama, me faz renascer o amor; quando vê que cumulo as criaturas de benefícios e  não me reconhecem e nem sequer me agradecem, e ela me agradece como se lhe tivessem sido  feitos os benefícios, faz-me renascer neste vazio a flor da gratidão e do agradecimento, e assim de  todo o resto que me deve a Criação, e que com negra ingratidão me nega. Agora, sendo tudo isto  uma superabundância da caridade da alma, que não só me devolve o que me deve por si, senão  que o que transborda de si me faz pelas outras, sendo esta glória fruto da caridade, estas flores  que me manda neste vazio em torno de meu trono, recebem uma cor mais bonita e a Mim muito  agradável”.

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6-14

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Dezembro 24, 1903

O desejo faz com que Jesus nasça na alma. O mesmo faz o demônio.

(1) Esta manhã, encontrando-me no meu estado habitual, veio o menino Jesus, e eu, vendo-o  muito pequeno, como se acabasse de nascer, disse-lhe: “Meu querido, qual foi a causa, quem te  fez vir do Céu e nascer tão pequeno no mundo?”

(2) E Ele: “O amor foi a causa, e não só isto, mas o meu nascimento no tempo foi o desabafo de  amor da Santíssima Trindade para com as criaturas. Num desabafo de amor de minha Mãe nasci  de seu seio, e num desabafo de amor renasci nas almas. Mas este desabafo é formado pelo  desejo, assim que a alma começa a desejar-me, eu fico já concebido, quanto mais se adentra no  desejo, assim me vou alargando na ama, quando este desejo enche todo o interior e chega a  transbordar fora, então renasço em todo o homem, isto é, na mente, na boca, nas obras e nos  passos.

(3) De igual modo, também o demônio faz seus nascimentos nas almas, assim que a alma começa  a desejar e a querer o mal, fica concebido o demônio com suas obras perversas, e se este desejo  vem alimentado, o demônio se engrandece e enche todo o interior de paixões, as mais feias e  asquerosas, e chega a transbordar fora, dando ao homem o caminho de todos os vícios. Minha  filha, quantos nascimentos faz o demônio nestes tristíssimos tempos, se tivessem poder, os  homens e os demônios teriam destruído meus nascimentos nas almas”.

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6-15

Dezembro 28, 1903

Como todas as vidas estão em Cristo. 

(1) Depois de haver esperado muito, assim que veio meu bendito Jesus, fazia-me ver muitas almas  humanas em sua humanidade, e enquanto via me disse:

(2) “Minha filha, todas as vidas humanas estão em minha Humanidade no Céu como dentro de um  claustro, e estando dentro de meu claustro, de Minha parte o regime de suas vidas, não só isto,  senão que minha Humanidade sendo claustro, faz as vidas de cada alma; qual não é minha alegria quando as almas estão neste claustro, e o eco que sai da minha Humanidade combina-se com o  eco de cada vida humana da terra; e qual é a minha amargura quando vejo que as almas não  estão contentes e saem, e outras estão, mas forçadas e de má vontade, não se submetem às  regras e ao regime de meu claustro, por isso os ecos não se combinam juntos”.

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Volume 06

6-16

Janeiro 6, 1904

A raça humana é toda uma família; quando alguém faz alguma boa obra e a oferece a Deus,  toda a família humana participa naquela oferta, e para Ele é como se todos a oferecessem. 

(1) Continuando o meu habitual estado, veio o bendito Menino Jesus, e depois de se ter colocado  nos meus braços e de me ter abençoado com as suas mãozinhas, disse-me:  (2) “Minha filha, sendo a raça humana toda uma família, quando alguém faz alguma obra boa e me  oferece alguma coisa, toda a família humana participa naquela oferta e está presente como se  todos me oferecessem. Como hoje os magos, ao oferecer-me seus dons Eu tive em suas pessoas  presente a toda a geração humana, e todos participaram do mérito de sua boa obra. A primeira  coisa que me ofereceram foi o ouro, e Eu em correspondência lhes dei a inteligência e o  conhecimento da verdade; mas você sabe qual é o ouro que quero agora das almas? Não o ouro  material, não, mas o ouro espiritual, isto é, o ouro de sua vontade, o ouro dos afetos, dos desejos,  dos próprios gostos, o ouro de todo o interior do homem, este é todo o ouro que a alma tem, e o  quero tudo para Mim. Agora, para dar-me isto, à alma é muito difícil dá-lo sem sacrificar-se e  mortificar-se, e esta é a mirra, que como fio elétrico ata o interior do homem e o faz mais  resplandecente, e lhe dá a tinta de múltiplas cores, dando à alma todas as espécies de belezas;  mas isto não é tudo, é necessário quem mantenha sempre vivas as cores, o frescor, que como  perfume e brisa exala do interior da alma, requer-se quem ofereça e quem obtenha dons maiores  daqueles que doa, como também se requer ainda quem obrigue a habitar no próprio interior Aquele  que recebe e Aquele que dá e tê-lo em contínua conversa e em contínuo comércio com ele, então  quem faz tudo isto? A oração, em especial o espírito de oração interior, que sabe converter não só  as obras internas em ouro, mas também as obras externas, e este é o incenso”.

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6-17

Fevereiro 7, 1904

Como é difícil encontrar uma alma que se dê toda a Deus.  

Para poder fazer com que Deus se dê tudo dela.

(1) Passei todo o mês passado sofrendo muito, por isso negligenciei escrever, e continuava me  sentindo muito débil e sofrida, me vem frequentemente um temor, porque não é que não possa  escrever, senão que não quero, e por desculpa digo que não posso; é verdade que sinto muita  repugnância e devo fazer um grande esforço para escrever, e só a obediência podia vencer-me.  Por isso, para tirar qualquer dúvida, decidi não escrever tudo, mas apenas algumas palavras que

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me lembro, para ver se realmente posso ou não posso. Recordo que um dia me sentindo mal me  disse:

(2) “Minha filha, o que será se cessar a música no mundo?”

(3) E eu: “Senhor, que música pode cessar?

(4) E Ele ajuntou: “Tua música amada minha, porque quando a alma sofre por Mim, roga, repara,  louva, agradece continuamente, é uma contínua música a meu ouvido, e me tira o sentir a  iniquidade da terra, e portanto de castigar como convém, e não só isso, mas que é música nas  mentes humanas e as impede de fazer coisas piores. Então, se eu te levar, a música não vai  parar? Para mim é nada, porque não será outra coisa que transportá-la da terra ao Céu, e em vez  de tê-la na terra a terei no Céu, mas o mundo como fará?”

(5) Então eu pensava para mim: “Estes são os habituais pretextos para não levar-me, há tantas  almas boas no mundo e que tanto fazem por Deus, e que eu entre todas elas não ocupo senão  talvez o último lugar, porém diz que se me levar cessará a música. Há tantas que a fazem melhor”.  Enquanto isso pensava, como um raio veio e acrescentou:

(6) “Minha filha, isto que dizes é verdade, que há muitas almas boas e que muito fazem por Mim,  mas como é difícil encontrar uma que me dê tudo para poder dar-me tudo; quem se retém um  pouco de amor próprio, um a própria estima, outro um afeto inclusive a pessoas mesmo santas, e  outro uma pequena vaidade, quem se retém um pouco de apego à terra, quem ao interesse, em  suma, quem a uma coisa e quem a outra, todos retêm alguma coisa de próprio e isto impede que  tudo seja divino neles. Então, não sendo todo divino o que sai deles, não poderá sua música  produzir aqueles efeitos a meu ouvido e às mentes humanas. Por conseguinte, o muito fazer deles  não poderá produzir aqueles efeitos, nem me agradar tanto, como o pequeno fazer de quem não  retém nada para si e que toda a Mim se dá”.

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6-18

Fevereiro 8, 1904

Uma das qualidades de Jesus é a dor. Para quem vive da sua 

Santíssima Vontade não existe o purgatório.

(1) Recordo que outro dia, continuando com meu sofrimento, via que o confessor rogava a Nosso  Senhor que me tocasse onde eu sofria para acalmar-me os sofrimentos, e Jesus bendito me disse:  (2) “Minha filha, o teu confessor quer que te toque para aliviar as dores, mas entre tantas  qualidades minhas Eu sou pura dor, e tocando-te, em vez de diminuir pode aumentar a dor, porque  a minha Humanidade na coisa em que mais se deleitou foi na dor, e se deleita ainda em comunicá

lo a quem ama”.

(3) E parecia que na realidade me tocava e me fazia sentir mais dor, então eu agreguei: “Doce bem

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meu, quanto a mim, não quero outra coisa que sua Santíssima Vontade, eu não olho nem se me  dói, nem se gozo, senão que teu Querer é tudo para mim”.

(4) E Ele acrescentou: E isto é o que Eu quero, e é a minha mira sobre ti, e isto me basta e me  agrada, e é o culto maior, mais honrado que a criatura me pode fazer, e que me deve como a seu  Criador, e a alma fazendo assim, pode-se dizer que sua mente vive e pensa em minha mente; seus  olhos, encontrando-se nos meus, olham por meio de meus olhos; sua boca fala por meio de minha  boca; seu coração ama por meio do meu; suas mãos operam em minhas mesmas mãos; os pés  andam em meus pés, e eu posso dizer: “Tu és meu olho, minha boca, meu coração, minhas mãos  e meus pés”. E a alma pode dizer ao contrário: “Jesus Cristo é meu olho, minha boca, meu  coração, minhas mãos e meus pés”. E a alma encontrando-se nesta união, não só de vontade, mas  pessoal, morrendo, nada lhe resta por purgar, e por isso o purgatório não pode tocá-la, porque o  purgatório toca aqueles que vivem fora de Mim, em tudo, ou em parte”.

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6-19

Fevereiro 12, 1904

Lamentações da alma, Jesus tranquiliza-a. 

(1) Continuando em meu estado habitual, sofrendo mais, veio o bendito Jesus e de todas as partes  de sua humanidade saíam tantos riachos de luz que se comunicavam a todas as partes de meu  corpo, e destes rios que eu recebia saíam de mim outros tantos rios que se comunicavam à  Humanidade de nosso Senhor. Enquanto estava nisto encontrei-me rodeada por uma multidão de  santos, que olhavam para mim e diziam entre eles: “Se o Senhor não concordar com um milagre  não poderá viver mais, porque lhe faltam os humores vitais, o curso do sangue já não é natural, por  isso, segundo as leis naturais deve morrer”. E rogavam a Jesus bendito que fizesse este milagre,  que eu continuasse a viver, e nosso Senhor lhes disse:

(2) Pela comunicação dos rios, como vêem, significa que tudo o que ela faz, até as coisas naturais  estão identificadas com a minha humanidade, e quando eu faço chegar a alma a este ponto, de  tudo o que opera a alma e o corpo nada se perde, tudo permanece em Mim; enquanto que se a  alma não chegou a identificar-se em tudo com a minha humanidade, muitas obras que faz se  perdem. E tendo-a feito chegar a este ponto, por que não posso eu levá-la?”

(3) Agora, enquanto diziam isto, pensava entre mim: “Parece que todos estão contra mim, a  obediência não quer que eu morra, estes estão rogando ao Senhor que não me leve, que querem  de mim? Eu não sei por que quase à força querem que esteja nesta terra, afastada do meu sumo  bem”. E toda me afligia. Enquanto isso pensava Jesus me disse:

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(4) “Minha filha amada, não queira te afligir, as coisas do mundo ficam tristíssimas e sempre mais  piorarão, se chegar o ponto em que deva dar livre desabafo a minha justiça te levarei, e então não  escutarei mais a nenhum”.

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6-20

Fevereiro 21, 1904

Promessa. 

(1) Diante da presença da Santíssima Trindade, da Rainha-Mãe Maria Santíssima, do meu anjo  guardião, e de toda a corte celestial, e por obedecer ao meu confessor, prometo que se o Senhor  por sua infinita misericórdia me fizer a graça de morrer, quando me encontrar com meu Esposo  Celestial, rogarei e suplicarei o triunfo da Igreja e a confusão e conversão de seus inimigos; que em  nosso país triunfe o partido católico e que a igreja de São Cataldo se reabra ao culto, que meu  confessor fique livre de seus habituais sofrimentos, com uma santa liberdade de espírito e a  santidade de um verdadeiro apóstolo de nosso Senhor, e que, se o Senhor permite que me envie a  Ele, pelo menos uma vez por mês, para lhe referir as coisas celestiais e coisas pertencentes ao  bem da sua alma. Eu prometo, quanto está do meu lado e eu juro.

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6-21

Fevereiro 22, 1904

O grande dom de ter uma vítima.

(1) Esta manhã, encontrando-me no meu estado habitual, assim que vi o bendito Jesus via  pessoas que sofriam, e eu rogava a Jesus que as libertasse daqueles sofrimentos mesmo à custa  de eu sofrer em lugar deles, e Ele me disse:

(2) Se você quer sofrer tanto porque é vítima, o que acontecerá depois quando não estiver a vítima,  então verão o vazio que sentirão aqueles que te rodeiam, o próprio país e também os reinos. Oh!  Então como você vai saber, com a perda, o grande bem que eu tinha dado a eles dando-lhes uma  vítima”.

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6-22

Fevereiro 12, 1904

Fala com alguns sacerdotes sobre a igreja de São Cataldo. 

(1) Tinha esquecido de dizer quanto estou por escrever, que agora por obediência o digo, se não  são coisas certas mas dúvidas, porque faltava a presença de nosso Senhor:

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(2) Encontrava-me fora de mim mesma e parecia que me encontrava dentro de uma igreja, onde  estavam alguns veneráveis sacerdotes, e unidas almas do purgatório e pessoas santas que  estavam discutindo entre si sobre a igreja de San Cataldo, e diziam quase com certeza que se  havia conseguido abri-la ao culto, e eu escutando isto disse: “Como pode ser isto, no outro dia  corriam rumores de que o Capítulo tinha perdido a causa, então, por meio do tribunal não se pôde  obter, o município não a quer dar, e vocês dizem que se deve obter?” E eles acrescentaram:  “Apesar de todas estas dificuldades, porém não está perdida, e ainda que se chegue a pôr mãos à  obra para derrubá-la, não se poderá dizer perdida porque São Cataldo saberá defender bem seu  templo, mas, pobre Corato se a isto chegarem”. Enquanto isso diziam, repetiram: “Já se levaram as  primeiras coisas, a Virgem coroada já foi levada para sua casa, vai tu diante da Virgem e roga-lhe  que tendo começado a graça, a cumpra”. Eu saí daquela igreja para ir rogar, mas enquanto isso fiz  me encontrei em mim mesma.

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26-23

Março 4, 1904

A alma deve viver no alto. Quem vive no alto não pode ser danificado. 

(1) Encontrando-me muito aflita e sofredora pela perda de meu bom Jesus, assim que o vi me  disse:

(2) “Minha filha, tua alma deve tratar de ter o vôo da águia, isto é, morar no alto, sobre todas as  coisas baixas desta terra, e tão alto, que nenhum inimigo a possa prejudicar, porque quem vive no  alto pode ferir os inimigos, mas não ser ferida. E não só deve viver no alto, mas deve tratar de ter  pureza e acuidade de olhos semelhantes aos da águia. Assim, tendo esta vista e vivendo no alto,  com a acuidade de sua vista penetra as coisas divinas, não de passagem, senão mastigando-as  até fazer delas seu alimento predileto, desgostando-se de qualquer outra coisa, mas também  penetra as necessidades do próximo e não teme descer entre eles e fazer-lhes o bem, e se for  necessário põe sua própria vida. E com a pureza da vista, de dois amores faz um, o amor de Deus tal deve ser a alma se quer me agradar”.

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6-24

Março 5, 1904

A cruz serve de intimação, advogado e juiz à alma, para tomar posse do reino eterno. (1) Esta manhã sentindo-me muito sofredora, com a adição de sua privação, depois de ter  esperado muito, apenas por poucos instantes veio e me disse:

 

2Este capítulo tem data 12/02/04 porque devido a um esquecimento não o pôs no que escreveu nessa data, e por ordem do confessor o  faz agora. Ela repete esta data no cabeçalho, mesmo que não corresponda.

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(2) “Minha filha, os sofrimentos, as cruzes, são como tantos citatórios que Eu envio às almas, se a  alma aceita estes convocatórios, ou que anunciem à alma que deve pagar alguma dívida, ou que  sejam um aviso para que faça alguma aquisição para a vida eterna, se a alma me responde com a  resignação a minha Vontade, com o agradecimento, com a adoração a minhas santas disposições,  imediatamente nos pomos de acordo, e a alma evitará muitos inconvenientes, como ser convocada  novamente, colocar advogados, fazer julgamento e sofrer a condenação do juiz. Com apenas  responder ao encontro com a resignação e com o agradecimento suprirá a tudo isto, porque a cruz  lhe será intimatório, advogado e juiz, sem necessitar de outra coisa para tomar posse do reino  eterno. Mas se não aceita estas intimações, pense você mesma, em quantos abismos de  desgraças, de problemas se mete a alma, e qual será o rigor do juiz ao condená-la por não ter  aceitado à cruz por juiz, a qual é muito mais moderada, mais compassiva, mais inclinada a  enriquecê-la em vez de julgá-la, mais atenta a embelezá-la do que a condená-la”.

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6-25

Março 12, 1904

Ameaça de guerras. Toda a Europa está sobre os ombros de Luisa.

(1) Estando doente Luisa, ordenei-lhe que ela ditasse, e não podendo desobedecer tem ditado  quanto segue, com grande repugnância.

(2) Tendo-me lamentado com nosso Senhor de que sentindo-me sofredora, no entanto não me  levava ao Céu, o bendito Jesus me disse:

(3) “Minha filha, ânimo no sofrimento, não quero que te abatas por não te ver ainda levada ao Céu.  Saiba que toda a Europa está sobre os seus ombros, e o sucesso bom ou mau para a Europa  depende do seu sofrimento. Se você é forte e constante no sofrimento, as coisas serão mais suportáveis; se você não é forte e constante no sofrer, ou bem Eu te levo ao Céu, serão tão graves  que estará a ameaça de ser invadida e governada pelos estrangeiros”.

(4) E mais, acrescentou que: “Se você permanecer na terra e sofrer muito com desejo e  constância, tudo o que acontecerá de castigos na Europa servirá para que venha o triunfo da  Igreja. E se, apesar de tudo isto, a Europa não o aproveitar e permanecer obstinada no pecado, os  seus sofrimentos servirão de preparativo para a sua morte, sem que a Europa o aproveite”.

Sac. Gennaro Di Gennaro

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6-26

Março 14, 1904

Pela necessidade dos tempos, Jesus pede o silêncio porque quer castigar.

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(1) Encontrando-me em meu estado habitual, depois de muito esperar, o bendito Jesus saiu de  meu interior, e eu querendo falar me pôs o dedo na boca dizendo:

(2) “Cala-te, cala-te”.

(3) Eu fiquei mortificadíssima e não tive mais coragem de abrir a boca, e o bendito Jesus vendo-me  tão mortificada acrescentou:

(4) “Minha querida filha, a necessidade dos tempos traz o silêncio, porque se você me fala, sua  palavra ata minhas mãos e jamais chego aos fatos de castigar como convém, e estamos sempre  de cabeça, por isso é necessário que entre você e eu tenha lugar por algum tempo o silêncio”.  (5) E enquanto isso dizia, ele lançou um cartaz no qual estava escrito: “São decretados flagelos,  penas e guerras”. E desapareceu.

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6-27

Março 16, 1904

A verdadeira resignação não põe a escrutínio as coisas, 

mas adora em silêncio as divinas disposições. 

A cruz é alegre, jubilosa, gozosa, anelante. 

(1) Esta manhã me encontrando fora de mim mesma, me encontrei sobre uma pessoa que tinha o  aspecto como se estivesse vestida como uma ovelha, e eu era levada sobre suas costas, mas ia a  passo lento; adiante ia uma espécie de máquina mais veloz, e eu em meu Interior disse: “Este vai  lento, gostaria de ir dentro daquela máquina que caminha mais veloz”. Não sei porquê, mas assim  que pensei nisto, encontrei-me dentro dela na companhia dos que iam nela, e eles disseram-me:  “O que fizeste? Como deixou o pastor? E que pastor, pois estando sua vida nos campos são suas  todas as ervas medicinais, nocivas e boas à saúde, e estando com Ele se pode estar sempre com  boa saúde, e se o vês vestido de ovelha é para tornar-se semelhante às ovelhas, fazendo que elas  se aproximem sem nenhum temor, e se vai a passo lento, mas é mais seguro”. Quando ouvi isto,  disse dentro de mim: “Já que assim é, gostaria de lhe dizer alguma coisa sobre a minha doença”.  Enquanto pensava isto encontrei-o perto de mim, e eu toda contente aproximei-me do seu ouvido e  lhe disse : “Bom Pastor, se és assim tão perito dá-me algum remédio para os meus males, pois eu  encontro-me neste estado de sofrimentos”. E querendo dizer mais, calou-me ao dizer:

(2) “A verdadeira resignação, não fantástica, não põe a escrutínio as coisas, mas adora em silêncio  as divinas disposições”.

(3) E enquanto dizia isto, parecia que se rompia a pele de lã e via o rosto de Nosso Senhor, e sua  cabeça coroada de espinhos. Eu ao ouvir que me dizia isto, não sabia mais o que dizer, ficava em  silêncio contente de estar junto com Ele, e Ele continuou:

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(4) “Tu esqueceste de dizer ao confessor outra coisa sobre a cruz”.

(5) E eu: “Adorável Senhor meu, eu não me lembro, diga e direi”.

(6) E Ele: “Minha filha, entre tantos títulos que tem a cruz, tem o título de um dia festivo, porque  quando se recebe um dom, o que acontece? Faz-se festa, goza-se, está-se mais alegre; agora, a  cruz sendo o dom mais precioso, mais nobre e feito pela pessoa maior e única que existe, resulta  mais agradável e leva mais festa, mais alegria que todos os outros dons. Então, você mesma pode  dizer que outros títulos você pode dar à cruz”.

(7) E eu: “Como Tu dizes, pode-se dizer que a cruz é festiva, jubilosa, alegre, anelante”.  (8) E Ele: “Bem, disseste bem, mas a alma chega a experimentar estes efeitos da cruz quando está  perfeitamente resignada à minha Vontade, e deu-se toda a si mesma a Mim, sem reter nada para  si, e Eu para não me deixar vencer em amor pela criatura, dou-lhe tudo Eu mesmo, e no doar-me a  Mim mesmo dou também a minha cruz, e a alma reconhecendo-a como meu dom faz festa e  goza”.

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6-28

Março 20, 1904

Todas as coisas têm origem na fé.

(1) Esta manhã sentia-me desanimada e entristecida pela perda de meu adorável Jesus, e  enquanto estava neste estado, fez ouvir sua dulcíssima voz que me dizia:

(2) “Minha filha, todas as coisas têm origem na fé. Quem é forte na fé é forte no sofrer, a fé faz  encontrar Deus em cada lugar, faz com que se descubra em cada ação, toca em cada movimento,  e cada nova ocasião que se apresenta é uma nova revelação divina que recebe. Por isso, seja  forte na fé, porque se estiver forte nela em todos os estados e vicissitudes, a fé te fornecerá a força  e te fará estar sempre unida com Deus”.

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6-29

Abril 9, 1904

Basta um ato perfeito de resignação à Vontade Divina para ficar 

purgado de todas as imperfeições nas quais a alma não tem posto nada do seu. 

(1) Tendo recebido esta manhã a comunhão, estava pensando comigo: “Que dirá meu bendito  Jesus quando vier a minha alma? Dirá: “Como é feia esta alma, má, fria, abominável”. Quão rápido  vai consumir as espécies para não estar em contato com esta alma tão feia, mas o que queres de  mim? Embora eu seja tão ruim, você ainda deve ter paciência para vir, porque de qualquer forma  você é necessário para mim, e eu não posso fazer outra coisa”. Enquanto dizia isto, saiu de dentro

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de mim e disse-me:

(2) “Minha filha, não queira te afligir por isto, não se requer nada para remediá-lo, basta um ato  perfeito de resignação à minha Vontade para poder ficar purgado de todas estas fealdades que  você diz, e Eu te direi o contrário do que pensa, te direi: “Como é bela, sinto o fogo do meu amor  em ti, e o perfume das minhas fragrâncias, em ti quero fazer a minha perfeita morada.”

(3) E desapareceu. Então, vindo o confessor, contei-lhe tudo, e ele me disse que não estava bem,  porque é a dor que purga a alma, e que a resignação não entrava nisto. Por isso, depois de ter  recebido a comunhão, disse: “Senhor, o padre disse-me que não está bem o que me disseste,  então, mostra-te melhor e faz-me conhecer a verdade”. E Ele bondosamente adicionou:

(4) “Minha filha, quando se trata de pecado voluntário, então se requer a dor, mas quando se trata  de imperfeições, de fraquezas, de frialdades e outras coisas, e que a alma não tem posto nada do  seu, então basta um ato de perfeita resignação, e se tem necessidade também deste estado para  ficar purgado, porque a alma ao fazer este ato primeiro se encontra com a Vontade Divina que  purga a vontade humana e a embeleza com suas qualidades, e depois se funde comigo”.

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Abril 10, 1904

As três cordas que amarram por todos os lados e estreitam mais intimamente a Jesus com a alma, são: sofrimentos assíduos, reparação perpétua, amor perseverante. 

(1) Esta manhã, encontrando-me com o temor de que o bendito Jesus, vendo-me ainda tão má, me  tivesse deixado, senti-o sair de dentro de mim e disse-me:

(2) “Minha filha, por que te ocupas em pensamentos inúteis e em coisas que não existem? Deves  saber que há três títulos diante de Mim que como três cordas me amarram por toda parte e me  estreitam mais intimamente a ti, de modo que não posso deixar-te, e são: sofrimentos assíduos,  reparação perpétua, amor perseverante. Se você como criatura é contínua nisto, talvez o Criador  seja menos que a criatura? Ou se deixará vencer por ela? Isto não é possível”.

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Abril 11. 1904

Jesus agradece a Luisa.

(1) Continuando o meu estado habitual, depois de ter esperado muito, assim que vi o meu adorável  Jesus disse-me:

(2) “Tu que tanto me querias contigo, o que queres, o que te importa mais?”  (3) E eu: “Senhor, nada quero, o que mais me importa é só Tu”.

(4) E Ele disse: “Como, não queres nada? Pede-me qualquer coisa, a santidade, minha graça, as

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virtudes, que Eu tudo te posso dar”.

(5) E eu disse mais uma vez: “Nada, nada, só te quero a Ti e ao que queres Tu”.  (6) E mais uma vez acrescentou: “Então não queres mais nada? Eu só basto para você? Seus  desejos não têm outra vida em você que eu só? Então toda a tua confiança deve estar só em Mim,  e apesar de não quereres nada, obterás tudo”.

(7) E sem me dar mais tempo, como relâmpago desapareceu. Então eu fiquei muito decepcionada,  especialmente porque quanto mais o chamava, não voltava, e pensava entre mim: “Eu não quero  nada, não penso, não me preocupo mas somente com Ele, e Ele parece que não se interessa por  mim, não sei como seu bom coração pode chegar a tanto”. E tantos outros disparates que eu dizia.  Agora, enquanto estava nisto, voltou e me disse:

(8) “Obrigado, obrigado. O que é mais, quando o Criador agradece à criatura ou quando a criatura  agradece ao Criador? Agora, deves saber que quando você me espera e tardo em vir, Eu te  agradeço a ti; quando venho logo, você está obrigada a me agradecer a Mim. Então, parece-te  pouco que o teu Criador te dê a ocasião de poder ficar vinculado contigo e agradecer-te?”

(9) Eu fiquei toda confusa.

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6-32

Abril 12, 1904

A paz é o maior tesouro.

(1) Esta manhã me sentia perturbada pela ausência do bendito Jesus, então depois de ter  esperado muito, assim que o vi me disse:

(2) “Minha filha, quando um rio está exposto aos raios do sol, vendo dentro dele vê-se o mesmo sol  que está no céu, mas isto acontece quando o rio está calmo, sem que nenhum vento perturbe as  águas; mas se as águas estão agitadas, apesar de o rio estar todo exposto ao sol, nada se vê, tudo  é confusão. Assim a alma quando está exposta aos raios do Sol Divino, se está calma adverte o  Sol divino em si mesma, sente o calor, vê a luz e compreende a verdade; mas, se está perturbada,  embora a tenha em si mesma, não sente outra coisa que confusão e perturbação. Por isso  considera a paz como o maior tesouro, se deseja estar unida Comigo”.

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6-33

Abril 14, 1904

Se a alma dá a Deus o alimento do amor paciente, Deus dará o pão doce da Graça.

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(1) Continuando meu estado habitual, mas sempre com imensa amargura em minha alma pela  privação do bendito Jesus, e que no máximo vem quando já não posso mais, e depois de que  quase estou persuadida de que não virá mais. Então, quando eu mal o vi carregando um cálice na  mão me disse:

(2) “Minha filha, se além do alimento do amor me der o pão de sua paciência, porque o amor  paciente e sofredor é alimento mais sólido, mais substancioso e tonificante, porque se o amor não  é paciente se pode dizer que é amor vazio, leve e sem nenhuma substância, Então, pode ser dito  que faltam as matérias necessárias para formar o pão da paciência. Portanto, se me deres este  pão, eu te darei o pão doce da graça”.

(3) E enquanto dizia isto, deu-me a beber o que estava dentro do cálice que tinha na mão, que  parecia doce, como uma espécie de licor que não sei distinguir, e desapareceu. (4) Depois disto, vi ao redor do meu leito muitas pessoas estranhas: sacerdotes, homens de bem,  mulheres que pareciam que deviam vir ao meu encontro, e alguns deles pareciam dizer ao  confessor: “Dá-nos notícias desta alma, de tudo o que o Senhor lhe manifestou, as graças que lhe  tem feito, porque nos manifestou o Senhor desde 1882 que escolhia uma vítima, e o sinal desta  vítima seria que o Senhor a teria mantido sempre neste estado como jovenzinha, tal como quando  a escolheu, sem envelhecer ou mudar a mesma natureza”. Agora, enquanto isso diziam, não sei  como eu me via tal como quando me deitei na cama, sem que tivesse mudado em nada por ter  estado tantos anos neste estado de sofrimento.

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6-34

Abril 16. 1904

Jesus e Deus Pai falam sobre a Misericórdia.

(1) Continuando o meu estado habitual encontrei-me fora de mim mesma, e via uma multidão de  povos, e no meio deles se ouviam rumores de bombas e explosões, e as pessoas caíam mortas e  feridas, os que ficavam fugiam para um palácio próximo, mas os inimigos atacavam-no e matavam nos com mais segurança do que aqueles que ficavam expostos. Então eu dizia entre mim: “Como  gostaria de ver se o Senhor está entre estas nações para lhe dizer: “Tem misericórdia, piedade  desta pobre gente”. Então eu virei e girado novamente e eu o vi como um pequeno menino, mas  pouco a pouco estava crescendo até que ele chegou à idade perfeita, então eu me aproximei e lhe  disse: “Amável Senhor, não vê a tragédia que acontece? Não queres fazer mais uso da  misericórdia, talvez queiras ter inútil este atributo que sempre glorificou com tanta honra a tua  Divindade encarnada, fazendo com ela uma coroa especial à tua augusta cabeça e adornando-te  uma segunda coroa tão querida e amada por Ti, como são as almas?” Agora, enquanto isso dizia,  Ele me disse:

(2) “Basta, basta, não vá em frente, você quer falar de misericórdia, e da justiça o que faremos? Já

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o disse e repito, é necessário que a justiça tenha o seu curso”.

(3) Portanto, tenho repetido: “Não há remédio, e para que me deixar nesta terra quando não posso  aplacar-te mais e sofrer eu em lugar de meu próximo? Sendo assim é melhor que me faças  morrer”. Enquanto eu estava nisto, via outra pessoa por detrás das costas de Jesus bendito, e  disse-me quase acenando-me com os olhos: “Apresenta-te a meu Pai e vê o que te diz”. Eu me  apresentei toda trêmula, e ele me viu e disse:

(4) “Que queres que venhas a mim?”

(5) E eu: “Bondade adorável, misericórdia infinita, sabendo que Tu és a mesma misericórdia, vim  pedir-te misericórdia, misericórdia para as tuas próprias imagens, misericórdia para as obras  criadas por Ti, misericórdia não para os outros, mas para as tuas próprias criaturas”. E Ele me  disse:

(6) “Então é misericórdia o que você quer? Mas se você quiser verdadeira misericórdia, a justiça  depois de ter desabafado, produzirá grandes e abundantes frutos de misericórdia”.  (7) Então, não sabendo mais o que dizer, disse: “Pai infinitamente santo, quando os servos, os  necessitados se apresentam aos patrões, aos ricos, se são bons, se não dão tudo o que é  necessário, dão-lhes sempre alguma coisa, e eu, que tive o bem de me apresentar ante Ti, dono  absoluto, rico sem termo, bondade infinita, nada queres dar a esta pobrezinha do que te pediu, não  fica acaso mais honrado e contente o patrão quando dá do que quando nega o que é necessário a  seus servos? Depois de um momento de silêncio há agregado:

(8) “Por amor de Ti, em vez de fazer por dez farei por cinco”.

(9) Dito isto desapareceram, e eu vi em mais partes da terra, e especialmente na Europa,  multiplicar guerras, guerras civis e revoluções.

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Abril 21, 1904

Quem tem o título de vítima pode lutar com a justiça. 

(1) Continuando o meu habitual estado, ouvia ao redor do meu leito pessoas que rogavam a nosso  Senhor, eu não prestava atenção a escutar o que queriam, prestava atenção só a que já era tarde  e que Jesus bendito não se fazia ver ainda. Oh! como se destroçava meu coração temendo que  não viesse, e dizia para mim: “Senhor bendito, estamos já na última hora, e não vem ainda? Ai! não  me dê este desgosto, pelo menos faça-se ver”. Enquanto isso dizia saiu de dentro de mim e disse  àqueles que estavam ao meu redor:

(2) “Lutar com a minha justiça não é lícito às criaturas, mas só é lícito a quem tem o título de vítima,  e não só de lutar mas de brincar com a justiça, e isto porque ao lutar ou jogar facilmente se  recebem os golpes, as derrotas, as perdas, e a vítima está pronta a receber sobre si os golpes,

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resignar-se nas derrotas e perdas sem que preste atenção às suas perdas, aos sofrimentos, senão  só à glória de Deus e ao bem do próximo. Se eu quisesse me acalmar, tenho aqui a minha vítima  que está pronta a lutar e a receber sobre si todo o furor da minha justiça”.

(3) Vê-se que estavam rogando para aplacar ao Senhor, eu fiquei mortificada e mais amarga ao  escutar isto de nosso Senhor.

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6-36

Abril 26, 1904

O hábito não faz o monge.

(1) Esta manhã, encontrando-me fora de mim mesma encontrei-me com o menino Jesus nos  braços, rodeada de várias pessoas devotas, sacerdotes, muitos dos quais estavam atentos à  vaidade, ao luxo e à moda, e parecia que diziam entre eles aquele ditado antigo O hábito não faz o  monge”. E o bendito Jesus me disse:

(2) “Amada minha, oh! como me sinto desiludido pela glória que a criatura me deve, e que com  tanta desfaçatez me nega, e até pelas pessoas que se dizem devotas”.

(3) Eu ao ouvir isto disse: “Querido do meu coração, recitemos três Glória ao Pai pondo a intenção  de dar toda a glória que a criatura deve à vossa Divindade, assim receberá pelo menos uma  reparação”.

(4) E ele: “Sim, sim, recitemos”.

(5) E recitámo-las juntos, depois recitámos uma Ave Maria, pondo também a intenção de dar à  Rainha Mãe toda a glória que lhe devem as criaturas. Oh! como era belo rezar com o bendito  Jesus, encontrava-me tão bem que continuei: “Meu amado, como gostaria de fazer a profissão de  fé nas tuas mãos ao recitar juntamente contigo o Credo”.

(6) E Ele: “O Credo o recitarás sozinha, porque a ti te corresponde, não a Mim, e o dirás a nome de  todas as criaturas para me dar mais glória e honra”.

(7) Então eu pus as minhas mãos nas suas e recitei o Credo, depois disto o bendito Jesus me  disse:

(8) “Minha filha, parece que me sinto mais aliviado e afastada aquela nuvem negra da ingratidão  humana, especialmente das devotas. ¡ Ah! minha filha, a ação externa tem tanta força de penetrar  no interior, que forma um vestido material à alma, e quando o toque divino a toca, não o sentem  vivo, porque têm a vestidura lamacenta revestindo a alma, e não sentindo a vivacidade da graça, a  graça, ou é rejeitada ou fica infrutífera. Oh! como é difícil gozar os prazeres, vestir-se de luxo  externamente, e desprezá-los internamente, acontece o contrário, isto é, amar no interior e gozar  do que externamente nos rodeia. Minha filha, considera tu mesma qual não é a dor de meu

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coração nestes tempos, ver minha graça rejeitada por todo tipo de gente, enquanto todo meu  consolo é o socorrer às criaturas, e toda a vida das criaturas é a ajuda divina, e as criaturas  rejeitam o meu socorro e a minha ajuda. Entra tu a tomar parte de minha dor e compadece minhas  amarguras”.

(9) Dito isto desapareceu, ficando toda afligida pelas penas de meu adorável Jesus.  + + + +

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Abril 29, 1904

A vida de Deus manifesta-se nas criaturas com as palavras, com as obras e com os sofrimentos, mas o que a manifesta mais claramente são os sofrimentos. 

(1) Continuando meu estado habitual, me encontrei rodeada por três virgens, as quais tomando-me  a viva força queriam me crucificar sobre uma cruz, e eu como não via ao bendito Jesus, temendo,  punha resistência, e elas vendo minha resistência me disseram: “Irmã caríssima, não temas que  não esteja nosso Esposo, deixa que te comecemos a crucificar, que o Senhor atraído pela virtude  dos sofrimentos virá, nós viemos do Céu, e como vimos males gravíssimos que estão por  acontecer na Europa, para fazer com que pelo menos aconteçam mais benignos viemos fazer-te  sofrer”. Enquanto isso me trespassaram com pregos as mãos e os pés, mas com tal crueza de dor  que me sentia morrer. Agora, enquanto sofria veio o bendito Jesus, e vendo-me com severidade  me disse:

(2) “Quem te ordenou que te pusesses nestes sofrimentos? Então para que me serves? Para não  poder nem sequer ser livre de fazer o que quero, e para ser um contínuo estorvo à minha justiça?”  (3) Eu no meu íntimo dizia: “Que quer de mim, eu nem sequer queria, foram elas que me  induziram, e a toma contra mim”. Mas não podia falar por causa da dor; aquelas virgens vendo a  severidade de nosso Senhor, mais me faziam sofrer tirando e voltando a cravar os pregos, e me  aproximavam a Ele mostrando-lhe meus sofrimentos, e quanto mais sofria, mais parecia que o  Senhor se apaziguava, e quando o viram mais apaziguado e quase enternecido por meu sofrer, me  deixaram e se foram, deixando-me só com nosso Senhor. Então Ele mesmo me assistia e  sustentava, e vendo-me sofrer, para me reanimar disse-me:

(4) “Minha filha, a minha Vida manifesta-se nas criaturas com as palavras, com as obras e com os  sofrimentos, mas o que a manifesta mais claramente são os sofrimentos”.

(5) Enquanto estava nisto, o confessor veio chamar-me à obediência, e em parte pelos sofrimentos,  e em parte porque o Senhor não me deixava, não podia obedecer. Então lamentei com meu Jesus,  dizendo: “Senhor, como é que o confessor está esta hora? Justo agora devia vir?”

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(6) E Ele: “Minha filha, deixa que fique um pouco conosco e que participe também em minhas  graças. Quando alguém continuamente frequenta uma casa, participa do pranto e do riso, da  pobreza e da riqueza; assim é do confessor, não participou de suas mortificações e privações?  Agora participa de minha presença”.

(7) Então parecia que lhe participava a força divina dizendo-lhe: “A Vida de Deus na alma é a  esperança, e por quanto esperas, tanto de Vida Divina contes em ti mesmo, e assim como a Vida  Divina contém potência, sabedoria, fortaleza, amor e outras coisas, assim a alma se sente regar  por tantos fluxos por quantas são as virtudes divinas, e a Vida Divina cresce sempre em ti mesmo;  mas se não esperas, no espiritual, e pelo espiritual participará também o corporal, a Vida Divina se  irá consumindo até apagar-se de tudo, por isso espera, espera sempre”.

(8) Depois, com esforço recebi a comunhão, e depois me encontrei fora de mim mesma e via três  homens em forma de três cavalos indômitos que desenfreados na Europa, fazendo tantos estragos  de sangue, e parecia que queriam envolver como dentro de uma rede à maior parte da Europa em  guerras encarniçadas, todos tremiam à vista destes diabos encarnados, e muitos ficavam  destruídos.

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Maio 1, 1904

O olho que se deleita só das coisas do Céu, tem a virtude de ver Jesus, e quem se deleita das coisas da terra, tem a virtude de ver as coisas da terra. 

(1) Encontrando-me no meu habitual estado, estava pensando em nosso Senhor, quando, tendo  chegado ao monte calvário, foi despido de tudo e amargurado com fel, e rogava-lhe, dizendo:  “Adorável Senhor meu, não vejo em Ti mais que uma veste de sangue adornada de chagas, e por  gosto e deleite amarguras de fel, por honra e glória confusões, opróbrios e Cruzes. Ah! não  permitas que depois de que Tu sofreste tanto, que eu não veja as coisas desta terra mais que  como esterco e lama, que não me tome outro prazer que em Ti só, e que toda minha honra não  seja outro que a cruz”. E Ele fazendo-se ver me disse:

(2) “Minha filha, se você fizesse de maneira diferente perderia a pureza do olhar, porque fazendo se um véu à vista perderia o bem de me ver, porque o olho que se recria só das coisas do Céu tem  a virtude de me ver, e quem se recria das coisas da terra tem a virtude de ver as coisas da terra,  porque o olho, vendo-as diferentes do que são, vê-as e ama-as”.

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6-39

Maio 28, 1904

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Volume 06

A mortificação derruba tudo e imola tudo a Deus. 

(1) Continuando meu habitual estado, e estando com suma amargura pelas contínuas privações de  meu adorável Jesus, fez-se ver-me dizendo:

(2) “Minha filha, a primeira mina que se deve lançar no interior da alma é a mortificação, e quando  esta mina se põe na alma lança por terra tudo, e imola tudo a Deus, porque na alma há como  tantos palácios, mas todos de vícios, como seria o orgulho, a desobediência e tantos outros vícios,  e a mina da mortificação derrubando tudo reedifica muitos outros palácios de virtudes, imolando-os  e sacrificando-os todos à glória de Deus”.

(3) Dito isto desapareceu, e depois veio o demônio que só queria molestar-me eu, sem sentir  medo, disse-lhe: “O que ganhas em irritar-me? Quer aparentar ser mais valente, toma um pau e  golpeia-me até não me deixar sequer uma gota de sangue, entendendo no entanto, que cada gota  de sangue que derramo é um testemunho de mais de amor, de reparação e de glória que intento  dar ao meu Deus”.

(4) E aquele: “Não encontro paus para poder te golpear, e se vou buscá-lo você não me espera. (5) E eu: “Vai então que aqui te espero”. E assim se foi, ficando eu com a firme vontade de esperá lo, quando com minha surpresa vi que tendo encontrado com outro demônio iam dizendo: “É inútil  que voltemos, em que aproveita a golpear se deve servir para nosso dano e com nossa perda? É  bom fazer sofrer quem não quer sofrer, porque este ofende a Deus, mas a quem quer sofrer,  fazemos- nos mal com as nossas mãos”. E não voltou, ficando eu mortificada.

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6-40

Maio 30, 1904

A Paixão serve como veste ao homem.  

A soberba transforma em demônios as imagens de Deus. 

(1) Encontrando-me em meu estado habitual, estava pensando e oferecendo a Paixão de Nosso  Senhor, especialmente a coroa de espinhos, e lhe rogava que desse luz a tantas mentes cegas,  que se fizesse conhecer, porque é impossível conhecê-lo e não amá-lo. Enquanto dizia isto, meu  adorável Jesus saiu de dentro de mim e me disse:

(2) “Minha filha, quanta ruína faz na alma a soberba, basta dizer-te que forma um muro de divisão  entre a criatura e Deus, e de imagens minhas as transforma em demônios. E além disso, se tanto  te dói e te desagrada que as criaturas sejam tão cegas que elas mesmas não entendam nem  vejam o precipício em que se encontram, e tanto deseja que Eu as ajude, minha Paixão serve  como vestes ao homem, que lhe cobre as maiores misérias, o embeleza e lhe restitui todo o bem

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Volume 06

que pelo pecado se havia tirado e perdido, pelo que Eu te faço dom de minha Paixão, a fim de que  te sirva a ti e para quem tu queiras”.

(3) Ao ouvir isto veio-me tal temor, vendo a grandeza do dom, e temendo que não soubesse usar  este dom, e por isso desagradar ao mesmo Doador; então disse: “Senhor, não sinto a força de  aceitar tal dom, sou muito indigna de tal favor, melhor fique Você que é o Tudo e tudo conhece,  conhece a quem é necessário e convém aplicar esta vestimenta preciosa e de imenso valor,  porque eu, pobrezinha, que coisa posso conhecer? E se é necessário aplicá-lo a alguém e eu não  o faço, que rigorosa conta não me pedirás?”

(4) E Jesus: “Não temas, o próprio Doador te dará a graça de não ter inútil o dom que te deu,  acreditas tu que Eu te faço um dom para te fazer mal? Não, jamais”.

(5) Então eu não soube o que responder, mas fiquei espantada e em brasas, reservando-me para  ouvir como pensava a senhora obediência. Entende-se, no entanto, que este vestido, não quer  significar outra coisa senão tudo o que fez, mereceu e sofreu nosso Senhor, onde a criatura  encontra o vestido para cobrir-se a nudez despojada de virtude, as riquezas para enriquecer-se, as  belezas para tornar-se bela e embelezada, e o remédio para todos os seus males. Depois, tendo  dito à obediência, me disse que aceitasse.

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6-41

Junho 3, 1904

Quem se deixa dominar pela cruz, destrói na alma três reinos maus que são: o mundo, o  demônio e a carne, e estabelece outros três reinos bons que são: 

o reino espiritual, o divino e o eterno.

(1) Esta manhã, como não vinha o bendito Jesus, sentia-me toda oprimida e cansada. Depois, ao  vir disse:

(2) “Minha filha, não queiras cansar-te no sofrimento, faz como se a cada instante começasses a  sofrer, porque quem se deixa dominar pela cruz destrói na alma três reinos maus, que são: o  mundo, o demônio e a carne, e estabelece outros três reinos bons que são: o reino espiritual, o  divino e o eterno”.

(3) E desapareceu.

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6-42

Junho 6, 1904

Ânimo, fidelidade e suma atenção se necessita para seguir o que a Divindade obra em nós. (1) Continuando meu habitual estado, por pouco tempo se fez ver desde dentro de meu interior,

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Volume 06

primeiro Ele só e depois as Três Divinas Pessoas, mas todas em profundo silêncio, e eu  continuava ante sua presença com meu trabalho acostumado interior, e parecia que o Filho se unia  comigo, e eu não fazia outra coisa senão segui-lo, mas tudo era silêncio, e não se fazia outra coisa  neste silêncio que fundir-se com Deus, e todo o interior, afetos, batimentos, desejos, respiros,  converteram-se em profundas adorações à Majestade Suprema. Então, depois de ter estado um  pouco tempo neste estado, parecia que as Três falavam, mas formavam uma só voz, e me  disseram:

(2) “Filha querida nossa, ânimo, fidelidade e atenção soma ao seguir o que a Divindade obra em ti,  porque tudo o que fazes não o fazes tu, senão que não fazes outra coisa que dar tua alma por  habitação à Divindade. Acontece-te a ti como a um pobre que tendo um pequeno quartinho, o rei o  pede por habitação, e ela o dá e faz tudo o que quer o rei; então, habitando o rei aquele pequeno  quartinho, contém riquezas, nobreza, glória e todos os bens, mas de quem são? Do rei, e se o rei  quiser deixá-lo, à pobre o que lhe resta? Fica-lhe sempre sua pobreza”.

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6-43

Junho 10, 1904

Jesus fala da beleza do homem.

(1) Continuando o meu habitual estado, assim que veio o meu adorável Jesus, todos os aflitos e  sofredores me disseram:

(2) “Ah! minha filha, se o homem se conhecesse a si mesmo, oh! como se cuidaria de manchar-se,  porque é tal e tanta sua beleza, sua nobreza, sua formosura, que todas as belezas e diversidade  das coisas criadas as reúne em si, e isto porque sendo criadas todas as outras coisas da natureza  para serviço do homem, e o homem devia ser superior a todas, portanto, para ser superior devia  reunir em si todas as qualidades das outras coisas criadas, e não só isso, senão que tendo sido  criadas as outras coisas para o homem e o homem só para Deus e para sua delícia, por  consequência não somente devia reunir em si todo o criado, senão que devia superá-lo até receber  em si mesmo a imagem da Majestade Suprema. E o homem, apesar de tudo isto, não cuidando de  todos estes bens, não faz outra coisa senão sujar-se com as mais feias porcarias”.

(3) E desapareceu. Então eu compreendia que a nós nos sucede como a uma pobre, que tendo  recebido um vestido tecido de ouro, enriquecido com gemas e com pedras preciosas, como não  entende nem conhece seu valor, o tem exposto ao pó, ele o suja facilmente e o tem como um  vestido tosco e de pouco valor, de modo que se o tira, pouco ou nenhum desgosto sente. Assim é  nossa cegueira a respeito de nós mesmos.

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Volume 06

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6-44

Junho 15, 1904

A criatura não é outra coisa que um pequeno 

recipiente cheio de doses de todas as partículas divinas.

(1) Encontrando-me no meu estado habitual, assim que veio me disse:

(2) “Minha querida filha, a criatura me é tão querida e a amo tanto, que se a criatura o  compreendesse lhe explodiria o coração de amor, e isto é tão certo, que ao criá-la não a fiz outra coisa que um pequeno recipiente cheio de partículas dos atributos divinos, de modo que de todo  meu Ser, atributos, virtudes, perfeições, a alma contém muitas pequenas partículas de tudo isso,  segundo a capacidade dada por Mim, e isto para que pudesse encontrar nela outros tantos  pequenos distintivos correspondentes aos meus atributos e assim poder deleitar-me e brincar  perfeitamente com ela. Agora, este pequeno recipiente cheio do divino, quando a alma se ocupa  das coisas materiais e as faz entrar nela, feita fora alguma coisa do divino e toma seu lugar alguma  coisa material; que afronta recebe a Divindade e que dano à alma; mas se por necessidade se  ocupa das coisas materiais, quanta atenção se requer para não as fazer entrar! Você, filha, está  atenta, de outra maneira, se vejo em você alguma coisa que não seja divina, Eu não me farei ver  mais”.

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6-45

Junho 17, 1904

A consumação da vontade humana na divina nos torna uma só coisa  

com Deus, e põe em nossas mãos o divino poder.

(1) Esta manhã, depois de muito esperar, o bendito Jesus veio e me disse:

(2) “Minha filha, olha quantas coisas se dizem de virtude, de perfeição, porém vão acabar todas em  um só ponto, isto é, na consumação da vontade humana na Divina. Assim, quem mais está  consumado nesta, pode-se dizer que contém tudo e é o mais perfeito de todos, porque todas as  virtudes e obras boas são tantas chaves que nos abrem os tesouros divinos, fazem-nos adquirir  mais amizade, mais intimidade, mais trato com Deus, mas só a consumação é a que nos torna uma  coisa com Ele e põe em nossas mãos o divino poder, e isto porque a vida deve ter uma vontade  para viver, agora, vivendo da Vontade Divina, naturalmente se torna dona”.

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Junho 19, 1904

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Volume 06

Fala de castigos. 

(1) Encontrando-me no meu estado habitual, ouvia a meu adorável Jesus que dizia junto a mim: (2) “Minha filha, em que momento tão doloroso está entrando a Igreja, mas toda a glória nestes  tempos é daqueles espíritos atléticos que não pondo atenção a cordas, cadeias e penas, não  fazem outra coisa que romper o caminho espinhoso que divide a sociedade de Deus”.  (3) Depois continuou: “No homem vê-se uma avidez de sangue humano. Ele a partir da terra, e Eu  do Céu enviarei terremotos, incêndios, furacões, desgraças, para fazê-los morrer em boa parte”. + + + + +

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Junho 20, 1904

As almas vítimas são filhas da Misericórdia.  

(1) Depois de ter esperado muito, assim que veio o bendito Jesus me disse:  (2) “Minha filha, chegou a tanto a perfídia humana, de esgotar por sua parte minha misericórdia,  mas minha bondade é tanta, de constituir as filhas da misericórdia, a fim de que também por parte  das criaturas não fique esgotado este atributo, e estas são as vítimas que estão em plena posse da  Vontade Divina por haver destruído a própria, porque nestas, o recipiente dado a elas por Mim ao  criá-las está em pleno vigor, e tendo recebido a partícula de minha Misericórdia, sendo filha a  fornece a outros. Entende-se, no entanto, que para administrar a misericórdia aos outros deve ser  encontrada ela na justiça”.

(3) E eu: “Senhor, quem pode ser encontrado na justiça?”

(4) E Ele: “Quem não comete pecados graves e quem se abstém de cometer pecados veniais  ligeiros, por sua própria vontade”.

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Junho 29, 1904

Sinal para saber que Deus se retira do homem. 

(1) Esta manhã encontrando-me no meu estado habitual, apenas se fez ver o meu adorável Jesus  me disse:

(2) “Minha filha, o sinal de que minha justiça não pode mais suportar ao homem e está em ato de  mandar graves castigos, é quando o homem não pode suportar-se mais a si mesmo, porque Deus  rechaçado pelo homem, dele se retira e faz sentir ao homem todo o peso da natureza, do pecado e  das misérias, e o homem não podendo suportar o peso da natureza sem a ajuda divina, procura ele  mesmo o modo de destruir-se. Em tal estado encontra-se agora a presente geração”.

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Volume 06

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Julho 14, 1904

A vida é uma consumação contínua. 

(1) Os meus dias estão a tornar-se cada vez mais dolorosos devido às privações quase contínuas  de meu adorável Jesus, eu mesma não sei por que me sinto devorar a alma e também o corpo por  esta separação. Que duro martírio! Meu único consolo é a Vontade de Deus, porque se tudo o  perdi, inclusive a Jesus, só esta santa e dulcíssima Vontade de Deus está em meu poder, mas  como também sinto que me devora o corpo, me engano de que não está tão distante a separação  dele, porque lamento sucumbir, e por isso espero que um dia o Senhor me chame a Si e termine  esta dura separação. Por isso, esta manhã depois de ter esperado muito, assim que veio me disse:  (2) “Minha filha, a vida é uma consumação contínua, quem a consome pelos prazeres, quem pelas  criaturas, quem por pecar, outros pelos interesses, algum por caprichos, há tantos tipos de  consumação. Agora, quem esta consumação a forma toda em Deus, pode dizer com toda certeza:  Senhor, minha vida se consumiu de amor por Ti, e não só me consumiu, senão que estou morta só  por teu amor”. Por isso, se tu te sentes consumir continuamente por minha separação, podes dizer  que morres continuamente em Mim, e tantas mortes sofres por amor meu. E se você consome seu  ser por Mim, por quanto se consome de você, outro tanto adquire de divino em si mesma”

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Julho 22, 1904

Só a estabilidade é a que faz conhecer o progresso da Vida Divina na alma.  

(1) Continuando meu habitual estado, assim que veio o bendito Jesus me disse:  (2) “Minha filha, quando a alma se propõe não pecar, ou bem fazer um bem e não segue os  propósitos feitos, significa que não se faz com toda a vontade, e que a luz divina não teve contato  com a alma, porque quando a vontade é verdadeira e a luz é divina, lhes faz conhecer o mal a  evitar ou o bem a fazer, e dificilmente a alma não segue o que se propôs, e isto porque a luz divina  não vendo a estabilidade da vontade, não fornece a luz necessária para evitar um e para fazer o  outro, no máximo podem ser momentos de desventura, abandonos de criaturas, ou qualquer outro  acidente pelo que a alma parece que se quereria destruir por Deus, que quer mudar de vida, mas  apenas o vento dos acidentes muda, que logo muda a vontade humana. Assim, em vez de vontade  e luz, pode-se dizer que há uma mistura de paixões segundo as mudanças dos ventos. Assim que  só a estabilidade é a que faz conhecer o progresso da Vida Divina na alma, porque sendo Deus  imutável, quem o possui participa de sua imutabilidade no bem”.

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Volume 06

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Julho 27, 1904

Tudo deve ser selado pelo amor.

(1) Encontrando-me em meu estado habitual, meu adorável Jesus saiu de meu interior, e tendo-me  levantada a cabeça, que pelo prolongado do tempo que o esperei estava muito cansada, me disse:  (2) “Minha filha, a quem verdadeiramente me ama, tudo o que lhe acontece, interior e exterior,  devora tudo numa só coisa, na Vontade Divina. De todas as coisas nenhuma lhe parece estranha,  olhando-as como um produto de Divina Vontade, por isso Nela tudo consome, seu centro, sua  mira, é única e somente a Vontade de Deus; assim que nela sempre gira como dentro de um anel,  sem encontrar jamais o caminho para sair, fazendo dela o seu alimento contínuo”.

(3) Dito isto desapareceu, e depois de ter retornado adicionou:

(4) “Filha, faz com que tudo te seja selado pelo amor, assim se pensas, deves só pensar no amor,  se falas, se obras, se palpita, se desejas; inclusive um só desejo que saia de ti que não seja amor,  roda-o em ti mesma e converte-o em amor, e depois dá-lhe a liberdade de sair”.  (5) E enquanto dizia isto, parecia que com a sua mão tocava toda a minha pessoa, colocando  tantos selos de amor.

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Julho 28, 1904

A alma desapegada de tudo, em tudo encontra Deus. 

(1) Esta manhã me encontrando em meu habitual estado, por uns momentos veio o Bendito Jesus  e me disse:

(2) “Minha filha, quando a alma está desapegada de tudo, em todas as coisas encontra Deus,  encontra-o em si mesma, encontra-o fora de si mesma, encontra-o nas criaturas, assim pode dizer  que todas as coisas se convertem em Deus para a alma desapegada de tudo, mais ainda, não só o  encontra, mas o olha, o sente, o abraça, e como em tudo o encontra, assim todas as coisas lhe  proporcionam a ocasião de adorá-lo, de lhe implorar, de lhe agradecer, de se estreitar mais  intimamente a Ele, e além disso, seus lamentos por minha privação não são razoáveis, pois se  você me sente em seu interior, é sinal de que não só estou fora mas também dentro, como no meu  próprio centro”.

(3) Eu esqueci de dizer no início, que foi trazido para mim pela Rainha Mãe, e como eu lhe  implorava para me contentar e não me deixar privado dele, Jesus abençoado respondeu como está  escrito acima.

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Volume 06

Julho 29, 1904

A fé faz conhecer a Deus, mas a confiança fá-lo encontrar.

(1) Continuando o meu estado habitual, mal vi o meu adorável Jesus, e eu disse-lhe: “Meu Senhor  e meu Deus”. E Ele disse:

(2) “Deus, Deus, só Deus; filha, a fé faz conhecer a Deus, mas a confiança fá-lo encontrar, assim  que a fé sem a confiança é fé estéril. E embora a fé possua imensas riquezas para que a alma  possa enriquecer, se falta a confiança fica sempre pobre e desprovida de tudo”.  (3) Então, enquanto dizia, sentia-me atraída a Deus, e ficava absorvida nele como uma gotinha de  água no imenso mar, por mais que olhasse não encontrava nem os confins ao largo nem ao longo,  nem ao alto, Céus e terra, viadores e bem-aventurados, todos estavam imersos em Deus. Depois  via também as guerras, como a da Rússia com o Japão, os milhares de soldados que morreram ou  que morrerão, e que por justiça, ainda natural, a vitória será do Japão; também outras nações  europeias estão tramando maquinações de guerra contra as mesmas nações da Europa. Mas  quem pode dizer tudo o que se via de Deus e em Deus? Para terminar ponho ponto.

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Julho 30, 1904

Desapego que devem ter os sacerdotes.

(1) Esta manhã o bendito Jesus não vinha, e eu encontrando-me fora de mim mesma girava e  voltava a girar em busca de meu sumo e único bem, e não encontrando-o, minha alma se sentia  morrer a cada instante, mas o que aumentava minha dor era que enquanto me sentia morrer, não  morria, porque se eu pudesse morrer teria alcançado minha finalidade, ao me encontrar para  sempre no centro Deus. Oh! separação, como é amarga e dolorosa, não há pena que possa

comparar-se a ti. Oh! privação divina, tu consomes, tu trespassas, tu és uma faca de dois gumes,  que de um lado corta e do outro queima, a dor que provocas é tão imensa porque imenso é Deus. (2) Agora, enquanto andava vagando me encontrei no purgatório, e minha dor, meu pranto, parecia  que aumentava a dor daquelas pobres almas privadas de sua vida: “Deus”. Então, entre estas  almas parecia que haviam sacerdotes, um dos quais parecia que sofria mais que os outros, e este  me disse:

(3) “Meus graves sofrimentos provêm de que em vida fui muito apegado aos interesses da família,  às coisas terrenas e um pouco de apego a alguma pessoa, e isto produz tanto mal ao sacerdote,  que forma uma couraça de ferro enlameada, que como veste o envolve, e só o fogo do purgatório e  o fogo da privação de Deus, que comparado com o primeiro fogo, desaparece o primeiro, pode  destruir essa couraça. Oh, quanto sofro! Minhas penas são inenarráveis, roga, roga por mim”.

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Volume 06

(4) Então eu me sentia mais aflita e me encontrei em mim mesma, e depois, apenas vi a sombra do  bendito Jesus e me disse:

(5) “Minha filha, o que tens procurado? Para ti não há outros alívios e ajudas que Eu só”.  (6) E como um relâmpago desapareceu. E eu fiquei dizendo: Ah! Ele mesmo me diz? Que só Ele é  tudo para mim, no entanto tem a coragem de me deixar privada e sem Ele”.  + + + +

6-55

Julho 31, 1904

A vontade humana falsifica e profana até as obras mais santas.

(1) Continuando meu pobre estado, parece que Jesus veio mais de uma vez, e parecia que o via  menino circundado como por uma sombra, e me disse:

(2) “Filha, não sente a frescura da minha sombra? Repõe-te nela porque encontrarás alívio”.  (3) E parecia que repousávamos juntos à sua sombra, e me sentia toda reanimada junto a Ele, e  depois continuou:

(4) “Minha querida, se você me ama, não quero que você olhe nem em si mesma nem fora de  você, nem se está quente ou fria, nem se faz muito ou pouco, nem se sofre ou goza, tudo isto deve  ser destruído em ti e só deves te fixar se fazes quanto mais podes por Mim e tudo por me agradar,  os outros modos, por quanto altos, sublimes e laboriosos, não podem me agradar e contentar meu  amor. Oh! quantas almas falsificam a verdadeira devoção e profanam as obras mais santas com a  própria vontade, buscando-se sempre a si mesmas. E se também nas coisas santas se busca o  modo e o gosto próprio e a satisfação de si mesma, encontra-se a si mesma, foge Deus, e não o  encontra”.

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Agosto 4, 1904

A glória dos bem-aventurados no Céu será de acordo com os modos 

como se comportaram com Deus na terra. Do modo como é Deus 

para a alma, pode-se ver como a alma é para Deus. 

(1) Esta manhã, tendo vindo o bendito Jesus me transportou para fora de mim mesma, e tomando me com a mão me conduziu até a abóbada do céu, de onde se viam os bem-aventurados, ouvia-se  seu canto. Oh! como os bem-aventurados nadavam em Deus, via-se a vida deles em Deus, e a  vida de Deus neles, a mim isto parece-me ser o essencial da sua felicidade. Parece-me também  que cada bem-aventurado é um novo céu naquela bem-aventurada morada, mas todos distintos entre eles, não há um igual a outro, e isto vem de acordo com os modos com que se comportaram  com Deus sobre a terra: Alguém procurou amá-lo mais, este o amará mais no Céu e receberá de

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Volume 06

Deus sempre novo e mais crescente amor, e este céu ficará com uma tinta e um lineamento divino  todo especial. Outro tem procurado glorificá-lo demais, Deus bendito lhe dará sempre mais glória  crescente, para ficar este novo céu mais glorioso e glorificado da mesma glória divina. E assim de  todos os outros modos distintos que cada um teve com Deus na terra, que se eu quisesse dizer  tudo me alongaria muito. Assim, pode-se dizer que o que se faz para Deus na terra, o  continuaremos no Céu, mas com maior perfeição, então o bem que fazemos não é temporal, senão  que durará para toda a eternidade e resplandecerá ante Deus e em torno de nós continuamente. ”  Oh! como seremos felizes vendo que todo nosso bem e a glória que demos a Deus, e a nossa,  vem daquele pouco de bem iniciado imperfeitamente sobre a terra; se todos pudessem vê-lo, oh!  como se apressariam para amar, louvar, agradecer e mais ao Senhor, para poder fazê-lo com  maior intensidade no Céu. Mas quem pode dizer tudo? Mas parece-me que estou dizendo tantos  desatinos daquela bem-aventurada morada, a mente o capta de um modo, a boca não encontra as  palavras para saber-se manifestar, por isso passo a outra coisa.

(2) Depois me transportou para a terra. Oh! como os males da terra são assustadores nestes tristes  tempos, no entanto parecem nada ainda em comparação com o que virá, tanto no estado religioso,  que parece que seus próprios filhos vão rasgar esta boa e santa mãe, a Igreja; como no estado  secular. Então, depois disto me reanimou e me disse:

(3) “Minha filha, me diga um pouco o que sou Eu para você”.

(4) E eu: “Tudo, és tudo para mim, nada entra em mim exceto Tu só, tudo corre fora”. (5) E Ele: “E Eu sou tudo, tudo para ti, nada de ti sai fora de Mim, senão que todo me deleito em ti.  Assim como Eu sou para você, você pode ver como você é para Mim”.

(6) Disse isso desapareceu.

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Agosto 5, 1904

Jesus é o governante dos reis e o senhor dos dominadores.

(1) Continuando meu estado habitual, o bendito Jesus veio em ato de reger e dominar tudo, e de  reinar com a coroa de rei na cabeça e com o cetro de comando na mão, e enquanto o via nesta  atitude me disse, mas em latim, pelo que eu digo como tenho entendido:

(2) “Minha filha, Eu sou o governante dos reis e Senhor dos dominadores, e só a Mim corresponde  este direito de justiça que me deve a criatura, e que não dando-me isso, me desconhece como  Criador e dono de tudo”.

(3) E enquanto dizia isto, parecia que pegava o mundo pela mão e o agitava de cima a baixo para  fazer com que as criaturas se submetessem a seu regime e domínio. E ao mesmo tempo via  também como nosso Senhor regia e dominava minha alma com uma maestria tal, que me sentia  toda abismada nele, e dele partia o regime de minha mente, dos afetos, dos desejos, assim que

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Volume 06

entre Ele e eu havia tantos fios elétricos, que tudo dirigia e dominava.

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Agosto 6, 1904

A privação é pena de fogo que acende, consome, aniquila, e sua finalidade é destruir a vida humana, para dar lugar à vida divina. 

(1) Esta manhã me passei muito amarga pela privação de meu sumo e único bem, era tanto a dor  da privação, que encontrando-me fora de mim mesma, era tanta a pena da alma, que a mesma  pena lhe fornecia tal força, que o que encontrava queria destruir como se fosse um obstáculo para  encontrar seu tudo, Deus, e não encontrando-o gritava, chorava, corria mais que o vento, queria  transtornar tudo, pôr tudo de cabeça para encontrar a vida que lhe faltava. Oh! privação, quão  intensa é sua amargura, sua dor é sempre nova, e porque é sempre nova a alma sente sempre  nova a acerbidade da pena; minha alma sente como se uma só carne se separasse em tantos  pedaços, e todos aqueles pedaços pedem com justiça a própria vida, e só a encontrarão se  encontrarem a Deus mais que vida própria. Mas quem pode dizer o estado em que me encontrava?  Enquanto eu estava nisso, havia muitos santos, anjos, almas purgantes fazendo-me coroa ao redor  e impedindo-me de correr, compadecendo-me e assistindo-me, mas para mim era tudo inútil,  porque entre eles não encontrava Aquele que era o único que podia mitigar a minha dor e restituir me a vida, e mais gritava chorando: “Dizei-me, onde, onde o posso encontrar? Se querem ter  piedade de mim, não demorem em indicá-lo, porque não posso mais”. Então, depois disto saiu do  fundo de minha alma, parecia que fingia dormir sem sentir pena da dureza do meu pobre estado, e  apesar de que Ele não sentia pena e dormia, ao só vê-lo respirei a própria vida como se respira o  ar, dizendo: “Ah, está aqui comigo” No entanto não isenta de pena ao ver que nem sequer me  punha atenção. Por isso, depois de muito pesar, como se tivesse acordado me disse:

(2) “Minha filha, todas as outras tribulações podem ser penitências, expiações, satisfações, mas só  a privação é pena de fogo que acende, consome, aniquila, e não se rende se não vê destruída a  vida humana, mas enquanto consome, vivifica e constitui a Vida Divina.

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Agosto 7, 1904

Os primeiros a perseguir a Igreja serão os religiosos.

(1) Encontrando-me no meu estado habitual, encontrei-me rodeada de anjos e santos, que me  disseram:

(2) “É necessário que você sofra mais pelas coisas iminentes que estão para acontecer contra a  Igreja, porque se não acontecerem imediatamente, o tempo as fará acontecer mais moderadas e  com menor ofensa de Deus”.

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(3) E eu disse: “Porventura está em meu poder sofrer? Se o Senhor me dá, de boa vontade  sofrerei”. Entretanto fui tomada e levada ao trono de nosso Senhor, e todos pediam que me fizesse  sofrer, e Jesus bendito, vindo ao nosso encontro na forma de crucificado, participava-me das suas  dores, e não só uma vez, senão que quase toda a manhã a passei em contínuas renovações da  crucificação, e depois me disse:

(4) “Minha filha, os sofrimentos desviam minha justa ira e se renova a luz da graça nas mentes  humanas. Ah! filha, você acha que serão os leigos os primeiros a perseguir minha Igreja? Ah! não,  serão os religiosos, as mesmas cabeças, que fingindo por agora filhos, pastores, mas no fundo são  serpentes venenosas que se envenenam a si mesmos e aos demais, os que começarão a  prejudicar entre si mesmos esta boa mãe, e depois seguirão os leigos”.

(5) E depois, tendo-me chamado a obediência, o Senhor retirou-se mas todo amargurado.  + + + +

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Agosto 8, 1904

Buscar a Jesus no nosso interior, não no exterior. 

Tudo deve estar encerrado numa palavra: “Amor”. Quem ama a Jesus é outro Jesus.

(1) Continuava esperando, e assim que veio o meu adorável Jesus, se bem o sentia próximo, mas  fazia por tocá-lo e fugia, e quase me impedia sair de mim mesma para ir em sua busca. Depois de  ter esperado muito, assim que se fez ver me disse:

(2) “Minha filha, não me busques fora de ti senão dentro de ti, no fundo de tua alma, porque se saíres fora e não me encontrares sofrerás muito e não poderás resistir; se me podes encontrar com  mais facilidade, por que te queres fatigar?”

(3) E eu: “Creio que se não te encontro rápido em mim, posso te encontrar fora, é o amor que me  empurra a isto”.

(4) E Ele: “Ah! É o amor que te empurra para isto? Tudo, tudo deveria estar encerrado em uma só  palavra: “Amor”, e quem não encerra tudo nisto, pode-se dizer que do amar-me a alma não  conhece nem sequer um jota, e à medida que a alma me ame, assim lhe aumentarei o dom do  sofrer”.

(5) E eu, interrompendo a sua fala, toda surpreendida e aflita, disse: “Vida minha e todo o meu  bem, então eu pouco ou nada sofro, por conseguinte pouco ou nada te amo, que espanto, ao só  pensar que não te amo minha alma sente por isso um vivo desgosto, e quase me sinto ofendida  por Ti”.

(6) E Ele acrescentou: “Eu não tento te desagradar, teu desgosto oprimia mais meu coração que o  teu, e além disso não deves olhar só os sofrimentos corporais, senão também os espirituais, a

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vontade verdadeira que tens de sofrer, porque o querer a alma verdadeiramente sofrer, diante de  mim é como se a alma o tivesse sofrido, por isso acalma-te e não te perturbes, e deixa-me  continuar a dizer: Você nunca viu dois amigos íntimos? Oh! Como tratam de imitar-se um ao outro  e de retratar em si mesmo o amigo, portanto imitam a voz, os modos, os passos, as obras, os  vestidos, assim que o amigo pode dizer: Aquele que me ama é outro eu mesmo, e sendo eu  mesmo não posso fazer menos que amá-lo”. Assim faço Eu pela alma que se fecha a toda si  mesma como dentro de um breve giro de amor, todo Eu me sinto como retratado nela mesma, e  encontrando-me Eu mesmo, de todo coração a amo, e não posso fazer outra coisa que estar com  ela, porque se a deixo me deixaria a Mim mesmo”.

(7) Enquanto isto dizia desapareceu.

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Agosto 9, 1904

Não são as obras que constituem o mérito do homem, mas apenas a obediência,  como parto da Vontade Divina. 

(1) Tendo tardado em vir, de repente, como um golpe de luz veio e fiquei dentro e fora toda cheia  de luz, mas não sei dizer o que nesta luz compreendeu e provou minha alma, só digo que depois o  bendito Jesus me disse:

(2) “Minha filha, não são as obras que constituem o mérito do homem, mas somente a obediência é  a que constitui todos os méritos como parto da Vontade Divina, tanto que tudo o que fiz e sofri no  curso de minha Vida, tudo foi parto da Vontade do Pai, por isso os meus méritos são inumeráveis,  porque todos foram constituídos pela obediência divina. Por isso Eu não olho tanto para a  multiplicidade e grandeza das obras, mas à conexão que têm, diretamente à obediência divina, ou  indiretamente à obediência de quem me representa”.

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Agosto 10, 1904

Deus sabe o número, o valor, o peso de todas as coisas criadas. 

(1) Encontrando-me fora de mim mesma, encontrei-me girando nas igrejas, fazendo a  peregrinação a Jesus Sacramentado com o anjo guardião, e tendo dito dentro de uma igreja:  “Prisioneiro de amor, Tu estás abandonado e sozinho, e eu vim fazer-te companhia e, enquanto te  faço companhia, tento amar-te por quem te ofende, louvar-te por quem te despreza, agradecer por  quem derramaste graças e não te rende o tributo do agradecimento, consolar-te por quem te aflige,

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reparar-te qualquer ofensa, numa palavra, tento fazer-te tudo o que as criaturas estão obrigadas a  fazer-te por teres ficado no Santíssimo Sacramento, e tantas vezes tento repeti-las por quantas  gotas de água, quantos peixes e grãos de areia há no mar”. Enquanto dizia isto, diante da minha  mente puseram-se todas as águas do mar e dentro de mim dizia: “A minha vista não pode abranger  toda a vastidão do mar, nem conhece a profundidade e o peso daquelas imensas águas, mas o  Senhor conhece o número, o seu peso e medida”. E ficava toda maravilhada. Enquanto estava  nisto o bendito Jesus me disse:

(2) “Tola, tola que és, por que te admiras tanto? O que à criatura é difícil e impossível, ao Criador é  fácil e possível, e inclusive natural; acontece nisto como a alguém que olhando em um abrir e  fechar de olhos milhões e milhões de moedas, diz para si: “São inumeráveis, quem as pode  contar? Mas quem as pôs naquele lugar, numa palavra pode dizer tudo, são tantas, valem tanto,  pesam tanto; minha filha, eu sei quantas gotas de água pus Eu mesmo no mar, e ninguém pode  me perder nem sequer uma só, Eu numerei tudo, pesei tudo e avaliei tudo, e assim de todas as  outras coisas; então, que maravilha que saiba tudo”.

(3) Ao ouvir isto deixei de me admirar, mas bem me admirei de minha loucura.

+ + + + +

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Agosto 12, 1904

O homem destrói a beleza com a qual Deus o criou. 

(1) Continuava esperando, quando de improviso me encontrei toda eu mesma dentro de nosso  Senhor, e da cabeça dele descia um fio luminoso à minha que me amarrava toda para ficar dentro  de Jesus. Oh! Como estava feliz de estar dentro Dele, por quanto olhava não descobria outra coisa  que a Ele sozinho, e esta é minha máxima felicidade, só, só Jesus e nada mais, oh! como se está  bem. Enquanto isso me disse:

(2) “Coragem, minha filha, não vês como o fio da minha Vontade te ata toda dentro de Mim? Então,  se qualquer outra vontade quer amarrá-lo, se não é santa não pode, porque estando dentro de  Mim, se não é santa não pode entrar em Mim”.

(3) E enquanto dizia isto, via e via, e depois acrescentou:

(4) “Criei a alma de uma beleza singular, dotei-a de uma luz superior a qualquer luz criada, não  obstante o homem destrói esta beleza na fealdade e esta luz nas trevas”.

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Agosto 14, 1904

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A alma, quanto mais golpes da cruz a abatem, tanto mais luz adquire.

(1) Encontrando-me um pouco sofredora, o bendito Jesus ao vir me disse:

(2) “Filha amada minha, quanto mais atingido o ferro, mais brilho adquire, e ainda que o ferro não  tivesse ferrugem, os golpes servem para mantê-lo brilhante e sem pó; assim que qualquer que se  aproxima facilmente se olha refletido naquele ferro como se fosse um espelho. Assim a alma,  quanto mais os golpes da cruz a abatem, tanta luz adquire e se mantém limpa qualquer mínima  coisa, de modo que qualquer que se aproxima se olha dentro como se fosse espelho, e  naturalmente sendo espelho faz seu ofício, isto é, de fazer ver se os rostos estão manchados ou  limpos, se bonitos ou feios, e não só isso, senão que Eu mesmo me deleito de ir a me olhar nela,  pois não encontro nela nem pó nem outra coisa que me impeça de fazer refletir nela minha  imagem, por isso a amo sempre mais”.

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Agosto 15, 1904

A melancolia é para a alma como o inverno às Plantas. O triunfo da Igreja não está longe.

(1) Esta manhã sentia-me muito oprimida, e sentia uma melancolia que me enchia toda a alma.  Parece que o bendito Jesus não me fez esperar tanto, e ao me ver tão oprimida me disse:  (2) “Minha filha, o que tem com esta melancolia? Não sabes tu que a melancolia é para a alma  como o inverno para as plantas, que as despoja de folhas e as impede de produzir flores e frutos,  tanto que se não viesse a alegria da primavera e do calor, as pobres plantas ficariam desativadas  e terminariam por secar-se? Assim é a melancolia à alma, a despoja da frescura divina que é como  chuva que lhe faz reverdecer todas as virtudes; a inabilita para fazer o bem, e se o fizer, fá-lo-á  cansativamente e quase por necessidade, mas não por virtude; impede-a de crescer na graça, e se  não se agita com uma santa alegria, que é uma chuva primaveril que dá em brevíssimo tempo o  desenvolvimento às plantas, terminará por secar-se no bem”.

(3) Agora, enquanto dizia isto, dentro de um relâmpago vi toda a Igreja, as guerras que devem  sofrer os religiosos e que devem receber dos demais; guerras entre a sociedade, parecia uma briga  geral; parecia também que o Santo Padre devia servir-se de pouquíssimas pessoas religiosas,  tanto para reduzir a boa ordem o estado da Igreja, os sacerdotes e outros, como pela sociedade  neste estado de perplexidade. Agora, enquanto via isto, o bendito Jesus disse-me:

(4) “Acreditas tu que o triunfo da Igreja está distante?”

(5) E eu: “Certo, quem deve pôr a ordem a tantas coisas transtornadas?

(6) E Ele: “Ao contrário, digo-te que está próximo, é um choque que deve acontecer, mas forte, e  por isso permitirei tudo junto entre os religiosos e os leigos para abreviar o tempo. E neste choque

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que trará um transtorno forte, acontecerá o choque bom e ordenado, mas em tal estado de  mortificação, que os homens se verão perdidos, e aí lhes darei tanta graça e luz, para conhecer o  mal e abraçar a verdade, fazendo-te sofrer também por este propósito. Se com tudo isto não me  escutam, então te levarei ao Céu, e as coisas acontecerão ainda mais graves e esperarão mais  para que chegue o desejado triunfo”.

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Agosto 23, 1904

Castigos, também na Itália.  

(1) Esta manhã passei-a amargamente, privada quase totalmente do meu bendito Jesus, só que  me encontrava fora de mim mesma no meio de guerras e pessoas mortas, países sitiados, e  parecia que acontecia também na Itália. Que espanto sentia, queria subtrair-me de cenas tão  dolorosas, mas não podia, uma potência suprema me tinha ali pregada; se era anjo ou santo não  sei dizer com segurança, disse-me:

(2) “Pobre Itália, como será destruída por guerras”.

(3) Ao ouvir isto fiquei ainda mais espantada, e encontrei-me em mim mesma, e não tendo visto  Aquele que é a minha vida, e com todas aquelas cenas na mente, sentia-me a morrer. Então vi  apenas um braço e me disse:

(4) “Certamente haverá alguma coisa na Itália”.

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Setembro 2, 1904

Só Deus tem poder para entrar nos corações e dominá-los como lhe aprouver.  Novo modo como os sacerdotes devem se comportar.  

(1) Encontrando-me em meu habitual estado me sentia toda oprimida, com o agregado temor de  que meu pobre estado fosse toda obra diabólica, e me sentia consumir alma e corpo. Depois,  assim que veio, disse-me:

(2) “Minha filha, por que te perturbas tanto? Não sabes tu que se se unirem todas as potências  diabólicas, não podem entrar dentro de um coração e tomar domínio dele, a menos que a própria  alma, por sua própria vontade lhes dê a entrada? Só Deus tem este poder de entrar nos corações e  dominá-los como lhe aprouver”.

(3) E eu: “Senhor, por que me sinto consumir alma e corpo quando me privas de Ti? Não é  porventura este o sopro diabólico que penetrou na minha alma e que assim me  menta?”

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(4) E Ele: “Antes te digo que é o sopro do Espírito Santo, que soprando sobre ti continuamente te  tem sempre acesa, e te consome por amor seu”.

(5) Depois disto encontrei-me fora de mim mesma e via o Santo Padre assistido por nosso Senhor,  que estava escrevendo um novo modo como devem comportar-se os sacerdotes, o que devem  fazer e o que não devem fazer, para onde não devem ir, e impunha castigos a quem não se  submetia à sua obediência.

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Setembro 7, 1904

A atenção para não cometer pecado, suplique a dor do pecado.  

(1) Estava pensativa por ter lido num livro, que o motivo de tantas vocações frustradas é a contínua  falta da dor do pecado, e como eu não penso nisto e só penso em Jesus bendito e no modo como  fazê-lo vir, e de nenhuma outra coisa me ocupo, pensei entre mim que estava em mau estado.  Depois, encontrando-me em meu estado habitual, o bendito Jesus me disse:

(2) “Minha filha, a atenção em não cometer pecado supre a dor, e ainda que alguém sentisse dor, e com tudo e isso cometesse pecado, sua dor seria vã e infrutífera, enquanto a atenção contínua  para não cometer pecados não só tem o lugar da dor, senão que força a graça a ajudá-la  continuamente em modo especial a não cair em pecado, e mantém a alma sempre limpa. Por isso

continua a estar atenta a não me ofender nem minimamente, e isto suplantará o resto”.  + + + +

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Setembro 8, 1904

O desalento mata mais almas que todos os outros vícios. 

A coragem faz reviver, e é o ato mais louvável que a alma pode fazer. 

(1) Continuando o meu estado habitual, o meu adorável Jesus não vinha. Então, tendo esperado  muito me sentia toda desalentada e temia muito que esta manhã não viesse. Depois, assim que  veio, disse-me:

(2) “Minha filha, não sabes tu que o desânimo mata mais almas que o resto dos vícios? Por isso,  coragem, coragem, porque assim como o desencorajamento mata, assim o valor, a coragem fazem  reviver, e é o ato mais louvável que a alma pode fazer, porque enquanto se sente desencorajada,  do mesmo desencorajamento toma valor, anula-se a si mesma e espera; e desfazendo-se a si  mesma, já se encontra recusada em Deus”.

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Setembro 9, 1904

Assim que a alma sai do fundo da paz, assim sai do ambiente divino. 

A paz faz descobrir se a alma busca a Deus por Deus, ou por si mesma. 

(1) Continuando o meu estado habitual, sentia-me perturbada pela ausência do meu adorável  Jesus. Por isso, depois de ter esperado muito, veio e me disse:

(2) “Minha filha, assim que a alma sai do fundo da paz, sai do ambiente divino e se encontra no  ambiente, ou diabólico ou humano. Só a paz é a que faz descobrir se a alma busca a Deus por  Deus ou por si mesma, e se obra por Deus, ou bem por si mesmo ou pelas criaturas, porque se é  por Deus, a alma não é jamais perturbada, pode-se dizer que a paz de Deus e a paz da alma se  entrelaçam juntas, e ao redor da alma se alargam os limites da paz, de modo que tudo se  transforma em paz, mesmo as mesmas guerras. E, se a alma está perturbada, ainda que fosse nas  coisas mais santas, no fundo vê-se que não está Deus, senão o próprio eu ou qualquer fim  humano. Por isso, quando não se sente em calma, sinta-se um pouco para ver o que há no fundo,  destrua-o e encontrará paz”.

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Setembro 13, 1904

A verdadeira doação é ter sacrificado continuamente a própria vontade, e isto é um martírio de atenção contínua que a alma faz a Deus. 

(1) Encontrando-me no meu estado habitual, depois de ter esperado muito, Jesus fez-se ver que  estava apertado a mim, tendo o meu coração entre as suas mãos, e olhando-me fixamente disse me:

(2) “Minha filha, quando uma alma me deu sua vontade, não é dona de fazer mais o que lhe  agrada, de outra maneira não seria verdadeira doação. Enquanto que a verdadeira doação é ter  sacrificado continuamente a própria vontade Àquele que lhe foi doada, e isto é um martírio de  atenção contínua que a alma faz a Deus. O que você diria de um mártir que hoje se oferece a  sofrer qualquer tipo de penas, e amanhã se retira? Dirias que não tinha verdadeira disposição ao  martírio, e que um dia ou outro acabará por renegar a fé. O mesmo digo Eu à alma que não me  deixa fazer de sua vontade o que me agrada, agora me a dá e logo me a tira, e lhe digo: dedique  filha, não está disposta a sacrificar-te e martirizar-te por Mim, porque o verdadeiro martírio consiste  na continuação, poderá dizer-te resignada, uniformada, mas não mártir, e um dia ou outro poderás  acabá-la retirando-se de Mim, fazendo de tudo, um jogo de criança. Por isso está atenta e dá-me a  plena liberdade de fazer contigo segundo o modo que mais me agrade”.

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Setembro 26, 1904

Todas as penas que Jesus sofreu em sua Paixão foram triplas. Isto não foi casual, mas tudo  foi para restituir completa glória devida ao Pai, a reparação que lhe 

deviam as criaturas, e o bem que mereciam as mesmas criaturas.

(1) Encontrando-me no meu estado habitual, ouvia uma voz que me dizia: “Há uma luz que  qualquer um que se aproxime dela pode acender quantas lâmpadas quiser, e estas lâmpadas  servem para fazer coroa de honra à luz, e dar luz a quem as acende”. Eu dizia para mim: “Que bela  luz é esta, que tem tanta luz e tanta potência, que enquanto dá aos outros quanta luz querem, ela  sempre fica o que é, sem empobrecer em luz; mas quem será aquele que a tem?” Enquanto  pensava nisto, ouvi-os dizer:

(2) “A luz é a Graça e a tem Deus, e a aproximação significa a boa vontade da alma de fazer o  bem, porque quantos bens se querem tomar da Graça, se tomam, e as lâmpadas que se formam  são as diversas virtudes, que enquanto dão glória a Deus dão luz à alma”.

(3) Depois disto, assim que vi o bendito Jesus, disse-me: Minha filha, e isto porque pensava que  Nosso Senhor não só uma vez, mas por três vezes se fez coroar de espinhos, e como aqueles  espinhos ficavam partidos dentro da cabeça, ao cravá-la de novo, “Doce amor meu, e por que por  três vezes quis sofrer tão doloroso martírio? Não bastava uma vez para pagar tantos maus  pensamentos nossos?” Então ele me disse:

(4) “Minha filha, não só a coroação de espinhos foi tripla, mas quase todas as dores que sofri na  minha Paixão foram triplas. Triplas foram as três horas da agonia do horto; tripla foi a flagelação,  açoitando-me com três flagelos diferentes; três vezes me despiram; três vezes fui condenado à  morte: de noite, de madrugada, e em pleno dia; três foram as quedas debaixo da cruz; três os  pregos; três vezes meu coração derramou sangue, isto é, no horto por si mesmo; de seu próprio  centro no ato da crucificação quando fui estirado sobre a cruz, tanto, que todo meu corpo ficou  deslocado e meu coração se destroçou dentro, e derramou sangue; e depois de minha morte  quando com uma lança me foi aberto o lado; três horas de agonia na cruz. Se tudo se quisesse  examinar, oh! quantas coisas triplas se encontrariam. Isto não foi por acaso, mas tudo foi pela  ordem divina, e para completar a glória devida ao Pai, a reparação que lhe era devida por parte das  criaturas, e merecer o bem para as mesmas criaturas, porque o maior dom que a criatura recebeu  de Deus foi cria-la a sua imagem e semelhança, e dotá-la com três potências, inteligência, memória  e vontade, e não há culpa que cometa a criatura em que estas três potências não concorram, e por  isso mancha, danifica a bela imagem divina que contém em si mesma, servindo-se do dom para  ofender o doador; e Eu para refazer de novo esta imagem divina na criatura, e para dar toda aquela  glória que a criatura devia a Deus, tenho concorrido com toda minha inteligência, memória e

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vontade, e de modo especial nestas coisas triplas sofridas por Mim, para tornar completa tanto a  glória que se devia ao Pai, como o bem que era necessário às criaturas”.

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Setembro 27, 1904

O que agrada mais a Jesus é o sacrifício voluntário. 

Os dotes naturais são luz que serve ao homem para o encaminhar no caminho do bem. 

(1) Continuando o meu estado habitual, vi o meu abençoado Jesus quase em ato de castigar as  nações, e tendo-lhe pedido que se acalmasse disse-me:

(2) “Minha filha, a ingratidão humana é horrenda; não só os sacramentos, a graça, as luzes, as  ajudas que dou ao homem, mas também os mesmos dotes naturais que lhe dei, todas são luzes  que servem para encaminhá-lo no caminho do bem, e portanto para encontrar a própria felicidade,  e o homem convertendo tudo isto em trevas, busca ali a própria ruína, e enquanto ali busca a ruína  diz que busca o meu próprio bem; esta é a condição do homem, pode dar-se cegueira e ingratidão  maior que esta? Filha, meu único consolo e gosto que a criatura me pode dar nestes tempos, é  sacrificar-se voluntariamente por Mim, porque tendo sido meu sacrifício todo voluntário por eles,  onde encontro a vontade de sacrificar-se por Mim, Sinto-me recompensado pelo que fiz por eles.  Por isso, se queres aliviar-me e dar-me gosto, sacrifica-te voluntariamente por Mi”.

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Setembro 28, 1904

Reprimir-se a si mesmo vale mais que adquirir um reino.

(1) Esta manhã, não havendo vindo o dulcíssimo Jesus, passei muito mal, e não fazia outra coisa  que me reprimir e forçar a mim mesma, e dizia entre mim: “Que mais vou fazer? Para que me serve  este reprimir continuamente a mim mesma?” E enquanto isso pensava, como um relâmpago veio e  me disse:

(2) “Vale mais reprimir-se a si mesmo que adquirir um reino”.

(3) E desapareceu.

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Outubro 17, 1904

Para encontrar a Divindade, deve-se agir unido com

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a Humanidade de Cristo, com a sua própria Vontade.

(1) Continuando o meu estado habitual, assim que veio o bendito Jesus disse-me: (2) “Minha filha, é necessário agir através do véu da Humanidade de Cristo para encontrar a  Divindade, isto é, agir unido com a sua Humanidade, com a mesma Vontade de Cristo, como se a  dele e a da criatura fossem uma só, para agradá-lo só a Ele, obrando com seus mesmos modos,  dirigindo tudo a Cristo, chamando-o junto a ela em tudo o que faz, como se Ele mesmo devesse  fazer suas mesmas ações; fazendo assim, a alma se encontra em contínuo contato com Deus,  porque a humanidade a Cristo não era outra coisa senão uma espécie de véu que cobria a  Divindade; então, operando no meio destes véus, já se encontra com Deus. E aquele que não quer  agir por meio de sua Humanidade Santíssima, e quer encontrar a Cristo, é como aquele que quer  encontrar o fruto sem encontrar a casca. E impossível.

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6-76

Outubro 20, 1904

Vê sacerdotes que se mordem entre eles.

(1) Esta manhã me encontrei fora de mim mesma, no meio de uma rua onde estavam muitos  cachorrinhos que se mordiam uns aos outros, e no princípio desta rua um religioso que os via  morder-se, os ouvia e se impressionava, porque via naturalmente, e os cachorrinhos diziam-lhe  sem aprofundar e analisar bem as coisas e sem uma luz sobrenatural, que lhes fizesse conhecer a  verdade. Enquanto via isto, ouvi uma voz que dizia:

(2) “Todos estes são sacerdotes que se mordem entre eles”.

(3) E aquele religioso que vendo os sacerdotes morderem-se entre eles, parecia que era o visitador, e os deixava sem a assistência Divina.

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Outubro 25, 1904

Verbo significa manifestação, comunicação, união divina ao humano. 

Se o Verbo não tivesse tomado carne, não haveria meio de unir Deus e o homem. 

(1) Continuando meu estado habitual, depois de ter esperado muito veio, e assim que o vi, disse lhe: “O Verbo fez-se carne e habitou entre nós”. E o bendito Jesus acrescentou:  (2) “O Verbo tomou carne, mas não ficou carne, ficou o que era, e assim como Verbo significa

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palavra e não há nada que mais influa que a palavra, assim o Verbo significa manifestação,  comunicação, união divina ao humano. Assim, se o Verbo não tivesse tomado carne, não haveria  meio de unir Deus e o homem”.

(3) Disse isto desapareceu.

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Outubro 27, 1904

Luisa fica sem sofrer para fazer um pouco de vazio à Justiça, 

e assim pode castigar as pessoas. 

(1) Encontrando-me no meu estado habitual passei-me muito agitada, não só pela quase total  privação do meu único e sumo bem, mas também porque encontrando-me fora de mim mesma via  que os homens deviam matar-se como tantos cães, via como a Itália seria comprometida em  guerra com outras nações; via tantos soldados que partiam em turbas e turbas, e que tendo sido  mortos estes, chamavam outros. Quem pode dizer como me sentia oprimida, muito mais que me  sentia quase sem sofrimentos. Então estava me lamentando dizendo entre mim: “Que proveito tem  o viver? Jesus não vem, o sofrer me falta, meus mais amados e inseparáveis companheiros, Jesus  e a dor me deixaram, no entanto eu vivo; eu acreditava que sem o um e o outro não teria podido  viver, tão inseparáveis eram de mim, no entanto vivo ainda. ” Oh Deus! Que mudança, que ponto  tão doloroso, que rasgo indescritível, que crueldade inaudita, a outras almas as deixou privadas de  Ti, mas jamais sem a dor, a ninguém fizeste esta afronta tão ignominiosa, só a mim, só para mim  estava preparado este desprezo tão terrível, só eu merecia este castigo insuportável. Mas justo  castigo por meus pecados, e mais, merecia algo pior”. Enquanto eu estava nisto, como um  relâmpago veio me dizendo com imponência:

(2) O que você tem para falar assim? Te basta minha Vontade para tudo; seria castigo se te  pusesse fora do ambiente divino e te fizesse faltar o alimento de minha Vontade, o qual quero que  sobretudo o tenha em conta e estima. Além disso é necessário que por algum tempo te falte o  sofrer para fazer um pouco de vazio à justiça, e assim poder castigar as pessoas”.

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Outubro 29, 1904

A cadeia de graças está ligada às obras perseverantes. 

Todos os males estão fechados na não perseverança.

(1) Depois de ter esperado muito, assim que veio o bendito Jesus me disse: (2) “Minha filha, quando a alma se dispõe a fazer um bem, ainda que fosse dizer uma “Ave Maria”,  a graça concorre a fazer junto com ela dito bem; mas se a alma não é perseverante em fazer este

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bem, vê-se com clareza que não estima e não valoriza este dom recebido, e faz troça da mesma  graça. Quantos males estão fechados neste modo de agir: hoje sim e amanhã não; agrada-me e  faço-o; para fazer este bem requer-se um sacrifício, não quero fazê-lo’. Acontece como aquele que,  tendo recebido um dom de um senhor, hoje o recebe, amanhã o rejeita; aquele senhor por sua  bondade o manda de novo, e aquele depois de havê-lo tido por algum tempo, cansado de ter  consigo esse dom, novamente o rejeita. Agora, o que dirá aquele senhor? Se vê que não estima  meu dom, se empobrece ou morre, não quero ter mais que ver com ele. Tudo, tudo está unido ao  modo de agir com perseverança, a cadeia de minhas graças está entrelaçada às obras  perseverantes; assim, se a alma se dá suas escapadas rompe esta cadeia, e quem lhe assegura  que a unirá de novo? Meus desígnios se cumprem somente em quem une suas obras à  perseverança. A perfeição, a santidade, tudo, tudo vai unido com ela, assim que se a alma é  intermitente, sendo uma espécie de febre intermitente, o não agir com perseverança manda ao  vazio os desígnios divinos, perde sua perfeição, e frustra sua santidade”.

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Novembro 13, 1904

A criatura jamais teria sido digna do amor divino sem o livre arbítrio. 

(1) Continuando em meu habitual estado, minhas amarguras vão sempre aumentando pelas  privações e silêncio do meu Santíssimo e único Bem. Tudo é, em suas visitas, sombra e  relâmpago, e foge. Sinto-me oprimida e tola, não compreendo mais nada, porque Aquele que  contém a luz está distante de mim, e como relâmpago que enquanto estoura clareia, mas depois se  faz mais escuro que antes. Minha única herança que me resta é o Querer Divino. Então, depois de  ter esperado muito e sentir que não podia seguir adiante, por breves instantes veio e me disse:

(2) “Minha filha, minha Humanidade, sendo Homem e Deus, via presentes todos os pecados, os  castigos, as almas perdidas; teria querido agarrar em um só ponto tudo isto e destruir pecados,  castigos e salvar as almas, assim que teria querido sofrer não um dia de Paixão, mas todos os dias  para poder conter tudo em Si estas penas, e poupá-las às pobres criaturas. Com tudo isso que ele  teria desejado, e poderia, ter destruído o livre arbítrio das criaturas e destruído esse acúmulo de  males, mas o que seria do homem sem méritos próprios? Sem a sua vontade para fazer o bem?  Que papel faria ele? Seria objeto digno de mim Sabedoria Criadora? Não, certamente. Não teria  sido como um filho em uma família estranha, que não tendo trabalhado junto com os próprios filhos  não tem nenhum direito e alguma herança? E por isso, se come, se bebe, está sempre cheio de  rubor, porque sabe que não fez nenhum gesto propício para testemunhar o seu amor para com  aquele pai; e por isso jamais pode ser digno do amor daquele pai para com ele, Assim, a criatura

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jamais teria sido digna do Amor Divino sem o livre arbítrio. Por outro lado, minha Humanidade não  devia infringir minha Sabedoria criadora, devia adorá-la como a adorou e se resignou a receber os  vazios da justiça na Humanidade, mas não na Divindade, porque estes vazios da justiça divina são  preenchidos com castigos nesta vida, no inferno e no purgatório. Então, se a minha humanidade se  resignou a tudo isto, talvez tu quisesses superar-me e não receber nenhum vazio de sofrer sobre ti,  para não me fazer castigar as pessoas? Filha, unifique-se Comigo e esteja em paz”.

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6-81

Novembro 17, 1904

Nós podemos ser alimento para Jesus. 

(1) Tendo recebido a comunhão, estava pensando na bondade de Nosso Senhor ao dar-se em  alimento a uma tão pobre criatura, a qual sou eu, e em como poderia corresponder a um favor tão  grande. Enquanto pensava assim, o bendito Jesus me disse:

(2) “Minha filha, assim como Eu me faço alimento da criatura, assim a criatura pode fazer-se meu alimento, convertendo todo seu interior para meu alimento, de modo que pensamentos, afetos,  desejos, inclinações, batimentos, suspiros, amor, tudo, tudo deveriam dirigir para Mim, e Eu vendo  o verdadeiro fruto de meu alimento, que é divinizar a alma e converter tudo em Mim, viria a  alimentar a alma, isto é, de seus pensamentos, de seu amor e de todo o resto seu. Assim a alma  me poderia dizer: Assim como Tu te tens feito comer e dar-me tudo, também eu me tenho feito teu  alimento, não fica outra coisa que te dar, porque tudo o que sou, tudo é teu”.

(3) Enquanto estava nisto, compreendia a ingratidão enorme das criaturas, porque enquanto Jesus  se dignava chegar a tal excesso de amor de se fazer nosso alimento, nós lhe negamos seu  alimento, e o fazemos ficar em jejum”.

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6-82

Novembro 18, 1904

O Céu de Jesus sobre a terra são as almas que dão lugar à sua Divindade. 

(1) Encontrando-me no meu estado habitual, assim que veio o meu adorável Jesus disse-me:  (2) “Minha filha, meu céu quando vim à terra foi a minha humanidade; e assim como no céu se vê a  multidão das estrelas, o sol, a lua, os planetas, a amplitude, tudo posto em bela ordem, e este é  imagem do céu que existe por cima, onde tudo está ordenado; assim minha Humanidade, sendo  meu céu, devia transluzir fora a ordem da Divindade que habitava dentro, isto é: as virtudes, a  potência, a graça, a sabedoria e o resto. Agora, quando o céu da minha humanidade, depois da  Ressurreição ascendeu ao Céu empírico, o meu céu sobre a terra devia continuar a existir, e estas

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são as almas que dão a habitação à minha Divindade, e Eu habitando nelas formo meu céu e  também faço transparecer fora a ordem das virtudes que estão dentro. Oh, que honra é para a  criatura emprestar o céu ao Criador! Mas quantos me negam isso! E você, não gostaria de ser meu  céu? Diga-me o que quer”.

(3) E eu: “Senhor, não quero outra coisa senão ser reconhecida no teu sangue, nas tuas chagas,  na tua humanidade, nas tuas virtudes, só nisto gostaria de ser reconhecida, para ser o teu céu e  ser desconhecida por todos”. Parecia que aprovava minha proposta e desapareceu.

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6-83

Novembro 24, 1904

Para dar e receber se requer a união de querer. 

(1) Estando toda afligida e oprimida, e vendo o bom Jesus jorrar sangue, eu disse: “Bendito seja o  Senhor, e não me queres dar pelo menos uma gota de sangue para curar todos os meus males? E  Ele me disse:

(2) “Minha filha, para dar se requer a vontade de quem deve dar, e a vontade de quem deve  receber, de outra maneira se uma pessoa quer dar e a outra não quer receber, mesmo que a  primeira queira dar, não pode dar, e vice-versa, se a primeira não quer dar, a outra não pode  receber, requer-se a união dos querer. Ai! Quantas vezes minha graça é sufocada, meu sangue  rejeitado e pisoteado”.

(3) E, enquanto dizia isto, via que no sangue do doce Jesus se moviam todas as nações, e muitos  saíam dele, não querendo estar dentro daquele sangue onde estavam contidos todos os nossos  bens, e qualquer remédio para os nossos males.

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6-84

Novembro 29, 1904

A Divindade de Jesus em sua Humanidade desceu no abismo mais profundo de todas as humilhações humanas, e divinizou e santificou todos os atos humanos. 

(1) Esta manhã, estava oferecendo todas as ações da humanidade de Nosso Senhor para reparar  todas as nossas ações humanas feitas, ou indiferentes sem um fim sobrenatural, ou pecaminosas,  para impedir que todas as criaturas façam suas ações com a intenção e união das ações de Jesus  bendito, e para preencher o vazio da glória que a criatura deveria dar a Deus se fizesse isso.  Enquanto fazia isso, meu adorável Jesus me disse:

(2) “Minha filha, minha Divindade em minha Humanidade desceu no abismo mais profundo de  todas as humilhações humanas, tanto que não houve nenhum ato humano, por quão baixo e

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Volume 06

pequeno, que Eu não divinizara e santificara. E isto para restituir ao homem dobrada soberania, a  perdida na Criação, e a que lhe adquiri na Redenção. Mas o homem sempre ingrato e inimigo de si  mesmo, ama o ser escravo em vez de soberano, enquanto podia com um meio tão fácil, isto é com  a intenção de unir suas ações às minhas, tornar suas ações merecedoras do mérito divino, delas  faz um desperdício e perde a divisa de rei e a soberania de si mesmo”.

(3) Dito isto desapareceu e encontrei-me em mim mesma.

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6-85

Dezembro 3, 1904

Duas perguntas para saber se é Deus ou o demónio que trabalha em Luísa. 

(1) Continuando meu habitual estado, me encontrei fora de mim mesma, atirada na terra, de cara  ao sol, seus raios me penetravam dentro e fora fazendo-me ficar como extasiada. Depois de muito  tempo, tendo-me cansado daquela posição, me arrastava por terra porque não tinha força para  levantar-me e caminhar; depois de muito esperar veio uma virgem, que me tomando pela mão me  conduziu dentro de uma habitação, sobre uma cama, onde estava o menino Jesus que  pacificamente dormia. Eu, contente por tê-lo encontrado me aproximei dele, mas sem acordá-lo.  Depois de algum tempo, tendo despertado, pôs-se a passear sobre o leito, e temendo que  desaparecesse disse: “Querido do meu coração, Tu sabes que és a minha vida, ah! Não me deixe”.  (2) E Ele: “Estabeleçamos quantas vezes devo vir”.

(3) E eu: “Único bem meu, que dizes? A vida é sempre necessária, por isso sempre, sempre”.  Enquanto estava nisto vieram dois sacerdotes, e o menino se pôs nos braços de um deles me  ordenando que eu falasse com o outro, este queria contas de meus escritos, e um por um os  estava revisando, então eu, temendo, lhe disse: “Quem sabe quantos erros eles têm”.

(4) E ele com uma seriedade afável disse: “O que, erros contra a lei cristã?” (5) E eu: “Não, erros de gramática”.

(6) E ele: “Isso não importa”.

(7) E eu tendo confiança adicionei: “Temo que tudo seja ilusão”.

(8) E ele, olhando-me nos olhos, disse: “Achas que preciso de rever os teus escritos para saber se  és iludida ou não? Eu com duas perguntas que te faça conhecer se é Deus ou o demônio quem  obra em ti. Primeiro, você crê que todas as graças que Deus te fez você as mereceu, ou bem,  foram dom e graça de Deus?”

(9) E eu: “Tudo pela graça de Deus”.

(10) “Segundo, acreditas tu que em todas as graças que o Senhor te fez, a tua boa vontade

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Volume 06

precedeu a graça, ou a graça precedeu você?”

(11) E eu: “Certamente, a graça sempre me precedeu”.

(12) E ele: “Estas respostas me fazem saber que não é ilusão”.

(13) Naquele momento eu me encontrei em mim mesma.

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6-86

Dezembro 4, 1904

É mais fácil combater com Deus do que com a obediência. 

(1) Estando muito agitada, e com o temor de que o bendito Jesus não me queria mais neste  estado, sentia uma força interior para sair, e tanta era a força que sentia, que não podendo contê-la  ia repetindo: “Sinto-me cansada, não posso mais”. E dentro de mim ouvia-me dizer: “Também Eu  me sinto cansado, não posso mais, algum dia é necessário que fique suspensa de todo do estado  de vítima, para fazê-los tomar a decisão das guerras, e quando as guerras começarem, ele vai  pensar no que vai acontecer a ti”. Eu não sabia o que fazer, a obediência não queria, e combater  com a obediência é o mesmo que superar um monte que enche a terra e toca o céu e não há  caminho para poder caminhar, portanto é inacessível. Eu acredito, não sei se é uma loucura, que é  mais fácil combater com Deus que com esta terrível virtude. Então, agitada como estava encontrei me fora de mim mesma ante um crucifixo e dizia: “Senhor, não posso mais, minha natureza  desfalece, falta-me a força necessária para continuar o estado de vítima, se queres que continue  dá-me a força, de outra maneira eu me retiro”. Enquanto dizia isto, aquele crucifixo fazia brotar uma  fonte de sangue para o Céu, que voltando a cair à terra se convertia em fogo. E algumas virgens  diziam: Pela França, Itália, Áustria e Inglaterra, e nomeavam outras nações que eu não entendi  bem. Há gravíssimas guerras preparadas, civis e de governos. Eu ao ouvir isto me assustei muito,  e me encontrei em mim mesma, e não sabia eu mesma decidir a quem devia seguir, ou à força  interna que me impulsionava a levantar, ou à força da obediência que me impulsionava a ficar,  porque ambas são fortes e poderosas sobre o meu fraco e pobre coração. Até agora parece que  prevalece a obediência, se bem trabalhosamente, e não sei onde irei terminar.

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6-87

Dezembro 6, 1904

O princípio da bem-aventurança eterna é perder todo o gosto próprio. 

(1) Continuava esperando, e assim que veio o bendito Jesus eu me via nua, despojada de tudo;  talvez alma mais miserável não se pode encontrar, tão extrema é minha miséria. Que mudança tão

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funesta! Se o Senhor não fizer um novo milagre de sua onipotência para me fazer ressurgir deste  estado, certamente morrerei de miséria. Então o bendito Jesus me disse:

(2) “Minha filha, coragem, o princípio da bem-aventurança eterna é perder todo gosto próprio,  porque segundo a alma vai perdendo os próprios gostos, assim os gostos divinos tomam possessão nela, e a alma, tendo-se desfeito e perdido a si mesma, não se reconhece mais a si  mesma, não encontra mais nada seu, nem sequer as coisas espirituais; e Deus vendo que a alma  não tem mais nada do seu, a enche toda de Si mesmo e a enche de todas as felicidades divinas, e  então a alma pode dizer-se verdadeiramente bem-aventurada, porque enquanto tinha alguma coisa  própria não podia estar isenta de amarguras e temores, nem Deus podia comunicar-lhe a própria  felicidade. Cada alma que entra no porto da bem-aventurança eterna, não pode estar isenta deste  ponto, doloroso, sim, mas necessário, nem pode fazer menos. Geralmente o fazem no ponto da  morte, e o purgatório lhes dá a última mão, por isso se se pergunta às criaturas o que é gosto de  Deus, o que significa bem-aventurança divina, são coisas até então desconhecidas, e não sabem  articular palavra. Mas às minhas almas queridas, não quero, tendo-me dado a todas, que a sua  bem-aventurança tenha princípio lá no Céu, mas que tenha princípio aqui na terra, e não só quero  enchê-las da felicidade, da glória do Céu, mas quero enchê-las dos bens, dos sofrimentos, das  virtudes que teve minha Humanidade na terra, por isso as despojo não só dos gostos materiais,  que a alma chega a considerar como esterco, mas também dos gostos espirituais, para enchê-las  todas de meus bens e dar-lhes o principio da verdadeira bem aventurança.

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6-88

Dezembro 22, 1904

Quanto mais a alma está vazia e é humilde, tanto mais a luz divina  

a enche e lhe comunica as suas graças e perfeições.  

(1) Encontrando-me em meu habitual estado, via o menino Jesus com um punho de luz na mão, e  dos dedos lhe corriam os raios fora. Eu fiquei admirada e Ele me disse:

(2) “Minha filha, a perfeição é luz, e quem diz querer alcançá-la não faz outra coisa que como quem  quer tomar em um punho um corpo de luz, que enquanto faz por tomá-lo, a mesma luz lhe escapa  por entre os dedos, só que a mão fica submersa na mesma luz. Agora, a luz é Deus, e só Deus é  perfeito, e a alma que quer ser perfeita não faz outra coisa que agarrar as sombras, as gotinhas de  Deus, e às vezes não faz outra coisa que viver só na luz, isto é, na Verdade. E assim como a luz,  quanto mais vazio encontra e quanto mais profundo é o lugar, tanto mais dentro se introduz, e  assim mais espaço toma, assim a luz divina, quanto mais vazia e humilde é a alma, tanto mais a

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Volume 06

luz a enche e lhe comunica suas graças e perfeições”.

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6-89

Dezembro 29, 1904

A fraqueza humana é falta de vigilância e de atenção. 

(1) Encontrando-me no meu estado habitual, estava pensando nos acontecimentos mais  humilhantes que sofreu Nosso Senhor, e em mim mesma sentia horror, mas depois dizia entre  mim: “Senhor, perdoa aqueles que te renovam estes momentos dolorosos, porque é a muita  debilidade que o homem contém”. Enquanto estava nisto, o bendito Jesus, assim que veio, disse

me:

(2) “Minha filha, o que se diz fraqueza humana, na maioria das vezes é falta de vigilância e de  atenção de quem é cabeça, isto é: pais e superiores, porque a criatura quando é vigiada e  observada, e não se dá a liberdade que quer, a debilidade não tendo seu alimento (o encobrir a  debilidade é alimento para piorar na debilidade), por si mesma se destrói”.

(3) Depois continuou: “Ah! Minha filha, assim como a virtude permeia a alma de luz, de beleza, de  graça, de amor, como uma esponja seca se impregna de água, assim o pecado, as fraquezas  encobertas impregnam a alma, como uma esponja se impregna de lama, de trevas e fealdade, e  até de ódio contra Deus”.

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6-90

Janeiro 21, 1905

Quem desonra a obediência, desonra a Deus.

(1) Tendo exposto certas dúvidas ao confessor, minha mente não se aquietava com o que me  dizia, então tendo vindo o bendito Jesus me disse:

(2) “Minha filha, que raciocina sobre a obediência, só raciocinar vem a desonrá-la, e quem desonra  a obediência desonra a Deus”.

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Janeiro 28, 1905

A cruz é semente de virtudes.

(1) Estando sofrendo mais do que o habitual, assim que veio meu adorável Jesus me disse:  (2) “Minha filha, a cruz é semente de virtude, e assim como quem semeia colheita por dez, vinte,  trinta, e inclusive por cem, assim a cruz, sendo semente multiplica as virtudes, as aperfeiçoa, as

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embeleza de maravilha; assim, quanto mais cruzes se acumulam em torno de ti, tantas sementes  de virtudes se lançam em sua alma. Por isso, em vez de afligir-se quando uma nova cruz chegar,  deveria alegrar-se pensando em fazer aquisição de outra semente para poder enriquecer e  também completar sua coroa”.

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6-92

Fevereiro 8, 1905

Características dos filhos de Deus: Amor à cruz, 

amor à glória de Deus e amor à glória da Igreja. 

(1) Continuando meu pobre estado de privações e de amargura indizível, no máximo se faz ver em  silêncio, e esta manhã me disse:

(2) “Minha filha, as características dos meus filhos são: amor à cruz, amor à glória de Deus, e amor  à glória da Igreja, até expor a própria vida. Quem não tem estas três características, em vão se diz  meu filho; quem se atreve a dizê-lo é um mentiroso e traidor, que trai a Deus e a si mesmo. Olhe  um pouco em você se as tem”. e desapareceu.

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6-93

Fevereiro 10, 1905

Quais são os contentamentos da alma. 

(1) Encontrando-me em meu habitual estado, sentia um descontentamento de mim mesma, e tendo  vindo o bendito Jesus me senti entrar em tal contentamento, que disse: “Ah! Senhor, só Tu és o  verdadeiro contentamento”.

(2) “E Ele continuou: “E eu te digo que o primeiro contentamento da alma é só Deus; o segundo  contentamento é quando a alma dentro de si, e fora de si, não olha outra coisa que a Deus; o  terceiro é quando a alma se encontra neste ambiente divino, nenhum objeto criado, nem criaturas,  nem riquezas, quebram a Imagem divina em sua mente, porque a mente se alimenta do que  pensa, e olhando só a Deus, das coisas daqui abaixo vê só aquelas que quer Deus, não se  preocupa com todo o resto, e assim permanece sempre em Deus; o quarto contentamento é o  sofrer por Deus, porque a alma e Deus, ora para manter a conversação, ora para estreitar-se mais  intimamente, ora por declarar-se um à outra o muito que se querem, Deus a chama e a alma  responde, Deus se aproxima e a alma o abraça, Deus lhe dá o sofrer e a alma sofre  voluntariamente, é mais, deseja sofrer mais por amor dele, para poder lhe dizer: “Vês como te  amo?” E este é o maior de todos os contentamentos”.

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Fevereiro 24, 1905

Fala sobre a humildade. 

(1) Esta manhã, assim que veio o bendito Jesus me disse:

(2) “Minha filha, a humildade é uma flor sem espinhos, se pode tomar na mão, se pode estreitar, se  pode pôr onde se quiser, sem temor de receber incômodo ou picar-se. Assim é a alma humilde,  pode-se dizer que não tem as picadas dos defeitos, e como não é espinhosa pode-se fazer o que  se queira, e não tendo espinhos, naturalmente não pica nem dá incômodo aos outros, porque os  espinhos dá quem os tem, mas quem não os tem, não pode da-los.

(3) E não só isso, mas a humildade é uma flor que fortifica e clareia a vista, e com a sua clareza  sabe-se estar longe dos mesmos espinhos”.

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6-95

Março 2, 1905

Jesus dá-lhe a chave da sua Vontade. 

(1) Continuando o meu estado habitual, estando fora de mim mesma encontrei-me na mão uma  chave; e se bem percorria um caminho longo e de vez em quando me distraía, apenas pensava na  chave que se encontrava sempre na mão. Agora, via que esta chave servia para abrir um palácio, e  dentro estava o menino Jesus que dormia, eu tudo via de longe, e tinha toda a pressa, a pressa  para ir abrir, temendo que acordasse, que chorasse, e que eu não me encontrasse a seu lado. Por  isso me apressava, mas quando estive lá para subir, me encontrei em mim mesma, por isso fiquei  pensativa. Depois, havendo vindo o bendito Jesus me disse:

(2) “Minha filha, a chave que se encontravas sempre na sua mão é a chave da minha Vontade, que  Eu pus em tuas mãos, e quem tem na mão um objeto, pode fazer com ele o que quiser”.

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Março 5, 1905

Fala da cruz. 

(1) Estando sofrendo um pouco mais que o habitual, por pouco tempo veio o bendito Jesus e me  disse:

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(2) “Minha filha, a cruz é sustento dos fracos, é fortaleza dos fortes, é germe e custódia da  virgindade”.

(3) Dito isto desapareceu.

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Março 20, 1905

O verdadeiro amor e as verdadeiras virtudes devem ter o seu princípio em Deus.

(1) Continuando o meu estado habitual, assim que veio o bendito Jesus me disse:  (2) “Minha filha, o amor que não tem o princípio em Deus, não pode dizer-se amor verdadeiro, e as  mesmas virtudes que não têm princípio em Deus, são virtudes falsificadas, porque tudo o que não  tem princípio em Deus não pode dizer-se nem amor, nem virtude, mas sim luz aparente que acaba  por converter-se em trevas”.

(3) Em seguida, acrescentou:

(4) “Como por exemplo: Um confessor trabalha, sacrifica-se tanto por uma alma, isto é coisa santa,  aparentemente chega ao heroísmo; porém, se isto o faz porque obteve, ou espera obter alguma  coisa, o princípio de seu sacrifício não está em Deus, senão em si mesmo e por si mesmo,  portanto, não se pode dizer virtude”.

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Março 23, 1905

Glória e complacência de Jesus.  

(1) Encontrando-me no meu estado habitual, por pouco tempo veio o bendito Jesus e eu lhe disse:  “Senhor, é a tua glória o meu estado?”

(2) E Ele: “Minha filha, toda minha glória e toda minha complacência, é que te quero toda mais em  Mim”.

(3) Depois acrescentou: “O tudo está na desconfiança e temor da alma em si mesma, e na  confiança e firmeza em Deus”.

(4) Dito isto desapareceu.

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Março 28, 1905

Efeitos da perturbação. Encontro contínuo de Jesus com a alma.  

(1) Encontrando-me no meu estado habitual, quando mal chegou o bendito Jesus, e tendo eu dito a  uma alma perturbada: “Pensa em não querer estar perturbada, não só por teu bem, mas muito  mais por amor de Nosso Senhor, porque a alma perturbada não só está ela perturbada, senão que

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faz se perturbar a Jesus Cristo”. Depois disse entre mim: “Que disparate disse, Jesus não pode  perturbar-se jamais”. Então ao vir me disse:

(2) “Minha filha, em lugar de um absurdo há dito uma verdade, porque em cada alma formo uma  Vida Divina, e se a alma está turbada, esta Vida Divina que Eu vou formando fica também turbada;  e não só isto, senão que jamais chega a cumprir-se perfeitamente”.

(3) E como relâmpago se foi. Então eu continuei meu acostumado trabalho interior sobre a Paixão,  e tendo chegado àquele momento do encontro de Jesus e Maria no caminho à cruz, de novo fez-se  ver e disse-me:

(4) “Minha filha, também com a alma me encontro continuamente, e se no encontro que faço com a  alma a encontro em ato de exercitar as virtudes e unida Comigo, me recompensa da dor que sofri  quando encontrei minha Mãe tão dolorosa por minha causa”.

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6-100

Abril 11, 1905

A perseverança é selo da vida eterna, e desenvolvimento da vida divina.

(1) Estando muito aflita pela privação de meu adorável Jesus, estava dizendo para mim: “Como se  fez cruel comigo, eu mesma não sei entender como seu bom coração pode chegar a fazê-lo, e  além disso, se o perseverar lhe agrada tanto, como é que minha perseverança não comove seu  bom coração?” Enquanto dizia estes e outros disparates, de improviso veio e me disse:

(2) “Certamente a coisa que mais me agrada da alma é a perseverança, porque a perseverança é  selo da vida eterna e desenvolvimento da Vida Divina. Porque assim como Deus é sempre antigo e  sempre novo e imutável, assim a alma com a perseverança, com tê-la praticado sempre é antiga, e  com a atitude de fazer é sempre nova, e cada vez que a faz renova-se em Deus, permanecendo  nele imutável, e sem se dar conta. E como com a perseverança faz aquisição contínua da Vida  Divina em si mesma, adquirindo a Deus sela a vida eterna. Pode haver selo mais seguro que o  próprio Deus?”

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6-101

Abril 16, 1905

Sofrer é reinar. 

(1) Continuando meu habitual estado, por pouco tempo fez-se ver meu amável Jesus com um  cravo dentro do coração, e aproximando-se a meu coração me tocava com seu mesmo prego, eu  sentia penas mortais, e depois me disse:

(2) “Minha filha, este prego me põe o mundo até dentro de meu coração, e me dá uma morte

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contínua, assim que por justiça, como eles me dão morte contínua, assim permitirei que se dêem  morte entre eles, matando-se como cães”.

(3) E enquanto dizia isto, fazia-me ouvir os gritos dos revoltosos, tanto que fiquei ensurdecida por  quatro ou cinco dias. Por isso, estando sofrendo muito, pouco depois voltou e me disse:  (4) “Hoje é o dia das palmas em que fui proclamado Rei. Todos devem aspirar a um reino, e para  adquirir o reino eterno é necessário que a criatura adquira o regime de si mesma com o domínio de  suas paixões. O único meio para isso é o sofrer, porque o sofrer é reinar, isto é, com a paciência se  põe em ordem a si mesmo, fazendo-se rei de si mesmo e do reino eterno”.

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6-102

Abril 20, 1905

A humanidade nestes tempos encontra-se como um osso fora de lugar. Como saber se as paixões foram dominadas. 

(1) Encontrando-me em meu estado habitual, quando mal chegou o bendito Jesus, quase em ato  de castigar as nações, me disse:

(2) “Minha filha, as criaturas me laceram a carne, pisoteiam meu sangue continuamente, e Eu  permitirei que suas carnes sejam laceradas e seu sangue derramado. A humanidade nestes  tempos se encontra como um osso fora de lugar, fora de seu centro, e para colocá-lo em seu lugar  e fazê-lo entrar novamente em seu centro, é necessário que o destrua”.

(3) Depois, acalmando-se um pouco continuou: “Minha filha, a alma pode saber se tem dominado  suas paixões, se quando tocada pelas tentações ou pelas pessoas, não as toma em conta, como  por exemplo: É tentada pela impureza; se tem dominado esta paixão a alma não faz caso e a  mesma natureza fica em seu posto; se não a tem dominado, a alma se entristece, se aflige, e em  seu corpo sente correr um rio purulento. Ou uma pessoa mortifica, injuria a outra; se esta dominou  a paixão da soberba fica em paz, se não assim for, sente correr um rio de fogo, de desprezo, de  altaneira, que a põe toda alterada, porque a paixão quando existe, quando chega a ocasião, sai, e  assim por diante”.

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6-103

Maio 2, 1905

Três tipos de ressurreição contém o sofrimento. 

(1) Continuando um pouco mais do que o habitual meus sofrimentos, meu bom Jesus ao vir disse me:

(2) “Minha filha, o sofrer contém três tipos de ressurreição, isto é: o sofrer faz ressurgir a alma à  graça; segundo, adentrando-se o sofrer reúne as virtudes e ressurge à santidade; terceiro,  continuando o sofrer, o sofrer aperfeiçoa as virtudes, as embeleza de esplendor, formando uma

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bela coroa, e coroada a alma ressurge à glória na terra, e à glória no Céu”.

(3) Dito isto desapareceu.

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6-104

Maio 5, 1905

Efeitos da Graça. 

(1) Encontrando-me em meu habitual estado, quando veio o bendito Jesus, parecia que de dentro  de seu interior saía outra imagem toda igual a Ele, só que menor. Eu fiquei maravilhada ao ver isto  e Ele me disse:

(2) “Minha filha, tudo o que pode sair de dentro de uma pessoa se chama parto, e este parto se  torna filho de quem o pare. Agora, esta minha filha é a Graça, que saindo de Mim se comunica a  todas as almas que a querem receber, e as converte em outros tantos filhos meus; e não só isso,  senão que tudo o que pode sair de bem, de virtude destes segundos filhos, se tornam filhos da  Graça. Vê um pouco que longa geração de filhos se forma a Graça só que recebam; mas quantos  a rejeitam, e minha filha se volta a meu seio só e sem prole”.

(3) Enquanto dizia isto, aquela imagem fechou-se dentro de mim, enchendo-me toda de si mesma.  + + + +

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Maio 9, 1905

A alma unida à Graça pode fazer o que a morte deve fazer à natureza. 

(1) Continuando o meu estado habitual, parecia-me que o meu adorável Jesus saía de dentro de Meu interior e com uma voz doce e afável dizia:

(2) “E por que minha filha tudo o que a morte deve fazer à natureza, não pode fazê-lo  antecipadamente a alma unida à Graça? Isto é, fazê-la morrer antecipadamente, por amor de  Deus, a tudo o que deverá morrer. Mas esta bem-aventurada morte chega a fazê-la quem somente  faz contínua morada com a minha Graça, porque vivendo com Deus é mais fácil morrer a tudo o  que é obsoleto. E a alma vivendo em Deus e morrendo a todo o resto, a mesma natureza vem  antecipar os privilégios que a devem enriquecer na ressurreição, ou seja, sentir-se-á  espiritualizada, deificada e incorruptível, além de todos os bens em que participará a alma  sentindo-se partícipe de todos os privilégios da Vida Divina, e além disto a diferença de glória que  estas almas terão no Céu, serão tão diferentes das outras, como é diferente o Céu da terra”.

(3) Dito isto desapareceu.

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Maio 12, 1905

Meio para não perder o amor de Jesus. 

(1) Encontrando-me em meu estado habitual, quando veio meu bendito Jesus, eu, só ao vê-lo, não  sei por que disse:

(2) “Senhor, no entanto há uma coisa que lacera minha alma, o pensamento de que posso perder  seu amor”.

(3) E ele: “Minha filha, quem te disse? Em todas as coisas, a minha paterna bondade providenciou  os meios para ajudar a criatura, desde que estes meios não sejam rejeitados. Portanto, o meio  para não perder meu amor, é fazer dele e de tudo o que me concerne, como se fossem coisas  próprias; pode alguém perder tudo o que é seu? Não, certamente, no máximo se não tem estima  de suas coisas não terá cuidado de guardá-las, mas se não as estima e não a custodia é sinal de  que não as ama, portanto aquele objeto não contém mais vida de amor e não se pode incluir entre  as coisas próprias. Mas meu amor quando se faz próprio, se estima, se conserva, se tem sempre à  vista, de modo que não pode perder o que é seu, nem em vida nem em morte”.

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Maio 15, 1905

O caminho da virtude é fácil. 

(1) Continuando o meu estado habitual, por pouco tempo veio o bendito Jesus me disse:  (2) “Minha filha, dizem que o caminho da virtude é difícil. Falso, é difícil para quem não caminha,  porque não conhecendo nem as graças, nem os consolos que deve receber de Deus, nem a  facilitação ao caminhar, parece-lhe difícil, e sem caminhar sente todo o peso do caminho. Mas para  quem caminha lhe é facilíssimo, porque a graça que a inunda a fortalece, a beleza das virtudes a  atrai, o Divino Esposo das almas a leva apoiada no próprio braço, acompanhando-a no caminho, e  a alma em vez de sentir o peso, a dificuldade do caminhar, quer apressar o caminho para chegar  mais rápido ao final do caminho e do seu próprio centro”.

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Maio 18, 1905

O amor merece a preferência acima de tudo. 

(1) Continuando meu habitual estado, assim que veio o bendito Jesus me disse:  (2) “Minha filha, o medo tira a vida ao amor; e não só isto, mas também as mesmas virtudes que  não têm princípio no amor, diminuem a vida do amor na alma; enquanto em todas as coisas o amor  merece a preferência, porque o amor torna fácil todas as coisas; enquanto as mesmas virtudes que  não têm princípio no amor, são como tantas vítimas que vão acabar no matadouro, ou seja, na

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destruição das mesmas virtudes”.

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Maio 20, 1905

Modo de sofrer. 

(1) Esta manhã estava pensando quando o bendito Jesus ficou todo deslocado sobre a cruz, e  dizia entre mim: “Ah! Senhor, quão compenetrado pudeste ficar destes atrozes sofrimentos, e como  tua alma pôde ficar afligida”. E enquanto isso, quase como uma sombra veio e me disse:  (2) “Minha filha, Eu não me ocupava de meus sofrimentos, senão que me ocupava da finalidade de  minhas penas, e como em minhas penas via cumprida a Vontade do Pai, sofria, e em mim mesmo  sofrer encontrava o mais doce repouso, porque fazer a Vontade Divina contém este bem, que  enquanto se sofre ali se encontra o mais belo repouso; e se se goza, e este gozar não é querido  por Deus, no mesmo gozar se encontra o mais atroz tormento. Além disso, quanto mais me  aproximava do final das penas, ansiando cumprir em tudo a Vontade de Pai, assim me sentia mais  iluminado e meu repouso se fazia mais belo. Oh! Como é diverso o modo que têm as almas, se  sofrem ou operam não têm nem a mira no fruto que podem recolher, nem o cumprimento da  Vontade Divina, concentram-se todas na coisa que fazem, e não vendo os bens que podem  ganhar, nem o doce repouso que leva a Vontade de Deus, vivem angustiadas e atormentadas, e  rejeitam quanto mais podem o sofrer e o agir, acreditando encontrar repouso e ficam mais  atormentadas que ao princípio”.

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Maio 23, 1905

Para não sentir perturbações, a alma deve apoiar-se bem em Deus. 

(1) Esta manhã me encontrei fora de mim mesma, e sentia uma pessoa em meus braços e a  cabeça apoiada sobre o ombro, e eu não conseguia ver quem era, por isso o puxei com força  dizendo: “Diga-me ao menos quem é”.

(2) E Ele: “Eu sou o todo”.

(3) E eu ao ouvir dizer que era o todo, disse: “E eu sou o nada. Olhe Senhor quanta razão tenho  em querer que este nada esteja unida com o Todo, de outra maneira será como um punho de pó  que, o vento espalha”. Enquanto fazia isto, via uma pessoa que duvidava e dizia: “Por que será que  por cada pequena coisa se sente tanta perturbação?” E eu, por uma luz que vinha do bendito  Jesus, disse: “Para não sentir perturbações a alma deve fundir-se bem em Deus, e toda si mesma

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tender a Deus como a um só ponto, e ver as outras coisas com olho indiferente, mas se fizer de  outra maneira, em cada coisa que faça, veja ou sinta, a alma se sentirá investida de um mal-estar,  como de uma febre que volta à alma toda afastada, perturbada, sem poder entender-se ela  mesma.

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Maio 25, 1905

A imagem de Jesus na alma. 

(1) Encontrando-me no meu estado habitual, via o bendito Jesus fora e dentro de meu interior, se  fora o via menino, menino o via dentro; se o via crucificado por fora, também o via dentro. Eu fiquei  admirada e Ele me disse:

(2) “Minha filha, quando minha imagem está completamente formada no interior da alma, qualquer  forma que queira tomar externamente para voltar a me olhar, ela toma minha mesma imagem que  formei na alma. Que maravilha, então!

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Maio 26, 1905

Quando a alma é toda de Jesus, Ele sente o seu murmúrio no seu Ser. 

(1) Encontrando-me fora de mim mesma, encontrei o Menino Jesus nos braços e estava a dizer lhe: “Meu querido, sou toda e sempre tua; ah! não permita que corra em mim nada, embora seja  uma sombra que não seja tua”.

(2) E Ele: “Minha filha, quando a alma é toda minha, Eu sinto um murmúrio contínuo de seu ser em  Mim; este seu murmúrio contínuo eu o sinto correr em minha voz, em meu coração, na mente, nas  mãos, em meus passos e até em meu sangue. Oh! Como me é doce este seu murmúrio em Mim, e  conforme o sinto vou repetindo: “Tudo, tudo, tudo desta alma é meu, e Eu te amo, te amo muito”. E  nela selo o murmúrio do meu amor; e, quando eu sinto o seu, assim a alma sente meu murmúrio  em todo seu ser, assim que se a alma em toda si mesma se sente correr meu murmúrio, é sinal de  que é toda minha”.

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Maio 29, 1905

Quem repousa nos braços da obediência, recebe todas as cores divinas. (1) Esta manhã, ao vir o bendito Jesus lançou-se nos meus braços como se quisesse repousar e  disse-me:

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(2) “Como uma criança repousa segura nos braços da mãe, assim a alma deve repousar nos  braços da obediência, e quem repousa nos braços da obediência recebe todas as cores divinas,  porque com quem verdadeiramente dorme se pode fazer o que se quer; assim quem  verdadeiramente repousa nos braços da obediência, pode-se dizer que dorme, e Deus pode fazer  à alma o que Ele quer”.

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Maio 30, 1905

A vida de amor de Jesus. 

(1) Continuando o meu estado habitual, estava dizendo: “Senhor, o que queres de mim? Manifesta me a tua Santa Vontade”.

(2) E Ele: “Minha filha, quero-te toda em Mim, a fim de que possa encontrar tudo em ti. Assim como  todas as criaturas tiveram vida na minha humanidade, e eu me satisfiz por todas, assim, estando  toda em Mim, far-me-ás encontrar todas as criaturas em ti, isto é, unida Comigo me farás encontrar  em ti a reparação por todos, a satisfação, o agradecimento, o louvor, e tudo o que as criaturas são  obrigadas a dar-me. O amor, além da Vida Divina e humana me forneceu a terceira vida, que me  fez germinar todas as vidas das criaturas em minha humanidade, é esta vida de amor, e que  enquanto me dava vida, me dava morte contínua, me feria e me fortalecia, me humilhava e me  exaltava, me amargurava e me adoçava, me atormentava e me dava delícias. O que não contém  esta vida de amor incansável e disposta a qualquer coisa? Tudo, tudo nela se encontra, sua vida é  sempre nova e eterna. Oh! Como gostaria de encontrar em ti esta vida de amor para ter-te sempre  em Mim, e encontrar tudo em ti”.

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Junho 2, 1905

A paciência é o alimento da perseverança.

(1) Esta manhã, o bendito Jesus ao vir me disse:

(2) “Minha filha, a paciência é o alimento da perseverança, porque a paciência mantém em seu  lugar as paixões e corrobora todas as virtudes, e as virtudes, recebendo da paciência a atitude da  vida contínua, não sentem o cansaço que produz a inconstância, tão fácil para a criatura. Por isso a  alma não se abate se é mortificada ou humilhada, porque rapidamente a paciência lhe fornece o  alimento necessário, e forma um vínculo mais forte e estável de perseverança. Nem se é consolada  e exaltada se eleva muito, porque a paciência alimentando a perseverança, se contém na  moderação sem sair de seus limites. Além disso, assim como a paciência é alimento, e até  enquanto uma pessoa se alimenta pode dizer que tem vida, não está morta; assim a alma, até que  tenha paciência, desfrutará a vida da perseverança”.

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Junho 5, 1905

As cruzes são fontes batismais. 

(1) Esta manhã ao vir o bendito Jesus me disse:

(2) “Minha filha, as cruzes, as mortificações, são outras tantas fontes batismais, e qualquer espécie  de cruz que está empapada no pensamento de minha Paixão, perde a metade da aspereza e  diminui a metade do peso”.

(3) E como relâmpago desapareceu. Então eu fiquei fazendo certas adorações e reparos em meu  interior, e de novo voltou e acrescentou:

(4) “Qual não é meu consolo ao ver refeito em ti o que minha Humanidade fez tantos séculos antes,  porque qualquer coisa que Eu determinei que cada alma fizesse, foi feita primeiro em minha  Humanidade, e se a alma me corresponde, o que Eu fiz por ela o refaz de novo em si mesma, e se  não, fica só feito em Mim mesmo, e Eu sinto por isso uma amargura indizível”.

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Junho 23, 1905

Quem está unido com a Humanidade de Jesus, encontra-se à porta da sua Divindade. 

(1) Continuando meu estado habitual, estava pensando em como Jesus Cristo morreu e que Ele  não podia de modo algum temer a morte, porque estando tão unido com a Divindade, aliás,  transmutado, já se encontrava seguro como um em seu próprio palácio; mas para a alma, oh! como  é diferente. Enquanto estes e outros desatinos pensavam, o bendito Jesus veio e me disse:

(2) “Minha filha, quem está unido com minha Humanidade já se encontra à porta de minha  Divindade, porque minha Humanidade é espelho à alma, da qual se reflete a Divindade nela; quem  se encontra nos reflexos deste espelho, entende-se que todo seu ser é transformado em amor,  porque minha filha, tudo o que da criatura sai, até o movimento dos olhos, dos lábios, o mover dos  pensamentos e todo o resto, tudo deveria ser amor e feito por amor, porque sendo meu Ser todo  amor, onde encontro amor absorvo tudo em Mim, e a alma habita segura em Mim, como um em  seu próprio palácio; então, que temor pode ter a alma ao morrer de vir a Mim, se já se encontra em  Mim?”

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Julho 3, 1905

Declarações de Jesus sobre o estado de Luisa. 

(1) Continuando o meu estado habitual, encontrei-me fora de mim mesma, e encontrei a Rainha  Mãe com o menino Jesus nos braços, que lhe estava dando seu dulcíssimo leite; eu ao ver que o

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menino sugava o leite do peito de nossa Mãe, lentamente o tirei do peito e me pus eu a sugar. Ao  ver-me fazer isto, ambos sorriram da minha astúcia, mas deixaram-me chupar. Então depois disso,  a Rainha Mãe me disse:

(2) “Toma o teu Querido e desfruta dele.”.

(3) Eu o tomei em braços e enquanto, fora, se escutavam rumores de armas e Ele me disse:  (4) “Este governo cairá”.

(5) E eu: “Quando?”

(6) Tocando-se a ponta do dedo continuou: “Outra ponta de dedo”.

(7) E eu: “Quem sabe quanto será esta ponta de dedo ante Ti”. Ele não me prestou atenção, e eu  não querendo saber estava dizendo: “Como gostaria de conhecer a Vontade de Deus a respeito de  mim”.

(8) E Ele me disse: “Toma um papel, que Eu mesmo te escreverei e declararei minha Vontade sobre ti”.

(9) Eu não tinha e fui buscá-lo e dei-lhe, e o menino escrevia:

(10) “Declaro perante o Céu e a terra que é minha Vontade que a escolhi vítima; declaro que me  fez doação da alma e do corpo, e sendo Eu o absoluto dono, quando a Mim me agrada participo  das penas de minha Paixão, e eu em correspondência lhe abri a porta de minha Divindade; declaro  que neste acesso me roga continuamente cada dia pelos pecadores, e toma um fluxo contínuo de  vida em proveito dos mesmos pecadores”.

(11) E escreveu tantas outras coisas que eu não me lembro muito bem, por isso as omito. Eu ao  ouvir isto me senti toda confusa e disse: “Senhor, perdoa-me se me torno impertinente, isto que  escreveste não queria sabê-lo, basta-me que o saibas Tu sozinho, o que queria saber é se é Tua  vontade que continue neste estado”. Eu em minha mente continuava pensando em se é Sua  vontade que venha o confessor a me chamar à obediência, ou bem é minha fantasia o tempo que  perco com o confessor, mas não quis dizê-lo temendo querer saber muito, convencendo-me eu  mesma que se é Sua uma coisa, Será sua a outra vontade”. E o menino Jesus continuou a  escrever:

(12) “Declaro que é Minha vontade que continue neste estado, que venha te chamar à obediência o  confessor o tempo que perdes com ele, e é Minha vontade que te surpreenda o temor de não ser  Minha Vontade teu estado, este temor e dúvida te purifica de todo mínimo defeito”.  (13) A Rainha Mãe e Jesus abençoaram-me, beijei-lhe a mão e encontrei-me em mim mesma.

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Julho 5, 1905

A Humanidade de Jesus é música à Divindade.

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(1) Continuando meu estado habitual, eu estava fazendo minhas práticas internas habituais, e o  bendito Jesus vindo me disse:

(2) “Minha filha, minha Humanidade é música à Divindade, porque todas minhas ações formavam  tantas teclas para formar a música mais perfeita e harmoniosa, para recriar o ouvido divino; e a  alma que se uniforma à minhas mesmas ações internas e externas, continua a música de minha  própria Humanidade à Divindade”.

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Julho 18, 1905

A alma não deve abrir o seu interior aos outros, só ao confessor.

(1) Encontrando-me no meu estado habitual, mal chegou o bendito Jesus disse-me:  (2) “Minha filha, quando um confessor manifesta seu modo de agir interno às almas, perde o  ímpeto de continuar agindo, e a alma, conhecendo o propósito que o confessor tem sobre ela, se  tornará descuidada e debilitada em seu agir. Assim a alma, se manifesta seu interior aos demais,  ao descobrir seu segredo evaporará o ímpeto, permanecendo toda debilitada; e se isto não ocorre  com abrir-se ao confessor, é porque a força do sacramento mantém o vapor e aumenta a força e  põe seu selo”.

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Julho 20, 1905

Quando a alma não é fiel aos desejos de Deus, 

Deus interrompe seus desígnios sobre ela. 

(1) Esta manhã estava rezando por um sacerdote doente que havia sido meu diretor, e pensava  entre mim: “Se tivesse continuado minha direção, teria estado doente ou não? E o bendito Jesus,  ao vir, disse-me:

(2) “Minha filha, quem goza dos bens que há dentro de uma casa? Certamente quem está dentro, e  embora uma pessoa tenha estado primeiro dentro, é sempre quem está no presente que os goza.  Como um patrão, até enquanto um servo está com ele, paga-lhe e faz-lhe gozar dos bens que há  em sua casa, quando se vai chama a outro, paga-lhe e lhe participa de seus bens. É assim que  faço quando uma coisa é querida por mim, e é deixada por um, a transmito a outro, dando-lhe tudo  o que estava destinado para o primeiro, assim que se tivesse continuado sua direção, estando seu  estado de vítima teria gozado dos bens de seu estado, e unidos a quem atualmente te guia, por  isso não estaria doente. E se o guia presente, apesar de sua santidade, não obtém o resto que  quer, é porque não faz plenamente o que quero, e apesar de que goza dos bens, também alguns  carismas não os merece”.

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Julho 22, 1905

Deus não olha para a obra, mas para a intensidade do amor no agir. 

(1) Estando irritada por não poder fazer certas mortificações, parecendo que o Senhor me  abominava e por isso não permitia que as fizesse, o bendito Jesus ao vir me disse:  (2) “Minha filha, quem verdadeiramente me ama não se incomoda jamais de nada e busca  converter todas as coisas em amor. Por que motivo você queria te mortificar? Certamente por amor  meu, e eu te digo: “Por amor meu te mortifique, por amor meu toma os consolos, e um e o outro  serão diante de Mim de igual peso”. De acordo com a dose de amor que contém uma ação, ainda  que indiferente, assim se aumenta o peso, porque Eu não olho a obra, mas a intensidade do amor  que o obrar contém, por isso não quero nenhum incômodo em você, senão sempre paz, porque os  abomino, as perturbações, é sempre o amor próprio que quer sair para reinar, ou o inimigo para  fazer mal”.

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Agosto 9, 1905

Efeitos da paz e da perturbação.  

(1) Continuando meu habitual estado, me sentia um pouco perturbada, e o bendito Jesus ao vir me  disse:

(2) “Minha filha, a alma em paz e que todo seu ser tende a Mim, goteja de sua alma gotas de luz  que caem sobre minhas vestes e formam meu adorno; pelo contrário, a alma turbada goteja trevas  e formam o adorno diabólico. E não só isto, senão que a turbação impede o caminho à graça, e  torna inútil à criatura para obrar o bem”.

(3) Em seguida, acrescentou: “Se a alma a cada coisa se perturba, é sinal de que está cheia de si  mesma; se uma coisa que lhe acontece se perturba e a outra não, é sinal de que tem alguma coisa  de Deus, mas há muitos vazios por preencher; se nada a turba, é sinal de que toda está cheia de  Deus. Oh! Quanto mal faz a perturbação à alma, até rejeitar a Deus e enchê-la toda de si mesma”.

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Agosto 17, 1905

Toda a glória de uma alma, é ouvir dizer que de tudo o que tem, 

nada é seu, senão tudo é de Deus. 

(1) Continuando o meu estado habitual, via a Rainha Mãe a dizer ao nosso Senhor: “Venha, venha

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ao seu jardim para se deleitar.” Parecia que me apontava a mim. Eu ao ouvir isto me sentia cheia  de vergonha e dizia entre mim: “Eu não tenho nem pingo de bem, como se poderá deleitar?  Enquanto isso pensava o bendito Jesus me disse:

(2) “Minha filha, por que te ruborizas? Toda a glória de uma alma é ouvir dizer que tudo o que tem,  nada é seu, senão que tudo é de Deus. E Eu em correspondência lhe digo que tudo o que é meu é  seu”.

(3) E enquanto dizia isso, parecia que meu pequeno jardim feito por Ele mesmo, se unia com o seu  grandiosíssimo jardim que tinha em seu coração, e se faziam um só e nos deleitávamos juntos, e  depois me encontrei em mim mesma.

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Agosto 20, 1905

A Graça toma tantas imagens em torno da alma, por  

quantas são as perfeições e virtudes divinas.

(1) Esta manhã o bendito Jesus ao vir me disse:

(2) “Minha filha, se a alma em todas as suas ações opera tudo por Deus e para agradar só a Deus,  a graça entra por todas as partes na alma, como uma casa quando estão abertos balcões, portas,  janelas, a luz do sol entra por toda parte e goza toda a plenitude da luz, assim a alma goza toda a  plenitude da luz divina. E esta luz com a correspondência da alma vai sempre aumentando, até  converter-se toda ela em luz; mas se depois faz diversamente, a luz entra pelas fissuras e na alma  tudo é trevas. Minha filha, a quem me dá tudo, dou tudo, por isso minha Graça, não sendo a alma  capaz de receber tudo junto ao meu Ser, toma tantas imagens em torno da alma por quantas são  minhas perfeições e virtudes, assim que toma a imagem da beleza e comunica a luz da beleza na  alma; a imagem da sabedoria, e comunica a luz da sabedoria; a imagem da bondade, e comunica  a bondade; a imagem da santidade, da justiça, da força, do poder, da pureza, e comunica-lhe a luz  da santidade, da justiça, da força, do poder e da pureza, e assim por diante; de modo que a alma  está adornada não por um sol, mas por tantos sóis por quantas são minhas perfeições, e estas  imagens estão em torno de cada alma, só que para quem está aberta e corresponde, estão todas  em atividade, trabalhando; para quem não, estão como adormecidas para aquelas almas, assim  que pouco ou nada podem empregar sua atividade”.

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Agosto 22, 1905

Quem divide com Jesus o peso dos seus sofrimentos, isto é, 

o trabalho da Redenção, vem participar dos ganhos do trabalho da Redenção.

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(1) Encontrando-me em meu estado habitual, assim que chegou meu adorável Jesus me  transportou para fora de mim mesma, e me participava seus sofrimentos. Depois me disse:  (2) “Minha filha, quando duas pessoas dividem o peso de um trabalho, juntas dividem o pagamento  que recebem por aquele trabalho, e tanto um como outro podem fazer bem a quem quiserem com aquele pagamento. Então, dividindo Tu Comigo o peso de meus sofrimentos, isto é, o trabalho da  minha Redenção, vens a participar no ganho do trabalho da Redenção; e sendo dividida entre Eu e  Tu o pagamento de nossas penas, Eu posso fazer bem a quem quero, em geral e também em  modo especial; assim você, é livre de fazer bem a quem quiser com o pagamento que lhe  corresponde. Este é o lucro de quem divide Comigo minhas penas, que só é concedido ao estado  de vítima, e o lucro de quem lhe está mais próximo, porque estando perto, mais facilmente participa  dos bens que um possui; por isso minha filha, alegra-te quando mais te participo minhas penas, porque maior será a parte do teu pagamento”.

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Agosto 23, 1905

Se a alma faz tudo por Deus, permanece extinta na chama do amor divino. Pensar em si mesmo nunca é virtude, mas sempre vício.

(1) Continuando meu habitual estado, meu bendito Jesus me disse:

(2) “Minha filha, se a alma faz tudo por Mim, imita aquelas pequenas borboletas que giram e giram  em torno de uma chama e ficam extintas naquela mesma chama. Assim a alma, segundo o  perfume de suas ações, de seus movimentos e desejos oferecidos a Mim, assim gira em torno de  Mim, agora ao redor dos olhos, agora ao rosto, agora às mãos, agora ao coração; segundo as  diversas ofertas que me vai fazendo, e com o seu contínuo girar em torno de Mim permanece toda  extinta na chama do meu amor, sem tocar as chamas do purgatório”.

(3) Depois desapareceu, e tendo regressado acrescentou:

(4) “O pensar em si mesmo é o mesmo que sair de Deus e voltar a viver em si mesmo. Além disso,  pensar em si mesmo nunca é virtude, mas sempre vicio, mesmo que fosse sob aspecto de bem”.  + + + +

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Agosto 25, 1905

As verdadeiras virtudes devem ter as raízes no coração de Jesus, 

e desenvolver-se no coração da criatura.

(1) Esta manhã ao vir o bendito Jesus me disse:

(2) “Minha filha, a alma deve viver em meu coração, e as mesmas virtudes, deve fazer de modo

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que as raízes estejam em meu coração e desenvolvê-las em seu coração; de outra maneira se  podem ter as virtudes naturais, ou bem de simpatia, as quais se chamam virtudes a tempo e  circunstância, e são mutáveis; enquanto as virtudes que a raiz está fixa em meu coração e  desenvolvida na alma, são estáveis e se adaptam a todos os tempos e a todas as circunstâncias, e  são iguais para todos, ao contrário aquelas não, e acontece que sentem uma caridade ilimitada por  uma pessoa, ou seja, a um tempo são todo fogo, fazem verdadeiros sacrifícios, gostariam de pôr a  vida; mas se apresenta outra, e ainda que seja mais necessitada que a primeira, num momento se  muda a cena, se fazem de gelo, nem sequer querem fazer o sacrifício nem de ouvir, nem de dizer  uma palavra, estão desenganadas e a despedem irritadas, furiosas; é porventura esta caridade  aquela que a raiz está fixa no meu coração? Certamente que não, pelo contrário, é caridade  viciosa, toda humana e de simpatia, que a um momento parece florescer, e em outro se seca e  desaparece. Alguma outra é obediente a uma pessoa, submissa, humilde, faz-se um trapo, de  modo que aquela pessoa pode fazer com ela o que quiser; mas com outra é desobediente,  relutante, soberba; é acaso esta obediência que sai de meu coração, que obedece a todos, até aos  mesmos carrascos? Não, certamente. Outra é paciente em certas ocasiões, mesmo em  sofrimentos sérios, parece um cordeiro que nem sequer abre a boca para lamentar-se; mas diante  de outro sofrimento, talvez menor, monta em fúria, irrita-se, amaldiçoa; é talvez esta a paciência  que a raiz está fixa em meu coração? Não, certamente. Outra, um dia é todo fervor, ora sempre,  até transgredir os deveres do próprio estado; outro dia recebeu um encontro um pouco  desagradável, sente-se fria, abandona de fato a oração até transgredir os deveres de um cristão,  as orações de obrigação; É este o meu espírito de oração, que cheguei a suar sangue, a sentir a  agonia da morte, e no entanto não negligenciei um só momento a oração? Certamente que não, e  assim de todas as outras virtudes. Só as virtudes que estão radicadas em meu coração e  enxertadas na alma são estáveis e permanecem, e resplandecem cheias de luz; as outras,  enquanto aparecem como virtudes são vícios, aparecem como luz e são trevas”.

(3) Disse isto e desapareceu. Eu continuava desejando-o, e voltou e acrescentou:  (4) “A alma que me deseja sempre se embebe de Mim continuamente, e Eu sentindo-me embebido  pela alma me embebo da alma, de modo que onde quer que volte, encontro-a com seus desejos e  a toco continuamente”.

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Agosto 28, 1905

O coração de Jesus se ata com os corações humanos, e estes tomam 

tudo do coração Dele, até sua própria Vida, se lhe correspondem. 

(1) Esta manhã meu adorável Jesus ao vir me fazia ver seu amável coração, e de dentro saíam

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como tantos fios resplandecentes de ouro, de prata, vermelhos, e parecia que formavam uma rede,  e fio por fio amarrava todos os corações humanos. Eu fiquei admirada ao ver isto, e Ele me disse: (2) “Minha filha, meu coração se liga com estes fios a todos os afetos, os desejos, os batimentos, o  amor e até a própria vida dos corações humanos, em tudo similares ao meu coração humano, só  diferentes na santidade, e tendo-os atado, desde o Céu, como se movem meus desejos, o fio dos  desejos estimula os desejos deles; se se movem os afetos, o fio dos afetos move os afetos deles;  se amo, o fio do amor estimula o amor deles; e o fio da minha vida lhes dá a vida. Oh! Que  harmonia entre o Céu e a terra, entre meu coração e os corações humanos, mas isto o adverte só  quem me corresponde; mas quem faz algo de má vontade, com o vigor de sua vontade nada  adverte e manda ao vazio as operações de meu coração humano.

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Setembro 4, 1905

Em todos os tempos, Deus teve almas que receberam, por quanto pode uma criatura, a finalidade da Criação, Redenção e Santificação. 

(1) Continuando o meu habitual estado, o meu adorável Jesus fazia-me ver a sua Santíssima  Humanidade, todas as suas chagas, as suas tristezas, e do interior das suas chagas e até das  suas gotas de sangue saíam tantos ramos cheios de frutos e flores, e parecia que me comunicava  seus sofrimentos e todos seus ramos carregados de flores e frutos. Eu fiquei maravilhada ao ver a  bondade de nosso Senhor que me participava todos seus bens, sem excluir-me de nada de tudo o  que Ele continha; e o bendito Jesus me disse:

(2) “Filha amada minha, não te admires do que vês, porque não estás sozinha ou és única, porque  em todos os tempos tive almas, que, na medida em que uma criatura pode, de algum modo,  receber a finalidade da criação, redenção e santificação, e que a criatura possa receber todos os  bens pelos quais a criei, redimi e santifiquei; caso contrário, se eu não estivesse em todo o tempo,  mesmo que fosse um apenas, se frustraria todo minha obra, pelo menos por algum tempo. Esta é a  ordem da minha providência, da minha justiça e do meu amor, que em cada tempo tivesse ao  menos uma só a que Eu pudesse participar todos os bens, e que a criatura me desse tudo o que  me deve como criatura, de outra maneira, em que aproveitaria manter o mundo? Num momento o  destroçaria; e por isso precisamente escolho as almas vítimas, porque assim como a divina justiça  encontrou em Mim tudo o que deveria encontrar em todas as criaturas, e participou-me todos  juntos os bens que teria participado a todas as criaturas, de modo que a minha humanidade  continha tudo, assim nas vítimas encontro tudo nelas e lhes compartilho todos os meus bens. No  tempo da minha Paixão tive a minha amadíssima Mãe, que enquanto lhe participava todas as

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minhas penas e todos os meus bens, Ela como criatura estava atentíssima a reunir em Si tudo o  que me teriam feito as criaturas, assim que Eu encontrava nela toda a minha satisfação e toda a  gratidão, o agradecimento, o louvor, a reparação, a correspondência que devia encontrar em todos  os outros. Logo vinha a Madalena, João, e assim em todos os tempos da Igreja, por isso, para  fazer que ditas almas me fossem mais agradáveis e pudesse sentir-me atraído a dar-lhes tudo, as  previno primeiro e logo lhes enobreço a alma, o corpo, o trato, e até a voz, de modo que uma só  palavra tem tanta força, é tão graciosa, doce, penetrante, que tudo me comove e me enternece, me  transforma muda-me e eu digo: Ah! É esta a voz de minha amada, não posso fazer menos que  escutá-la, seria como se quisesse negar-me a Mim mesmo o que quer, se não devo escutá-la  convém-me tirar a vontade de fazê-la falar, mas mandá-la vazia jamais; assim que entre ela e eu  há tal eletricidade de união, que a própria alma não pode compreender tudo nesta vida, ainda que  o compreenda com toda clareza na outra”.

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6-131

Setembro 6, 1905

O mal da distração. 

(1) Esta manhã, depois de ter esperado muito, via nosso Senhor crucificado, e eu estava beijando  as chagas de suas mãos, reparando e rogando que santificasse, aperfeiçoasse, purificasse todas  as obras humanas por amor do que havia sofrido em suas santíssimas mãos, e o bendito Jesus me  disse:

(2) “Minha filha, as obras que mais irritam minhas mãos, e que mais me amargam e ampliam  minhas chagas são as boas obras feitas com distração, porque a distração tira a vida às boas  obras, e as coisas que não têm vida estão sempre próximas a apodrecer, por isso a Mim me dão náuseas, e ao olho humano é mais escândalo a boa obra feita sem atenção do que o próprio  pecado, porque o pecado é conhecido como trevas, e não é maravilha que as trevas não dêem luz;  mas a boa obra que é luz e dá trevas ofende tanto ao olho humano, que não sabe mais onde  encontrar a luz, e por isso encontra um obstáculo no caminho do bem”.

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6-132

Setembro 8, 1905

A verdadeira caridade é fazer o bem ao próximo, porque é imagem de Deus.  (1) Encontrando-me em meu habitual estado, assim que veio o bendito Jesus me disse:  (2) “Minha filha, a verdadeira caridade é quando fazendo o bem ao próximo, o faz porque é minha  imagem. Toda a caridade que sai deste ambiente não se pode dizer caridade; se a alma quer o  mérito da caridade não deve sair jamais deste ambiente de ver em tudo a minha imagem. Tanto é  verdade que nisto está a verdadeira caridade, que a minha caridade não sai jamais deste

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ambiente, tanto ama a criatura porque é imagem minha, e se com o pecado deforma esta minha  imagem, não sinto mais amá-la, mas a abomino; e conservo as plantas, os animais, porque servem  a minhas imagens, e a criatura deve adaptar-se toda ela mesma a exemplo de seu Criador”.

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6-133

Setembro 17, 1905

Como você pode participar das dores da Rainha Mãe. 

(1) Tendo sofrido muito pela privação de meu dulcíssimo Jesus, esta manhã, dia das dores de  Maria Santíssima, depois de haver-me de algum modo fatigado, veio e me disse:  (2) “Minha filha, que queres que tanto me almejas?

(3) E eu: “Senhor, o que tens para Ti, é o que desejo para Mim”.

(4) E Ele: “Minha filha, para Mim tenho espinhos, pregos e cruz”.

(5) E eu: “Bem, é isso que quero para mim”. E me deu sua coroa de espinhos e me participava as  dores da cruz, e depois acrescentou:

(6) “Todos podem participar nos méritos e nos bens que frutificaram das dores de minha Mãe.  Quem antecipadamente se coloca nas mãos da providência, oferecendo-se a sofrer qualquer tipo  de penas, misérias, enfermidades, calúnias e tudo o que o Senhor disponha sobre ela, vem a  participar da primeira dor da profecia de Simeão. Quem atualmente se encontra nos sofrimentos e  está resignado e está mais estreito Comigo, não me ofende, e como se me salvasse das mãos de  Herodes, e são e salvo me conserva no Egito de seu coração, participa da segunda dor. Quem se  encontra abatido de ânimo, árido e privado da minha presença, e está firme e fiel aos seus  habituais exercícios, aliás, procura a ocasião de me amar e buscar-me mais, sem se cansar, vem  participar dos méritos e bens que adquiriu a minha Mãe no meu extravio. Quem em qualquer  ocasião que se encontre, especialmente de me ver ofendido gravemente, desprezado, pisoteado, e  busca reparar-me, compadecer-me e rogar por aqueles mesmos que me ofendem, é como se  encontrasse naquela alma a minha mesma Mãe, que se tivesse podido libertar-me dos meus  inimigos, e participasse na quarta dor. Quem crucifica seus sentidos por amor de minha  crucificação, e tenta copiar em si as virtudes de minha crucificação, participa do quinto. Quem está  em contínua atitude de adorar, de beijar minhas chagas, de reparos, de agradecimentos e mais,  em nome de todo o gênero humano, é como se me tivesse em seus braços, como me teve minha  Mãe quando fui deposto da cruz, e participa do sexto sofrimento. Quem se mantém em minha  graça e me corresponde, e não dá a nenhum outro albergue no próprio coração senão a Mim só, é  como se me sepultasse no centro do coração, e participa no sétimo.”

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Volume 06

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6-134

Outubro 10, 1905

O sinal de que a alma está perfeitamente estreitada e unida com Jesus,  é se está unida com todos os demais.

(1) Estando muito afligida pelas fadigas que o bendito Jesus me faz sofrer ao esperá-lo, esta  manhã ao momento de fazer-se ver me disse:

(2) “Minha filha, me desagrada sua tristeza e o ver-te como imersa em amarga aflição por minha  privação. Sinto tanta pena de sua aflição, especialmente porque é por minha causa, que a sinto  como se fosse minha, e é tão grande, que se todas as aflições dos outros se unissem, não me  daria tanta pena como a sua só, porque é só por minha causa. É por isso que, me mostre seu rosto  alegre e me faça ver que está contente”.

(3) Depois aproximou-se estreitando fortemente a mim e acrescentou:

(4) “O sinal de que a alma está perfeitamente estreita e unida Comigo, é se está unida com todos  os próximos. Assim como nenhuma nota discordante e mesclada deve existir com aqueles que  estão visíveis na terra, assim nenhuma nota discordante de desunião pode existir com o invisível  Deus”.

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6-135

Outubro 12, 1905

O conhecimento de si mesma, esvazia a alma de si mesma e a enche de Deus.  (1) Continuando meu habitual estado, quando veio o bendito Jesus me disse:  (2) “Minha filha, o conhecimento de si mesma esvazia a alma de si mesma e a enche de Deus; e  não só isto, na alma há muitos armários, e tudo o que no mundo se vê, de acordo com o conceito  que se forma disso, assim, quem mais, quem menos, tomam seu lugar nestes armários. Agora, a  alma que se conhece a si mesma e está cheia de Deus, sabendo que ela é nada, mas bem se  sabe um vaso frágil, putrefato, fétido, cuida-se bem de fazer entrar em seu interior outras podridões  fétidas, como são as coisas que se vêem no mundo. Seria um louco aquele que tendo uma chaga  putrefata vai juntando mais podridão para colocá-la sobre sua chaga; conhecer-se a si mesma leva  consigo o conhecimento das coisas do mundo, por isso, como tudo é vaidade, fugacidade, bens só  disfarçados, enganos, inconstância de criatura, então conhecendo quais são as coisas em si  mesmas, se cuida bem de fazê-las entrar em si mesma, e todos aqueles armários ficam cheios das  virtudes de Deus”.

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Volume 06

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6-136

Outubro 16, 1905

Quanto mais a alma se aproxima do amor de Deus, mais perderá as virtudes.  

(1) Tendo lido um livro que tratava das virtudes, olhando para mim mesma estava pensativa porque  não via em mim nenhuma virtude; se não fosse só porque quero amá-lo, quero-o, amo-o, e quero  ser amada por Jesus bendito, nada, nada existiria em mim de Deus. Agora, encontrando-me em  meu estado habitual, meu adorável Jesus me disse:

(2) “Minha filha, quanto mais a alma chega ao termo, para aproximar-se da fonte de todo bem, qual  é o verdadeiro e perfeito amor de Deus, onde tudo ficará submerso e só o amor existirá para ser o  motor de tudo, assim a alma perderá todas as virtudes que praticou na viagem, para encerrar tudo  no amor e repousar de tudo para só amar; não perdem todos os bem-aventurados só por amar?  Assim a alma, quanto mais caminha, menos sente o diversificado trabalho das virtudes, porque o  amor investindo-as todas, as converte todas em si, tendo-as em si mesmo em repouso, como  tantas nobres princesas, trabalhando ele só e dando-lhes vida a todas, e enquanto a alma não as  alerta, no amor as encontra todas, porém mais belas, mais puras, mais perfeitas, mais enobrecidas,  e se a alma as alerta é sinal de que estão divididas do amor. Como por exemplo, um recebe uma  ordem, e a alma exercita a obediência por obedecer ao que dá a ordem para adquirir a virtude para  sacrificar a vontade própria, e tantas outras razões que pode haver; agora, fazendo assim se  adverte que se exercita a obediência, sente-se a fadiga, o sacrifício que leva consigo esta virtude.  Outra obedece, não por obedecer ao que dá a ordem, nem por outras razões, mas sabendo que  Deus se desgostaria por sua desobediência, vê Deus naquele que ordena, e por amor seu sacrifica  tudo e obedece. A alma não adverte que obedece, senão só que ama, porque só por amor obedeceu, senão teria desobedecido o mesmo, e assim por diante. Por isso, ânimo no caminho,  que quanto mais se caminha, tanto mais rápido saborearás a bem-aventurança eterna do único e  verdadeiro amor, mesmo daqui”.

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Outubro 18, 1905

O tudo está em aumentar o amor, e estar próximo de Jesus.

(1) Esta manhã, encontrando-me no meu habitual estado, Jesus veio de improviso e disse-me:  (2) “Minha filha, que tolice, até nas coisas santas pensam em como contentar-se a si mesmos, se  nas coisas santas me fazem a um lado, onde encontrarei Eu um lugar nas ações de minhas  criaturas? Que engano! Enquanto o todo está em que as ações sejam precedidas pelo amor, em

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levá-las a cabo, reunir quanto mais coisas possa para aumentar o amor, e estar tão próximo a Mim  para beber da fonte de meu amor, para submergir tudo em meu amor. No entanto, que erro! Fazem  tudo de maneira diversa”.

(3) Disse isso e desapareceu.

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6-138

Outubro 20, 1905

A Justiça Divina converte o fogo do pecado em fogo de castigo.

(1) Encontrando-me no meu estado habitual, depois de ter esperado muito, assim que veio o  bendito Jesus, quase em ato de mandar castigos, disse-me:

(2) “Minha filha, o pecado é fogo, minha justiça é fogo. Agora, devendo minha justiça permanecer  sempre igual, sempre justa em seu agir, e não receber em si nenhum fogo profano, quando o  fogo do pecado quer unir-se ao seu, derrama-o sobre a terra, convertendo-o em fogo de  castigo”.

+ + + +

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Outubro 24, 1905

As misérias da natureza humana servem para reordenar nela a ordem de todas as  virtudes. 

(1) Considerando minha miséria, a debilidade da natureza humana, sentia-me um objeto  abominável a mim mesma, e imaginava como sou mais abominável diante de Deus, e dizia  entre mim: “Senhor, como se fez feia a natureza humana”. E vindo me disse:  (2) “Minha filha, nada saiu de minhas mãos que não seja bom, mas sim criei a natureza  humana bela, mas de aparência enganosa, e se a alma a vê desprezível, purulenta, débil,  abominável, isto serve à natureza humana como serve o esterco à terra, que quem não  entende de tudo diria: Louco aquele que suja o terreno com esta sujeira, enquanto que quem  entende que essa sujeira serve para fecundar a terra, para fazer crescer as plantas e fazer  mais belos e saborosos os frutos. Assim criei a natureza humana com estas misérias para  reordenar nela a ordem de todas as virtudes, de outra maneira ficaria sem o exercício das  verdadeiras virtudes”.

(3) Então via em minha mente a natureza humana como se estivesse toda cheia de buracos, e  nestes buracos estava o pus, a lama, e de dentro saíam ramos carregados de flores e frutos Por isso compreendia que tudo está no uso que fazemos dela, inclusive das mesmas misérias.  + + + +

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Volume 06

6-140

Novembro 2, 1905

A alma deve uniformar-se à Divina Vontade, e a alma que 

se comporta deste modo, Jesus a faz viver d’Ele e n’Ele. 

(1) Encontrando-me em meu estado habitual, estava muito afligida pela privação de meu  adorável Jesus, e estava dizendo: “Ah Senhor! Eu não quero outra coisa que a Ti, não encontro  outro contentamento mais que em Ti somente, e Tu me deixaste tão cruelmente?” Enquanto  dizia, saiu de dentro de mim e disse:

(2) “Ah! Isso mesmo, Eu sou apenas o seu contentamento, e eu encontro todo o meu  contentamento em você, então se eu não tivesse outro, você sozinha me faria feliz. Minha filha,  um pouco de paciência até que comecem as guerras, que depois nos colocaremos em ordem  como antes”.

(3) E eu, sem saber o que dizia, eu mesma, disse: “Senhor, faze-as começar”. Mas  rapidamente acrescentei: “Senhor, enganei-me”.

(4) E Ele: “Tua vontade deve ser a minha, nada deves querer, ainda que seja coisa santa, que  não seja uniforme à minha Vontade. No giro de minha Vontade quero que você gire sempre,  sem sair um instante, para poder te tornar dona de Mim mesmo; Eu quero a guerra, também  você. E com a alma que se comporta deste modo, Eu faço de meu Ser um círculo em torno  dela, de modo a fazê-la viver de Mim e em Mim”.

(5) E desapareceu.

+ + + +

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Novembro 6, 1905

Jesus em suas penas, sua finalidade era principalmente agradar 

em tudo e por todos ao Pai, e depois a redenção das almas. 

(1) Pensando na Paixão de Nosso Senhor, dizia entre mim mesma: Quanto gostaria de entrar  no interior de Jesus Cristo para poder ver tudo o que Ele fazia, e para ver o que mais agradava  a seu coração, para poder fazê-lo também eu e atenuar suas penas oferecendo-lhe o que Ele  mais gostava”. Enquanto dizia isto, o bendito Jesus movendo-se em meu interior me disse:

(2) “Minha filha, meu interior estava ocupado nas penas, principalmente a agradar em tudo e  por todos ao meu amado Pai, e depois na redenção das almas; e a coisa que mais agradava a

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Volume 06

meu coração ver a complacência que me mostrava o Pai ao me ver sofrer tanto por seu amor,  assim que tudo reunia em Si, nem sequer um respiro, um suspiro se dispersou, senão que tudo  recolheu para poder-se agradar e me mostrar sua complacência. E Eu estava tão satisfeito com  isso, que se não tivesse outra coisa, a simples complacência de meu Pai me bastava para  sentir-me satisfeito pelo que sofria; enquanto que por parte das criaturas, muito, muito da minha  Paixão ficou disperso. E tanta era a complacência do Pai, que a torrentes derramava em minha  Humanidade os tesouros da Divindade. Por isso acompanha minha Paixão desta maneira, que  me dará muito gosto”.

+ + + +

6-142

Novembro 8, 1905

A alma que se resigna à Divina Vontade chega a fazer de Deus seu alimento cotidiano.

(1) Tendo esperado muito, assim que Jesus veio me disse:

(2) “Minha filha, à alma que se resigna a minha Vontade, lhe sucede como a aquele que,  aproximando-se ao ver um belo alimento, sente o desejo de comê-lo, e estimulando o desejo  passa a desfrutar daquele alimento e convertê-lo em sua carne e em seu sangue. Se não  tivesse visto o belo alimento, não poderia vir o desejo, nem sentir o gosto, e continuaria a  permanecer em jejum. Assim é a resignação à alma, enquanto se resigna, na mesma  resignação descobre uma luz divina, e esta luz limpa a névoa que impede ver a Deus, e vendo

o, deseja gostar de Deus, e enquanto gosta Dele sente como se o comesse, de modo que o  sente tudo transformado em si ao mesmo Deus. Assim que disto se entende que o primeiro  passo é o resignar-se, o segundo é o desejo de fazer em tudo a Vontade de Deus, o terceiro  fazer dele seu alimento primoroso cotidianamente, o quarto é consumar a Vontade de Deus na  sua. Mas se não fizer o primeiro passo ficará em jejum de Deus”.

+ + + +

6-143

Dezembro 12, 1905

A palavra de Deus é palavra fecunda que germina virtudes.

(1) Continuando o meu habitual estado, assim que veio o bendito Jesus me disse:  (2) “Minha filha, quando a criatura opera o bem, parte dela uma luz que vai ao Criador, e esta  luz dá glória ao Criador da luz, e embeleza com uma beleza divina a alma”.  (3) Depois vi o confessor que tirava o livro escrito por mim para o ler, e junto estava Nosso  Senhor que dizia:

(4) “A minha palavra é chuva, e assim como a chuva fecunda a terra, assim o sinal para saber

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se o que está escrito neste livro é chuva da minha palavra, é ver se é palavra fecunda que germina

virtudes.”

 

+ + + +

 

6-144

Dezembro 15, 1905

Jesus quis ser crucificado e levantado na cruz, para fazer com que as almas,

 

segundo o queiram, o encontrem.

 

(1) Continuando meu habitual estado, estava pensando na Paixão de Jesus bendito, e fazendo-se

ver crucificado me participava um pouco de suas dores dizendo-me:

(2) “Minha filha, quis ser crucificado e levantado na cruz para fazer que as almas, segundo me

queiram me encontrem. Então você me ama como um professor porque você sente a necessidade

de ser ensinada, e eu me abaixo para ensinar-lhe tanto as coisas pequenas como as mais altas e

sublimes para torná-la mais instruída. Outro gemido no abandono, no esquecimento, gostaria de

encontrar um pai, vem aos pés da minha cruz, e eu me faço pai lhe dando habitação em minhas

chagas, por bebida meu sangue, por alimento minhas carnes, e por herança meu mesmo reino.

Aquele outro está doente e me encontra médico, que não só o curo, mas dou-lhe os remédios

seguros para não cair mais nas enfermidades. Este outro está oprimido por calúnias, por

desprezos, e aos pés da minha cruz encontra o seu defensor, até lhe mudar as calúnias, os

desprezos, em honras divinas; e assim por diante, assim quem me quer juiz encontra-me juiz,

quem amigo, quem esposo, quem advogado, quem sacerdote, assim me acham. Por isso quis ser

cravado de mãos e pés, para não me opor a nada do que querem, para fazer-me como querem;

mas, ai! de quem, vendo que Eu não posso me mover, nem mesmo um dedo, se atrevem a me

ofender”.

(3) Enquanto dizia isto eu disse: “Senhor, quem são os que mais te ofendem?” E Ele acrescentou:

(4) “Aqueles que mais me fazem sofrer são os religiosos, os quais vivendo em minha Humanidade

me atormentam e dilaceram minhas carnes em minha mesma Humanidade; enquanto quem vive

fora de minha Humanidade, me lacera de longe”.

+ + + +

 

6-145

Janeiro 6, 1906

 

A oração é música ao ouvido de Jesus, especialmente se é de uma

 

alma uniformada à sua Vontade.

 

(1) Continuando o meu habitual estado, assim que veio o meu bendito Jesus e no ato em que

estava orando, me estremeceu disse:

 

Volume 06

 

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(2) “Minha filha, a oração é música ao meu ouvido, especialmente quando uma alma está toda

uniformada à minha Vontade, de modo que não se adverte em todo seu interior mais que uma

contínua atitude de vida de Vontade Divina. Esta alma é como se saísse outro Deus e me fizesse

 

esta música, oh! como é agradável encontrar quem me pague com a mesma moeda e possa dar-

me a honras divinas. Só quem vive em meu Querer pode chegar a tanto, porque todas as demais

 

almas, embora fizessem e orassem muito, serão sempre coisas e orações humanas as que farão,

não divinas, por isso não terão aquela potência e aquela atração a meu ouvido”.

 

+ + + +

 

6-146

Janeiro 14, 1906

 

Jesus forma a sua imagem na luz que sai da alma.

(1) Encontrando-me no meu estado habitual, assim que veio o bendito Jesus me disse:

(2) “Filha minha, Eu não estou contente quando saem da alma reflexos de luz, quero que seja luz o

pensamento, luz a palavra, luz o desejo, luz as obras, luz os passos, e estas luzes unidas formam

um sol, e neste sol vem formada toda minha imagem, e isto acontece quando faz tudo, tudo por

Mim, torna-se toda luz, e assim como quem quer entrar dentro da luz solar não encontra obstáculo

para poder entrar, assim Eu não encontro obstáculo neste sol que a criatura formou de todo seu

ser; em troca, em quem não é toda luz encontro muitos impedimentos para formar minha imagem”.

 

+ + + +

 

6-147

Janeiro 16, 1906

Quem vive no ambiente da Vontade Divina está no porto de todas as riquezas.

(1) Continuando meu habitual estado, por pouco tempo veio meu bendito Jesus e me disse:

(2) “Na verdade ninguém pode resistir, nem o homem pode dizer que não é verdade; por quanto

mau e estúpido não pode alguém dizer que o branco é negro, e que o negro é branco, que a luz é

trevas, e que as trevas são luz; só que quem a ama a abraça e a põe em ação, e quem não a ama

fica perturbado e atormentado”.

(3) E como relâmpago desapareceu, e pouco depois voltou e acrescentou:

(4) “Minha filha, quem vive no ambiente da minha Vontade está no porto de todas as riquezas, e

quem vive fora deste ambiente da minha vontade está no porto de todas as misérias, por isso se

diz no Evangelho que a quem tem lhe será dado, e a quem não tem lhe será tirado aquele pouco

que tem, porque quem vive na minha vontade, estando no porto de todas as riquezas, não é

maravilha que se irá enriquecendo sempre mais com todos os bens, porque vive em Mim como em

 

Volume 06

 

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sua própria casa, e Eu, tendo-o em Mim, acaso serei avarento? Não lhe vou dar dia a dia, agora

um favor, ora outro, e nunca deixarei de lhe dar até, que não lhe tenha participado todos os meus

bens? Sim, certamente, ao contrário, quem vive no porto das misérias, fora de minha Vontade, já

por si mesma a própria vontade é a maior das misérias e a destruidora de todo bem, que maravilha

então que se tem um pouco de bem, não tendo contato com minha Vontade e vendo-o inútil

naquela alma lhe seja tirado?”

 

Deo Gratias.

 

Nihil obstat

Canonico Hanibale M. Di Francia

Eccl.

 

Imprimatur

Arcebispo Giuseppe M. Leo

Outubro 1926

 

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