O Evangelho como me foi revelado Capítulo 17 A obediência de Maria

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O Evangelho como me foi revelado Capítulo 17 A obediência de Maria
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17. A desobediência de Eva e a obediência de Maria.

5 de março de 1944.

Jesus diz:
“[…]. *
Não se lê no Gênesis* que Deus fez o homem para dominar tudo o que havia sobre a terra, ou seja,
tudo, com exceção de Deus e dos seus ministros angélicos? Não se lê que fez a mulher para ser
companheira do homem na alegria e na dominação de todos os seres vivos? Não se lê que eles 
podiam comer de tudo, menos da árvore da ciência do Bem e do Mal? Por quê? O que está sub-
entendido nas palavras “para que domines”? O que está sub-entendido na árvore da ciência do Bem e do Mal?
Nunca vos fizestes tais perguntas, vós que viveis perguntando tantas coisas inúteis, mas não indagam vossa alma a respeito das verdades celestes?
A vossa alma, se estivesse viva, vos responderia. Quando ela está na graça de Deus, está bem
segura, como uma flor entre as mãos do vosso anjo. Quando está na graça de Deus, é como uma flor
beijada pelos raios do sol, borrifada por um orvalho do Espírito Santo, que a aquece e ilumina, que
a irriga e adorna com suas luzes celestes. Quantas verdades vos diria a vossa alma, se soubésseis
conversar com ela, se a amásseis, como se ama alguém que voz faz semelhantes a Deus, que
também é Espírito. Que grande amiga teríeis, se amásseis a vossa alma, em vez de odiá-la, ao ponto
de matá-la? Que grande e sublime amiga com a qual poderíeis falar das coisas do céu, vós que
gostais tanto de falar, e vos arruinais reciprocamente, com amizades que, se não são indignas, pelo menos são
quase sempre inúteis, transformando-se num vazio vão e nocivo de palavras, totalmente
terrenas.
Não disse Eu: * “Quem me ama guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e viremos
a ele e faremos nele morada”? A alma no estado de graça possui o amor, possuindo então
Deus, ou seja, o Pai que mantém esta alma, o Filho que a ensina, o Espírito que a ilumina.
Possui, portanto, o Conhecimento, a Ciência, a Sabedoria. Possui a Luz. Pensai, então, nas
conversaçóes sublimes que vossa alma poderia entabular convosco. São os diálogos que
encheram os silêncios dos calabouços, das celas, dos ermos, dos aposentos dos enfermos
santos. Souberam confortar os que estavam encarcerados, à espera do martírio, os
enclausurados por amor à busca da Verdade, os ermitãos ansiosos pelo conhecimento
antecipado de Deus, os enfermos pela suportação. Em suma, souberam ensinar o amor à
cruz.
Se soubésseis fazer perguntas à vossa alma, ela vos diria que o significado verdadeiro,
exato, vasto como a criação, da palavra “domina” é este: “O homem deve dominar tudo, em todos
os estados: o estado inferior, que é o animal; o estado mediano, que é o moral e o estado superior,
que é o espiritual. O homem usa os três estados* para atingir um único fim, que é possuir a Deus”.
Merecer isto através deste férreo domínio, que subjuga as forças do eu, tornando-as escravas deste
único objetivo: merecer a possessão de Deus. Vossa alma vos diria que Deus proibira o
conhecimento do Bem e do Mal, porque o Bem tinha sido dado por Ele ás suas criaturas
gratuitamente, mas Ele desejava que o Mal vós não conhecêsseis, porque é um fruto doce ao
paladar, mas que, descendo para o sangue, desperta uma febre que mata, produzindo uma tal
ardência, que quanto mais se bebe daquele suco mentiroso, mais se tem sede dele.
3Vós me objetareis: “Então, por que o Mal foi colocado diante de nós?”.  Porque é uma
força que nasceu por si mesma, como nascem certos males monstruosos até nos corpos mais sadios.
Lúcifer era um anjo, o mais belo dos anjos. Espírito perfeito, inferior somente a Deus. No entanto em seu ser luminoso nasceu uma sombra de soberba, que ele não tratou de dispersar, mas, ao contrário, procurou condensar, incubando-a.

Dessa incubação, nasceu o Mal. Este existia, antes que o homem fosse criado. Deus havia
precipitado o maldito incubador do Mal para fora do Paraíso, que tinha se maculado com este
Mal. Não podendo mais sujar o Paraíso, o eterno incubador do Mal sujou a Terra.

A planta metafórica quer demonstrar esta verdade. Deus tinha dito ao homem e à mulher:
“Vós conheceis todas as leis e os mistérios da criação. Mas não queirais usurpar-
me o direito de ser o Criador do homem. Para propagar a raça humana, bastará o meu amor,
que circulará entre vós, sem libido de sensualidade, mas pelo impulso da caridade, que
suscitará novos Adãos. Tudo eu vos dou. Só me reservo este mistério da formação do
homem”.

Satanás quis tirar esta virgindade intelectual do homem e, com sua língua
serpentina, aplacou, acariciando membros e olhos da Eva, fazendo surgir neles reflexos e
sagacidades, que antes não tinham, quando a malícia não os tinha intoxicado ainda.
Ela “viu”. E quis experimentar. A carne foi despertada. Oh! se tivesse chamado por
Deus! Se tivesse corrido para ir dizer-lhe: “Pai, eu estou doente. A Serpente me acariciou, e
estou perturbada”. O Pai a teria purificado, e curado com o seu hálito, que podia infundir-lhe
novamente a inocência, como lhe havia infundido a vida, fazendo-a esquecer-se do tóxico da
Serpente, colocando nela a repugnância por ela, como acontece com aqueles que foram
assaltados por algum mal, guardando uma instintiva repugnância dele. Mas Eva não foi ao
Pai. Ela voltou à Serpente. Aquela sensação foi doce para ela: “Vendo que o fruto da árvore
era bom para se comer, bonito de se ver e agradável ao aspecto, foi apanhá-lo, e comeu”.
E “compreendeu”. A malícia já tinha começado a morder-lhe as entranhas. Ela passou a ver com
outros olhos, e a ouvir com outros ouvidos, os usos e as vozes dos irracionais. Passou a desejá-los
com uma louca cobiça.

Ela iniciou sozinha o pecado. E o terminou com o seu companheiro. Por isso é que sobre a
mulher pesa uma pena maior. Foi por meio dela que o homem se tornou rebelde a Deus e que ele
conheceu a luxúria e a morte. Foi por ela que ele não soube mais dominar os três reinos: do
espirito, porque permitiu que o espírito desobedecesse a Deus; da moral, porque permitiu que as
paixões o dominassem; e da carne, porque o aviltou, submetendo-o às leis instintivas que
regem os brutos. “A Serpente me seduziu”, diz Eva. “A mulher me ofereceu o fruto, e eu o
comi”, diz Adão.

A tríplice concupiscência rouba os seus três reinos do homem.
Somente a Graça pode desacorrentar o homem preso àquele monstro 
impiedoso. Mas, se a Graça é viva, mantida sempre assim pela vontade do filho fiel, ela
chega a destroçar o monstro, e não é preciso temer mais nada: nem os tiranos internos, isto é,
a carne e as paixões; nem os tiranos externos, ou seja, o mundo e os poderosos dele. Nem as
perseguições. Nem a morte. É como diz o Apóstolo Paulo:* “Nenhuma destas coisas eu
temo, nem amo a minha vida mais do que a mim mesmo, contanto que eu leve a bom termo a
minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, que é o de dar testemunho do
Evangelho da Graça de Deus”.
[…]”.
[8 de março de 1944.]

Maria diz:

“Estou na alegria, pois, desde que compreendi a missão a que Deus me destinava, fiquei repleta de
alegria. O meu coração se abriu como um lírio que desabrocha e o sangue derramou dele, como
terreno para o Embrião do Senhor.
9Alegria de ser mãe.

Eu me tinha consagrado a Deus desde a mais tenra idade, porque a luz do Altíssimo me
havia feito conhecer a causa do mal no mundo e eu quis, por quanto estava em meu poder,
anular, por mim mesma, o plano de satanás.
Eu ainda não sabia que não possuía a mancha do pecado. Nem eu podia pensar nisso, pois, teria
sido presunção e soberba, dado que, nascida de pais humanos, não me era lícito pretender que logo
eu é que seria a escolhida para não ter mácula.
O Espírito de Deus me tinha instruído sobre a dor do Pai, diante da corrupção de Eva, que tinha
querido aviltar-se, pois, sendo criatura por graça, desceu ao nível de uma criatura inferior. Havia em
mim a intenção de amenizar aquela dor, reconduzindo a minha carne à pureza angélica,
conservando-me inviolada por pensamentos, desejos e contactos humanos. Só por Ele o meu
coração palpitava de amor, só a Ele eu consagrava o meu ser. Mas, se não havia em mim o ardor da
carne, contudo ainda havia o sacrifício de não ser mãe.

A maternidade, livre de tudo o que agora a avilta, tinha sido concedida assim pelo Pai
Criador também a Eva. Uma doce e pura maternidade, sem o peso da sensualidade! Eu a
experimentei! De quantas vantagens Eva se despojou, quando renunciou a uma riqueza de tal
porte! Essa riqueza era muito mais do que a imortalidade. E que não vos pareça um exagero
dizer isso. De fato, o meu Jesus, e com Ele eu, sua mãe, tivemos de passar pelos langores da
morte. Eu passei por ela, como alguém que, cansado, adormece docemente, e Ele, por meio
do atroz sofrimento de quem está morrendo, porque foi condenado a isso. Portanto, também
para nós houve morte. Mas a maternidade sem pesos e sem violações só aconteceu comigo, a
nova Eva, a fim de que ela pudesse dizer ao mundo que doçura teria sido para a mulher
chamada a ser mãe, se não sentisse dor em sua carne.

Ora, o desejo dessa maternidade pura estava também na virgem toda de Deus, pois a maternidade é a glória da mulher. Se
pensardes, então, na honra que era ser mãe para a mulher israelita, ainda mais podereis
compreender o meu sacrifício, ao consagrar-me a Deus, com a privação da maternidade.
Mas o Eterno Bem quis dar à Sua serva este dom, sem deixá-la perder o candor que a revestia,
tornando-a uma flor no seu trono. Eu me sentia jubilosa com a dupla alegria de poder ser a mãe de
um homem e, ao mesmo tempo, ser a mãe de Deus.

A Alegria de ser aquela pela qual a paz se estabelecia entre o Céu e a Terra.
Oh! Ter tanto desejado essa paz, por amor de Deus e do próximo, e saber que através de mim, uma
pobre serva do Todo-Poderoso, é que tal paz viria ao mundo! Poder dizer: “Ó homens, não choreis
mais, pois eu trago em mim o segredo que vos fará felizes. Não posso lhes comunicar este segredo,
porque está selado no meu coração, assim como o Filho no meu ventre inviolado. Mas já O trago
em meio a vós, e cada hora que passa, fica mais perto o momento em que o vereis, e conhecereis
seu Nome Santo”.

A Alegria de ter contentado a Deus: a alegria do fiel que faz feliz o seu Deus.
Oh! Sim! Ter tirado do coração de Deus a amargura da desobediência de Eva! Da soberba de Eva!
Da sua incredulidade!
Meu Jesus me explicou a culpa com que o primeiro casal se manchou.  Eu anulei aquela
culpa, refazendo de modo retroativo as etapas da descida deste casal, para depois subir de novo.

O princípio da culpa estava na desobediência: “Não comais daquela árvore, e não toqueis nela”, Deus havia dito. Mas o homem e a mulher não levaram em conta aquela proibição. Eles que eram os reis da criação, podiam tocar em tudo, comer de
tudo, menos daquela árvore, pois Deus queria torná-los inferiores só aos anjos.

A árvore: meio para provar a obediência dos filhos.
O que é a obediência ao mandamento de Deus? É um bem, porque Deus só exige o bem. O que é a
desobediência? É um mal, porque põe a alma na disposição de rebeldia, oferecendo a satanás um
campo propício para as suas operações.
Eva vai até à árvore, da qual receberia o bem, ao evitá-la, ou o mal, aproximando-se dela. Ela é
arrastada por uma curiosidade infantil que deseja ver o que a árvore tem de especial. É levada pela
imprudência, que lhe faz conceber o mandamento de Deus como inútil, pois se sente forte e pura,
rainha do Éden, no qual tudo lhe obedece, onde nada lhe fará mal. Esta presunção causa sua ruína.
A presunção é um fermento da soberba.
Junto à árvore, ela encontra o sedutor, que se aproveita da sua inexperiência, daquela inexperiência
virgem e bela, tão mal protegida por ela mesma, para cantar-lhe a canção da mentira: “Crês tu que
isso seja um mal? Não. Deus te disse isso porque vos quer conservar escravos do seu poder! Pensais
que sois reis? Nem liberdade tiendes, como a têm os animais. Pois aos animais foi concedido que se
amem com verdadeiro amor. Mas a vós, não. Ao animal foi concedido tornar-se criador, como
Deus. Ele gerará filhos e verá crescer sua família, à vontade. A vós, porém, é negada essa alegria.
Porque, então, ser homem ou mulher, se tendes que viver desse modo? Sede deuses! Não sabeis que
alegria é estarem ambos numa só carne, para que dessa união se crie uma terceira criatura, e depois
muitas outras criaturas? Não acrediteis na promessa de Deus de que tereis alegria em vossos
descendentes, vendo os vossos filhos criarem novas famílias, deixando pai e mãe, por causa delas.
Deus vos deu apenas uma sombra de vida: a verdadeira vida é conhecer as suas leis. Então, sim,
sereis semelhantes a deuses e podereis dizer a Deus: ‘Somos iguais a ti’ ”.
E a sedução continuou, porque não houve vontade de acabar com ela, pelo contrário, houve vontade
de continuar conhecendo o que não era lícito ao homem conhecer. É aí que a árvore proibida se
torna realmente mortífera para a raça humana, pois dos seus ramos está o fruto da amarga sabedoria,
que vem de satanás. A mulher se torna fêmea e, com o fermento do conhecimento satánico no
coração,
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corrompe o companheiro, Adão. Aviltada, pois, a carne, corrompida a moral, degradado o
espírito, eles passaram a conhecer a dor e a morte do espírito, sem a graça, e morte da carne,
sem a imortalidade. A ferida de Eva gerou o sofrimento, que não se aplacará, enquanto não
se extinguir a vida do último casal, sobre a terra.

Eu percorri, de modo regressivo, os caminhos daqueles dois pecadores.
Obedeci. Obedeci de todos os modos. Deus me pediu que eu permanecesse virgem. Eu
obedeci. Tendo amado a virgindade, que me tornava pura como a primeira das mulheres,
antes de conhecer satanás, Deus me pediu que fosse esposa. Eu obedeci, colocando o
matrimônio naquele primeiro grau de pureza conforme o pensamento de Deus, quando criou
o primeiro homem e mulher. Convicta de que estava destinada à solidão no matrimônio, a ser
desprezada pelos outros, pela minha esterilidade voluntária, Deus me pedia para me tornar
mãe. Eu obedeci. Eu acreditei que seria possível e que aquela palavra tinha vindo de Deus,
pois, ao ouvi-la, difundiu-se em mim uma grande paz. Não fiquei pensando: “Eu mereci isto”.
Não fiquei dizendo a mim mesma: “Agora, o mundo vai me admirar, pois sou semelhante a
Deus, criando a carne de Deus”. Não. Eu me aniquilei na humildade.
A alegria brotou-me do coração, como um pedúnculo de roseira florida. Mas esta viu-se bem
depressa ornada com agudos espinhos, apertada no emaranhado da dor, como aqueles ramos que
ficam enrolados por alguma trepadeira. A dor pela dor do esposo: eis a angústia na minha alegria. A
dor pela dor do meu Filho: eis o espinho na minha alegria.
Eva quis o gozo, o triunfo, a liberdade. Eu aceitei a dor, o aniquilamento, a escravidão. Renunciei à
minha vida tranqüila, ao amor do meu esposo, à minha própria liberdade. Não conservei nada para
mim. Fiz-me a serva de Deus na carne, na moral, no espírito, confiando-me a Ele, não só para a
concepção virginal, mas para a defesa de minha honra, para a consolação do esposo, para o meio

com o qual ele pudesse entender a purificação do matrimônio, de tal modo a fazer de nós dois os
que haveriam de restituir a dignidade perdida ao homem e à mulher.

Abracei a vontade do Senhor, por mim mesma, pelo esposo e por meu Filho. Eu disse
“sim” pelos três, certa de que Deus não teria faltado com sua palavra, quando prometeu me socorrer
na minha dor de esposa, que está sendo julgada culpada, de mãe que gera um Filho para entregá-Lo
à dor.

Eu disse sim, e basta. Aquele “sim” anulou o “não” de Eva ao mandamento de Deus.
“Sim, Senhor, como quiseres. Conhecerei o que Tu queres. Viverei como Tu queres.
Alegrar-me-ei, se Tu quiseres. Sofrerei o que Tu quiseres. Sim, sempre sim, meu Senhor,
desde o momento em que o Teu raio me fez mãe, até o momento em que me chamaste para
Ti. Sempre sim. Todas as vozes da carne, todas as paixões da moral, sob o peso deste meu
perpétuo sim. Acima, como num pedestal de diamante, o meu espírito, ao qual faltam asas
para voar a Ti, mas que é senhor de todo o eu domado, servo teu. Serva na alegria, serva na
dor. Sorri, ó meu Deus! Sé feliz! A culpa foi vencida, excluída, destruída. Ela, agora sob o
meu calcanhar, está lavada em meu pranto, destruída pela minha obediência. De meu ventre
nascerá a árvore nova, que há de ter em si o Fruto, que conhecerá todo o Mal, por tê-lo
padecido em Si, e que doará todo o Bem. Os homens poderão ir a Ele. Eu me darei por feliz,
se eles colherem desse fruto, ainda que não se lembrem que este fruto está nascendo de mim.
Contanto que o homem se salve, e que Deus seja amado, que se faça desta tua serva o que se
faz do solo sobre o qual surge uma árvore: um degrau para subir”.

Maria, é preciso saber sempre ser degrau, para que os outros subam para Deus. Se nos
pisam, não faz mal. Contanto que consigam chegar à Cruz. É a nova árvore que tem o fruto do
conhecimento do Bem e do Mal, pois diz ao homem o que é um e outro, a fim de que ele saiba
escolher e viver. Esta árvore também tornar-se-a licor que cura os intoxicados do mal que quiseram
saborear. O nosso coração esteja sob os pés dos homens, contanto que o número dos redimidos
cresça, e que o Sangue do meu Jesus não seja derramado sem fruto. Eis a sorte das servas do
Senhor. Depois mereceremos receber no ventre a Hóstia santa e, aos pés da Cruz, impregnada pelo
Seu Sangue e pelo nosso pranto, dizer: “Eis aqui, ó Pai, a Hóstia imaculada, que te oferecemos pela
salvação do mundo. Olha para nós, ó Pai, unidas com ela e pelos seus merecimentos infinitos, dá-
nos a tua bênção”.

Eu te dou minhas carícias. Repousa, minha filha. O Senhor está contigo”.

Jesus diz:
“A palavra de minha mãe deveria dissipar toda e qualquer titubeação de pensamento, até mesmo
dos mais bloqueados com relação ás fórmulas.

[…].

Eu chamei antes de “árvore metafórica”. Agora vou chamar de “árvore simbólica”.
Talvez compreendais melhor. O símbolo é claro: assim como os dois filhos de Deus
procederam a respeito desta árvore, se entende como estava neles a tendência para o Bem ou
para o Mal. Como a água régia prova o ouro, a balança do ourives pesa os quilates de ouro,
aquela árvore tinha assumido uma “missão” pela ordem de Deus a seu respeito, dando a
medida de pureza do metal que era Adão e Eva.

Estou já ouvindo a vossa objeção: “Não foi rigorosa demais a condenação, e
pueril o meio usado para condená-los?”.
Não foi. Uma vossa desobediência hoje, que sois os herdeiros de Adão e Eva, é menos grave do que
a deles. Vós fostes redimidos por Mim. Mas o veneno de satanás continua sempre pronto a se
reerguer, como certas doenças que nunca saem totalmente do sangue. Os dois progenitores eram
possuidores da graça, sem nunca terem sido nem tocados pela desgraça. Por isso eram mais fortes,
mais amparados pela graça, que gerava neles inocência e amor. O dom que Deus lhes havia dado

era infinito. A queda deles, portanto, foi bem mais grave, não obstante aquele dom.
O fruto oferecido e comido também é simbólico. Era o fruto de uma
experiência que se quis fazer contra a ordem de Deus, por instigação satánica. Eu não havia
proibido o amor aos homens. Queria unicamente que se amassem sem malícia; como Eu os
amava com a minha santidade. Eles deviam amar-se na santidade de afetos, sem sujarem-se
com a luxúria.
Não se há de esquecer que a graça é luz e quem a possui conhece o que é útil e bom.
Aquela que é cheia de graça conheceu tudo, porque a Sabedoria a instruía. A sabedoria é graça, e
ela soube guiar-se santamente. Eva conhecia o que lhe era bom conhecer. Não mais do que isso,
porque é inútil conhecer o que não é bom. Não teve fé nas palavras de Deus e não foi fiel à sua
promessa de obediência. Acreditou em satanás, infringiu a promessa, quis saber o que não é bom e
o amou sem remorso, fazendo com que o amor, que Eu lhe tinha dado como algo santo, se
corrompesse, se aviltasse. Anjo decaído, rolou na lama e no esterco, enquanto poderia correr feliz
entre as flores do Paraíso terrestre, vendo florescer a prole ao redor de si, assim como uma árvore
que se cobre de flores, sem precisar curvar sua copa sobre o brejo.

Não fiqueis como os meninos tolos de que Eu falo no Evangelho* os quais ouviram cantar, e taparam os ouvidos, ouviram tocar e não dançaram, ouviram
chorar, e quiseram rir. Não sejais mesquinhos, não sejais negadores. Aceitai, aceitai a Luz
sem malícia e teimosia, sem ironia e incredulidade. A respeito deste assunto, basta por
enquanto.

Para fazer-vos compreender o quanto deveis ser gratos Àquele que morreu
para elevar-vos ao céu e vencer a concupiscência de satanás, neste tempo de preparação para
a Páscoa, Eu vos quis falar do primeiro elo da corrente com que o Verbo do Pai foi arrastado
à morte, do Cordeiro Divino no matadouro. Eu vos quis falar disso, porque agora noventa
por cento entre vós é semelhante à Eva, intoxicada pelo hálito, pela palavra de lúcifer, e não
viveis para amar – vos, mas para saciar-vos de sensualidade, não viveis para o Céu, mas para a
lama, não sois criaturas dotadas de alma e de razão, mas cães sem alma e sem razão. Vós já
matastes a alma; já depravastes a razão. Em verdade, vos digo que os animais irracionais
estão acima de vós, na honestidade dos seus amores”.

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