O sinal de que a Divina Vontade reina na alma, é sentir a necessidade de amá-lo incessantemente. O grande mal de não operar o bem no Querer Divino. A pequena chaminha alimentada pela grande luz de Deus.

Jesus disse no Livro do céu
O sinal de que a Divina Vontade reina na alma, é sentir a necessidade de amá-lo incessantemente. O grande mal de não operar o bem no Querer Divino. A pequena chaminha alimentada pela grande luz de Deus.
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Volume 36

12
36-4
Abril 25, 1938

O sinal de que a Divina Vontade reina na alma, é sentir a necessidade de amá-lo
incessantemente. O grande mal de não operar o bem no Querer Divino. A pequena chaminha alimentada pela grande luz de Deus.

(1) Minha pobre mente corre, voa no Fiat Divino, e se isto não o faço sinto-me inquieta, sem força,
sem alimento, sem ar para respirar, sinto-me sem pés para caminhar, sem mãos para agir, sem
coração para amar, e por isso sinto a necessidade de correr em seu Querer para encontrar seus
atos, para formar-me com eles pés que corram, mãos que abracem tudo e que operem, amor sem
coração que tome o amor do Eterno para não cessar jamais de amar. Mas, enquanto pensava em
tantos disparates, o meu sempre amável Jesus repetindo a sua breve visita, regozijando-se com os
meus disparates, todo amor me disse:

(2) “Minha bendita filha, não te admires dos teus desatinos, é precisamente isto que acontece.
Quem vive em minha Vontade deixa seu ser e sua vontade, e entrando na minha se serve de
nossas obras para formar os novos membros que são necessários para viver n’Ela, por isso
adquire novos passos, novos movimentos, novo amor, para poder identificar-se e fundir-se com
nossas obras e fazer o que fazemos Nós. Por isso, o sinal mais certo de que minha Vontade Divina
reina e domina na alma, é o movimento contínuo do amor. Agora, a criatura sabendo que não tem
um amor que jamais cessa, nem obras múltiplas para dá-las para me amar, o que faz? Entra nos
intermináveis recintos de meu Querer, vê o grande teatro da Criação, a suntuosidade e a
magnificência do amor do qual estão investidas nossas obras, e corre de uma obra nossa a outra e
vai recolhendo todo nosso amor que temos espalhado em toda a Criação, coloca-o no seu colo e
vem diante de nossa majestade para nos dar as tantas variedades distintas de amor que pusemos
no criado, e faz ressoar suas notas de amor nas múltiplas notas de amor de nosso amor criante, e
oh, os contentamentos que nos dá, as festas que nos abre entre o Céu e a terra, os mares de amor
com que circunda nosso trono! Logo, depois de nos ter feito a festa de toda a Criação, para nos
amar mais e com duplicado amor, desce de nosso trono e vai espalhando de novo sobre todas as
coisas criadas nosso duplicado amor, e com a potência de nossa Vontade que tem em seu poder,
faz-nos dizer por todos: ‘Amor, amor ao nosso Criador’. A quem vive em nossa Vontade podemos
chamar nossa festa contínua, o desabafo de nosso amor”.

(3) Depois acrescentou com acento doloroso:
(4) “Minha filha, como desce no baixo da criatura quando não vive em nossa Vontade! E ainda que
fizesse o bem, como lhe falta a luz da minha Vontade, a força da nossa santidade, o bem que faz
fica coberto de fumaça que cega a vista e produz estima própria, vanglória, amor de si mesmo;
pode-se dizer que fica envenenada, de modo que não pode produzir um grande bem, nem para si
nem para os demais. Pobres obras boas sem minha Vontade, são como sinos sem som, como
metais sem a imagem do rei, que não têm valor de moedas; estas obras no máximo se convertem
em satisfação própria, e eu que muito amo as criaturas sou obrigado muitas vezes a amargar o
bem que fazem, a fim de que entrem em si mesmas e tratem de agir reta e santamente.

Ao contrário, para quem vive em nosso Querer, não há perigo de que a fumaça da própria estima
entre, mesmo nas obras maiores que possa fazer, pois esta criatura é a pequena chaminha
alimentada pela grande luz que é Deus, e a luz sabe-se desembaraçar das trevas das paixões, da
fumaça da própria estima, e como é luz, a criatura sabe que em tudo o que faz de bem é Deus que
opera em seu próprio nada, e se este nada não está vazio de tudo o que não pertence a Deus,
Deus não desce no baixo de seu próprio nada para fazer grandes obras, dignas d’Ele. Assim que
em nosso Querer nem sequer a humildade entra, mas sim somente o próprio nada, reconhecer que
se é nada e que tudo o que entra de bem nela não é outra coisa que o agir Divino; e então
acontece que Deus é o portador do nada, e o nada é o portador de Deus. Por isso em meu Querer
todas as coisas mudam para a criatura, ela não é outra coisa que a pequena luz, que deve receber
por quanto possa, a grande luz de meu Fiat, de modo que não faz outra coisa que alimentar-se de
luz, de amor, de bondade, de santidade divina, que honra ser alimentada por Deus! Portanto, não é
de admirar que sendo a criatura a pequena chama, Deus se alimente dela”.

(5) Depois acrescentou: “Além do amor incessante, há outro sinal para saber se a alma vive em
meu Querer, e se Este reina nela, e este sinal é a imutabilidade; não mudar jamais do bem ao mal
é só de Deus, um caráter firme, constante, não ser fácil para mudar ação, que só uma paciência
divina pode ter, a constância de fazer sempre um ato sem cansar-se jamais, sem jamais sentir
aborrecimento, desagrado, é só de Deus. Agora, quem vive em nosso Fiat sente sua imutabilidade,
e se sente investido por tal firmeza, que não trocaria ação nem pelo Céu nem pela terra, contentar-
se-ia com morrer antes que deixar de fazer, e repetir continuamente o que está fazendo, muito
mais do que o que se faz com ânimo firme, sem jamais se mudar, teve por princípio a Deus, e
portanto sente a Deus em seu ato, e conforme repete o ato o sente correr em seu ato, e o próprio
Deus anima sua ação. Como pode deixar de repetir o que começou juntamente com o nosso Ser
Supremo? Deveria sair de nossa Vontade para transformar ação; Ela quando age não muda
jamais, e assim volta a quem vive em seu Querer, e oh! como se distingue logo quem não vive
minha Vontade, hoje quer fazer uma coisa, amanhã alguma outra; uma vez lhe agrada fazer um
sacrifício, em outra ocasião lhe foge. Não se pode confiar nela, é sempre uma cana que se move
ao sopro dos ventos de suas paixões.

A mutabilidade da vontade humana é tanta, que chega a
converter a criatura no ridículo de si mesma, e talvez também dos mesmos demônios. Eis por que
chamo a criatura a viver em nosso Querer, para que seja sustentada e reforçada por Ele, e assim
possa fazer honra a nossa obra criadora, porque só o homem é volúvel, enquanto todas as nossas
outras obras não se mudam jamais, o céu está sempre fixo, nunca se cansa de estar distendido; o
sol faz sempre seu curso, não muda jamais sua ação de dar sua luz para o bem de toda a terra; o
ar está sempre em ato de fazer-se respirar, todas as coisas, tal como foram criadas por Nós, assim
se mantêm, e fazem sempre a mesma ação, só o homem ao não querer viver em nosso Querer
Divino, desce dos modos de seu Criador e não sabe conduzir a término suas obras, portanto não
as sabe amar, nem apreciar, nem receber o mérito de suas obras”.

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