Os Chamados de Jesus
Você que lê estas linhas, talvez Jesus ja tenha batido à sua porta algumas vezes, você pode ter tido uma experiência com ele, ou até anos de caminhada mas desta vez, quando Jesus bateu à porta pra falar da Divina Vontade foi mais que especial, não foi?
Vou dar um pequeno salto no tempo, sobre a minha caminhada com Jesus, para que eu possa trazer à luz um outro ponto:
Os chamados de Jesus.
No livro da Vida íntima de Jesus, Ele nos fala dos suaves convites que Ele constantemente envia às almas, e que Ele quer se deixar encontrar, basta apenas que por livre arbítrio, você sinceramente o peça.
Na meditação das horas da Paixão – de Luisa Piccarreta – também vemos estes doces apelos do Senhor, especialmente nas horas mais difíceis; Jesus o tempo todo decide amar e amar o gênero humano.
Sem fugir do tema, abro um parêntesis aqui nesta narrativa para contrapor um ponto que me foi levantado recentemente. Disseram-me que ler sobre a vida dos santos é bom para nos ajudar na caminhada, mas que não deveríamos nos ater muito a este ponto, para não tirar o brilho de Jesus. Isso imediatamente me incomodou. Jamais um santo tiraria o brilho de Jesus, ou o foco, ou seja lá o que for. Estes escrúpulos são de quem nunca mergulhou na Paixão, não conhece verdadeiramente Jesus Cristo. Não há nada que se assemelhe a Seu amor, portanto a vida dos santos é um grão de areia, próximo à entrega de Jesus. E o que é o santo, sem o Cristo? Não haveria como separar as 2 coisas.
E alguém ainda poderia lhe dizer: “Você fala muito de Luisa e pouco de Jesus”. E eu respondo a você leitor, que o diário de Luisa é Jesus, só Jesus. É Ele quem ensina em todos os livros.
Diga-se de passagem, Luísa é uma moça -depois senhora – impossibilitada de se mover da cama, na posição sentada praticamente todo o tempo, de doença não conhecida pela medicina. Não operou por ‘via física’ absolutamente nada. Nao visitou leprosos como São Francisco, não operou curas e milagres nos visitantes como São Padre Pio, não desbravou mares catequisando índios como S. José de Anchieta. Uma senhora acamada, semi-analfabeta que ficava boa parte do dia em êxtases, sendo visitada por Jesus e Maria.
E não posso deixar de lado o semi-analfabetismo de Luisa, que é uma das coisas mais incríveis. Em algumas passagens, ela narra que Jesus lhe explicava muitas coisas sem abrir e fechar os lábios, mas ela, ao olhar para uma luz que lhe saía de Sua fronte, compreendia tudo o que Jesus precisava lhe comunicar. E aí vem a parte mais interessante, pois ela tinha por obediência a seu confessor, narrar tudo o que se passava entre ela e Jesus, e Luísa simplesmente não conseguia expor com clareza, se esforçava muito para dar vazão a tudo o que lhe foi explicado. Inclusíve sentimos isso na narrativa, mesmo com as dificuldades de tradução, fica nítida a dificuldade dela em transcrever tudo. Mas ao ler, é fácil afirmar que tal conhecimento não poderia ter partido de uma mente humana, por mais inteligente que pudesse ser.
Claro que para Luísa ou qualquer ser humano, os ensinamentos que Jesus transmitia seriam difíceis de transcrever. Mas Jesus a escolheu. Era ela pequena e primeira filha da Divina Vontade.
E sinceramente, é a maior das confirmações para os filhos da Divina Vontade. Daqui dificilmente sairão doutores, sábios e filósofos.
Os filhos mais santos da Divina Vontade serão os de boa vontade, simples, humildes e os que mais quiserem se sacrificar pelo Dom.
Para os doutores, talvez este conhecimento fique ofuscado, ou como Jesus fala a Luísa, eclipsado, de forma a não conseguirem enxergar por si próprios.
Bom, cheguei exatamente onde eu queria: os que não conseguem enxergar por si próprios os chamados de Jesus.
Assim que eu comecei a descobrir a Divina Vontade, fique numa alegria jamais atingida. Era uma doce ‘Graça Atual’ que Jesus me manifestou, me dando a sensibilidade diante de tanto conhecimento. Eu me emocionava com trechos da Paixão, com trechos da Vida íntima (todo mundo deveria conhecer esse livro), a lágrima corria solta ouvindo o evangelho como me foi revelado de Maria Valtorta e exultava de Alegria com o livro do céu.
Diante deste estado de graça que só Jesus poderia me permitir sentir, a euforia me fez querer levar aos meus amigos de caminhada, todos esses trechos. Postava cada coisinha que me tocava. Queria para eles a mesma alegria que eu sentia. Talvez na minha inocência, tenha dado a entender que eles ‘não estariam bebendo das fontes’, e só eu teria água para lhes dar.
É claro que não se tratava disso, mas eu estava correndo o risco desta interpretação.
Valia a pena o risco, valia a pena ser mal interpretada. Era por Jesus e era por amor a eles.
Bom, como eu disse anteriormente, ao postar cada trechinho não recebia retorno, não se falava nada. Um silencio ensurdecedor no aplicativo mais barulhento do mundo. Horas se passavam, nenhuma palavra fazia efeito.
Confesso sinceramente que me perdi neste intuito. Não sabia me controlar, agia como criança a cada fato novo, a cada nova história. Porque comigo foi o ‘pacote completo’, veio tudo à tona, eu estava inebriada de amor pelos escritos, pelas profecias, pelos ensinamentos. Tudo estava claro como o dia.
Costumo comparar com a seguinte metáfora: É como se Jesus tivesse me enviado para um deserto e me conduzido até uma caverna bem escura. Parou e me mandou entrar sozinha. Quando cheguei no final da caverna encontrei tesouros: ouro e pedras preciosas – como um filme hollywoodiano. Ao ver aquilo tudo, toda deslumbrada, percebi que minha sacola era pequena demais para sair com tanta coisa. Fui para a porta da caverna e fiquei ali chamando quem estivesse passando: “Aqui tem ouro, jóias, entre! Pegue sua sacola, leve o quanto quiser”. Mas as pessoas não me levavam em conta, não acreditavam que existia tesouro lá e optavam por não se arriscar a entrar.
Assim foram meus doces chamados, e tais como os de Jesus, quase ninguém atendeu a eles.
Lamentei sinceramente por um bom tempo esta triste realidade. Me senti tão sozinha, e Jesus me fez perceber que se eu me sentia assim, imagine o quanto Ele não está o tempo todo recebendo essas negativas. Seus doces chamados são muito ignorados por todo o mundo. Mas Ele que é todo Amor e Misericórdia, nunca se cansa de enviar seus convites amorosos.
No caso dos meus amigos de caminhada, graças a Deus todos são muito cheios da graça de Deus, são muito dedicados, amorosos e têm um bom testemunho de vida. Talvez por isso mesmo eu tenha acreditado que o chamado a Viver na Divina Vontade fosse para eles também.
Bom, e como esta história termina?
Jesus me mandou uma resposta a esta situação recentemente, através de uma leitura. Ele diz que se plantei, devo sentar e esperar. Ele é quem traz a chuva que revolve a terra e faz germinar a semente. Ainda não é tempo de colheita. Agora é tempo de plantio.
Assim, para você que teve paciência de chegar até o fim deste texto, lhe digo:
Não desista, semeie em todo o lugar que você passar. Seja gentil, amorosa, não imponha nada. Jesus é nosso exemplo de semeador: nunca forçou nenhuma situação, um cordeiro manso e humilde. Depois, senta e espera.
Os teus doces chamados são os chamados de Jesus.
Ligia Toscano M. Fernandes
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