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Abril 15, 1938
Quem vive em nosso Querer Divino, conforme respira, move-se no Fiat, toda a corte celestial
sente em si o respiro, o movimento dela, e a virtude conquistante e felicitante da qual é
portadora. Condições dolorosas nas quais se encontra a Divina Vontade quando é rejeitada.
(1) Minha pobre mente corre, voa no Querer Divino como a seu centro para descansar, para deixar
seus trapos e tomar em troca os vestidos de sua luz, seu respiro, seu batimento, seu movimento
que se move em todos e em tudo, e que dá vida a todos e a tudo. Agora, enquanto nadava no mar
das alegrias do Fiat Divino, o meu sempre amável Jesus fazendo-me a sua breve visita, com um
amor indizível me disse:
(2) “Minha pequena filha de meu Querer, como é belo viver em minha Vontade, assim que a alma
entra n’Ela, respira com nosso respiro, bate com nosso batimento, se move em nosso movimento,
se põe em comunhão com todos e faz o que fazem os anjos, os santos, e todas as coisas criadas,
e faz todos fazerem o que ela faz. As maravilhas que há em nosso Querer são surpreendentes, as
cenas são tão comovedoras, que põem a todos atentos para desfrutar-se cenas tão singulares,
pelas quais ficam arrebatados, e quem sabe o que fariam com tal de ser espectadores e gozar
cenas tão deleitáveis de quem vive em nosso Querer?
(3) Agora, você deve saber que assim que a alma entra em nosso Querer, respira, bate e se move
em nosso movimento, mas sua respiração, batimento e movimento não os perde, nem se separam
dos nossos; e como nossa Vontade se encontra por toda parte e circula mais que respiro,
batimento e movimento de todos, o que está acontecendo? Acontece que os anjos e santos, nossa
própria Divindade, a Criação toda, sentem junto com minha Vontade o respiro, o batimento da
criatura neles, e a sentem mover-se em seu movimento, até no centro de suas almas; este
movimento da criatura feito em meu Querer está cheio de felicidade, de alegrias indizíveis e novas,
das quais a alma peregirna, não gozando mas sofrendo e conquistando com seu livre arbítrio, é
portadora para cada um dos bem-aventurados só ao respirar, bater ou mover-se. E na plenitude da
alegria da qual a alma é portadora, da qual o meu Querer não separa jamais suas sempre novas
alegrias, mesmo do respiro feito em sua Vontade, e como está o livre arbítrio que forma o ato
conquistador da criatura, põe o seu novo gosto sedutor neles, e oh! como são felicitados todos os
bem-aventurados, nossa própria Divindade e a Criação toda, e em seu ênfase de amor e na
plenitude da alegria dizem: ‘Quem é aquele que respira, pulsa e se move em nós? Quem é aquele
que da terra nos traz o ato conquistador das puras alegrias e do novo amor, o que não temos no
Céu e que tanto nos felicita e aumenta nosso amor por quem tanto nos ama?’
E todos em coro dizem: ‘Ah, é uma alma que vive na Divina Vontade sobre a terra!’ Que prodígios, que maravilhas,
que cenas tão encantadoras, um respiro que respira em todos, até em seu Criador, que se move
em todos, até no céu, nas estrelas, no sol, no ar, no vento, no mar, que toma tudo em um punho
em seu próprio movimento e dá a Deus amor, adoração, tudo o que cada um deveria e que não dá
e não deu, e dá a todos a seu Deus, seu amor, sua Vontade! A criatura se faz portadora de tudo a
Deus, e de Deus a todos. E ainda que nenhuma criatura nos tome, Nós ficamos igualmente
amados e glorificados, porque um ato, um movimento em nossa Vontade, é tanta sua plenitude,
que as criaturas e tudo ficam como tantas gotas de água de frente a um imenso mar, como tantas
pequenas chaminhas ante a grande luz do sol. Por isso, este movimento, respiro e batimento da
criatura em nossa Vontade, superabunda sobretudo, abraça a eternidade, neles se formam sóis e
mares extensíssimos que tudo podem nos dar, e se outros atos da criatura não são feitos em
minha Vontade, ficam tão pequenos como se não existissem. Oh minha vontade, como é
admirável, potente e amável! A criatura em Ti tudo nos pode dar, e tudo podemos dar-lhe, ela
cobre tudo e a todos com a tua luz, faz surgir o amor e dá-nos amor por todos, podemos dizer que
é a verdadeira reparadora, porque quando as criaturas nos ofendem, encontramos que em seu
amor pode nos esconder para nos amar, em sua luz para nos defender, e por caminhos de luz pôr
em fuga aqueles que nos querem ofender. Por isso, o que mais te importa é viver em nosso
Querer”.
(4) Depois acrescentou: “Minha filha, é tanto o amor por quem vive em nossa Vontade Divina, pois
conforme respira nos dá tudo o que temos feito: a Criação, os anjos, os santos, nosso mesmo Ser
Supremo, como homenagem, amor e glória nossa. E Nós, tomados por tal excesso de amor,
damos novamente a ela o que nos deu, assim que respira dá a Nós o que somos, e assim que
retira o fôlego, Nós lhe damos novamente o que nos foi dado, por isso estamos em relações
contínuas e trocamos dons contínuos. Com isto mantemos em contínuo vigor o amor, a
inseparabilidade, de não podermos nos separar um do outro e sentimos tal complacência que lhe
damos o que quer”.
(5) Mas enquanto me sentia imersa no Querer Divino, um pensamento me atormentava acerca de
meu pobre estado, o ter que sucumbir a uma espécie de morte cada noite, e já por cerca de
cinquenta anos ou mais, e além disso ter necessidade dos demais para sair desse estado. Meu
Deus, sinto uma pena que só Tu sabes quanto me custa, e só o temor de te desagradar e de não
cumprir tua Vontade me faz seguir adiante, de outra maneira quem sabe o que faria para não me
submeter. E o meu doce Jesus correu para mim, e, apertando-me fortemente nos seus braços,
disse-me:
(6) “Minha filha boa, ânimo, não te fiques tão aflita, Eu não quero que fiques. É o teu Jesus que
quer este teu estado tão doloroso. Este sucumbir como se perdesse a vida o sofro Eu junto contigo,
e o verdadeiro amor não sabe negar nada a quem ama. Além disso, este teu estado tão doloroso,
como se perdesses a vida, era necessário e querido por minha Divina Vontade, pois quis encontrar
em ti a reparação, a correspondência por tantas mortes que lhe fazem sofrer as criaturas quando a
rejeitam, não dando-lhe vida nelas. Seu submeter-se por tanto tempo a esta pena de morte,
ressarcia a minha Divina Vontade das tantas mortes sofridas, a chamava a beijar a humana
vontade para reconciliar-se mutuamente, e por isso pude falar tanto de minha Vontade para fazê-la
conhecer, e assim pudesse reinar, porque tinha quem me correspondesse e me ressarcisse as
tantas Vidas minhas, perdidas para elas, e para Mim rejeitadas, como sufocando-as na luz
inacessível de minha Vontade. Porque tu deves saber que em tudo o que a criatura faz, minha
Vontade corre para dar e formar uma Vida sua nela, e não recebendo-a, esta minha Vida morre
para a criatura, e te parece pouco?
Oh, quão grande é minha dor ao ver tantas Vidas Divinas
minhas mortas para as criaturas! Por isso era necessário encontrar quem, de algum modo, me
ressarcisse, para voltar à tentativa de formar minha Vida nelas. Minha Vontade se encontra nas
condições de uma pobre mãe que está por dar à luz seu parto já maduro, e se impede que saia à
luz, sufocando-o no próprio seio; pobre mãe, sente morrer o parto em suas próprias entranhas, e
ela pela dor morre junto! Assim é minha Vontade, Ela sente em Si tantos partos de Vidas Divinas já
maduras, que quer tirá-las para dá-las às criaturas, mas enquanto quer tirá-las, sente-as sufocar no
próprio seio, e o parto morre para Ela, e enquanto morre o parto morre também Ela, porque sem a
minha Vontade não pode haver verdadeira vida de santidade, de amor, e de tudo o que pertence à
nossa Vida Divina. Por isso minha filha, acalma-te e não penses mais nisso, se isto fizemos, foi
feito com suma sabedoria, com amor que não podíamos conter, e pela ordem que temos em nosso
modo de agir. Por isso é necessário inclinar a testa e adorar o que Nós dispomos por amor das
criaturas”.
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