Agosto 14, 1932
Quem não vive na Divina Vontade, se encontra nas condições dos ociosos ante a luz do sol. Quem vive nela possui a Santíssima Trindade em ato.
(1) Estava pensando na Divina Vontade e como quem se faz dominar por Ela, dando-lhe o pleno domínio, todos os direitos são seus e tudo o que os demais obtêm por piedade, por misericórdia, por bondade de Deus, ela o obtém por direito: por direito obtém a santidade, porque aquela que a domina é Santa e tem virtude de transformar alma e corpo em santidade, em bondade, em amor, assim que todas as vitórias, as conquistas, os direitos, são seus e como dona toma o Céu por assalto. Que grande diferença entre quem vive na Divina Vontade e entre quem vive de vontade humana! Mas enquanto isso eu pensava, meu adorável Jesus repetindo sua breve visita me disse:
(2) “Filha bendita, a diferença entre uma e outra é grande e incalculável; para quem não vive em minha Vontade, Ela é como o sol para os ociosos, porque os investe com sua luz e os impele com seu calor, eles não fazem nada, nada aprendem e nada ganham, e tornam estéril para eles a luz do sol, e como estão sem fazer nada, cansam-se, aborrecem-se da mesma luz e buscam a escuridão como repouso de sua infeliz ociosidade. Mas, para quem trabalha, a luz é operosa; é luz ao olho para lhe mostrar o que deve fazer; porque, quanto à luz que tem fora, se o seu olho não tem a vida da luz, de nada lhe servirá a luz que a circunda, e se não tem a luz exterior, de nada lhe aproveitará ter a vida da luz em seu olho; minha paterna bondade tem posto tal união entre a luz exterior que pode ter a criatura, e a de seu olho, que uma não pode agir sem a outra; é luz para as mãos se quiser agir, se quiser escrever, se quiser ler, e assim do resto. Assim, a primeira parte que atua na criatura é tomada pela luz, sem ela, seria sem dúvida difícil poder fazer algum bem, e poder ganhar um pedaço de pão para viver. Agora, tal é a luz de minha Vontade para quem não vive Nela, Ela investe e existe para todos, mas não é constante nem dominante no ato da criatura, esta, com toda sua luz permanece ociosa, não aprende nada de divino, nem faz nenhuma conquista, e as coisas mais belas cansam-na e estragam-na. A vontade que quer viver na minha é como o olho cheio de luz, que se torna capaz de unificar-se com a luz da minha Vontade, que, pondo-se de acordo entre elas, fazem e formam trabalhos e obras prodigiosas, capazes de fazer maravilhar Céus e terra. Veja então o que significa viver em minha Vontade: Não estar ocioso, pôr se de acordo com a pequena luz da alma com a luz do Fiat eterno, para convertê-lo constante em seus atos, e assim formar a inseparabilidade entre um e outro”.
(3) Por isso a multidão de pensamentos sobre a Divina Vontade continuava em minha mente, e meu Celestial Jesus adicionou:
(4) “Filha bendita, minha Vontade produz a luz na alma, a luz gera o conhecimento, luz e conhecimento se amam e se geram ao amor. Assim que reina minha Vontade Suprema reina a Trindade Sacrossanta em ato. Nossa Divindade adorável é levada por natureza, em modo irresistível, sem jamais cessar, a gerar continuamente, e o primeiro ato gerador o fazemos em Nós mesmos. O Pai me gera continuamente, e Eu, seu Filho, sinto-me gerado continuamente n’Ele, o Pai Celestial me gera e me ama, Eu sou gerado e o amo, e de um e outro procede o amor. Neste ato generativo que não cessa jamais, encerram-se todos nossos conhecimentos admiráveis, nossos segredos, nossas felicidades, os tempos, nossas disposições, nossa potência e sabedoria, tudo quanto a eternidade encerra, em apenas um ato gerador que forma todo o conjunto do nosso Ser Divino. Por isso, este nosso amor recíproco que forma a Terceira Pessoa de nosso Ente Supremo, inseparável de Nós, parece que não se contenta com nosso ato gerador em Nós, mas quer gerar fora de Nós mesmos, nas almas, e eis que a tarefa a confiamos a nossa Vontade animada por nosso amor, que desça nas almas e vá formar com sua luz nossa geração divina, mas isto pode fazer em quem vive em nosso Querer, fora dele não há lugar para formar nossa Vida Divina, nossa palavra não encontraria o ouvido para fazer-se ouvir, e faltando nossos conhecimentos, o amor não encontraria a substância para gerar, e aqui a nossa Trindade Santíssima desordenada na criatura. Por isso só nossa Vontade é a que pode formar nossa geração divina, por isso seja atenta a escutar o que te quer dizer esta luz, para dar o campo a seu ato gerador”.
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